Daqui há pouco mais de dois meses é Natal. Como a data é considerada como a mais forte para o comércio seguida pelo Dia das Mães, há o aumento pela procura de produtos e presentes. As lojas costumam preparar-se com a contratação temporárias de pessoas para fazerem parte da equipe fixa de trabalho.
Mesmo em período de crise, algumas empresas do setor irão em busca de, pelo menos, mais uma pessoa para integrar a equipe até o final do ano. Roberta Fischer, que atua há 16 anos na loja da família e é gerente há dois anos, já entrou em contato com agências de emprego para indicações de pessoas para serem contratadas de forma temporária. Todo o ano, um vendedor é contratado para atuar em novembro, dezembro e janeiro.
Conforme o empenho e dedicação, o trabalhador passa a ser efetivado. Segundo Roberta, como há a rotatividade de funcionários, esse é um dos fatores que também contribui para a possível efetivação posterior ao período das vendas de Natal. Ela cita que, mesmo com a crise, a comercialização de produtos ocorre, porém com percentuais menores. “Mesmo com a crise, não podemos parar. Continuamos vendendo e negociamos com o fornecedor, caso necessário. As pessoas compram, mas estão mais cautelosas e não fazem longas prestações.”

A gerente de loja que comercializa roupas, calçados e acessórios masculinos e femininos, Mônica Selzer, também observa que, para este ano, haverá uma contratação para o estabelecimento. Entre os motivos, a crise e a equipe que, segundo ela, já está completa. O objetivo é trazer o novo colaborador para a empresa até o final do mês de outubro. “Já estamos em busca de uma pessoa para atuar no período natalino das vendas.
Conforme o rendimento dela, poderá ser efetivada”, destaca Mônica. Em relação às vendas, ela observa que a procura pelos produtos começa na primeira semana de dezembro. A contratação temporária ocorre antes do período para que o novo funcionário se adapte ao ambiente e adquira a prática para os períodos mais movimentados.
“Mesmo com a crise, precisamos seguir e não podemos parar”,Roberta Fischer, gerente de loja
“Precisamos estabilizar nesse período”
Na opinião do coordenador de relacionamento do setor do comércio da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Júlio Glasenapp, a tendência é de que a equipe nas lojas fiquem estabilizadas. “Penso que nem contratar, nem demitir, mas as contratações são de necessidade e realidade de cada empresa, o que também envolve as redes grandes.” Ele, que possui loja de calçados em Venâncio Aires há 15 anos, destaca que há três anos a estabilidade já está sendo percebida nos estabelecimentos. Conforme ele, neste ano, em função dos problemas que envolvem questões políticas e econômicas no país, os consumidores ficam em dúvida. De acordo com Glasenapp, nos anos 90, as pessoas tinham mais confiança, no momento de fazer as compras, pois não havia crise como neste ano.
“Havia mais estabilidade. Hoje, se as pessoas precisam pagar mais tributos, isso tira o dinheiro de giro no comércio e outros setores. No entanto, sabemos que tudo pode mudar até o final do ano.” No entanto, mesmo com o atual cenário, algumas pessoas irão presentear como todo ano. A escolha passa a ser por produtos com custo mais baixo.
Se o cenário em Venâncio Aires, aponta para não mais que uma contratação ou, então, pela opção de manter a equipe atual nas lojas, uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) diz que a queda nas contratações temporárias pode chegar a 2,3%. De acordo com a CNC, um dos segmentos mais afetados é o de móveis e eletrodomésticos, em razão da desvalorização cambial, da alta da inflação e, em especial, do encarecimento do crédito. A retração projetada este ano para as vendas do segmento atinge 16,3%, segundo o economista da Confederação, Fábio Bentes.
O economista citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais o comércio registrou redução das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No fim do ano, a previsão da CNC é queda de 2,9%. Bentes lembrou que os produtos vendidos no Natal têm maior relação com a variação do dólar do que ao longo do ano. é o caso de alimentos importados, brinquedos e até vestuário.
“Mesmo com a crise, sabemos que tudo pode mudar até o final do ano”,Júlio Glasenapp, coordenador de relacionamento da Caciva