Representante da Associação Esportiva e Recreativa de Teresinha (Aert), Danielle Schwertner, 19 anos, é a Garota Teuto-Brasileira de 2023. Ao lado das princesas Ana Carolini Satler, Caroline Beatriz Weiss e Fernanda Negreiros, ela é soberana da 44ª Festa do Colono de Venâncio Aires, evento que ocorre neste fim de semana, em Linha Andréas. Filha de Loira Kist e Daniel José Schwertner, a moradora do 8º Distrito é estudante do curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus Venâncio Aires.
Em entrevista à Folha do Mate, ela destaca o orgulho e a responsabilidade de representar as tradições perpetuadas pelos colonos ao longo de gerações e também o trabalho dedicado dos agricultores. A relação da Garota Teuto-Brasileira com o interior existe desde que nasceu. Ela relembra que a mãe trabalhou na produção de tabaco até o fim da gestação e logo após se recuperar do parto já retornou para a lida na roça.
Entre as lembranças da infância de Danielle estão os muitos momentos em que acompanhava a mãe na lavoura, já que o pai trabalhava fora. Nessas memórias, estão o ‘chiqueirinho’ de madeira que era colocado na beira das carreiras de fumo e os lanches divididos com os cachorros que também eram companheiros daqueles momentos. “Conforme eu fui crescendo, passei a ajudar a trabalhar na produção do tabaco e eu fico muito feliz em poder dizer isso hoje. É um trabalho pesado, não só o tabaco, mas todos tipos de plantio”, ressalta.
“Tenho uma grande paixão pelo interior, onde vivo até hoje e expandi minhas raízes. O lugar onde passei minha infância explorando os seus encantos, as aventuras e momentos de diversão que ele poderia me proporcionar com meus amigos, onde aprendi o verdadeiro valor do colono e as riquezas que o interior pode nos dar.”
DANIELLE SCHWERTNER – Garota Teuto-Brasileira
O que representa para você ser a Garota Teuto-Brasileira?
Ser a Garota Teuto-Brasileira não é apenas vestir a faixa e colocar uma coroa na cabeça. É carregar a responsabilidade de representar um povo trabalhador, que luta diariamente para o sucesso de uma colheita boa, para colocar alimento na mesa, não somente na de sua família, mas na de todos nós. Represento o povo que conserva o interior, que mantém tradições para que sejam levadas de geração em geração. Esse título só me dá mais orgulho de ser do interior, filha de colono, de levar esse título para minha família e minha comunidade. Através dele tenho a oportunidade de demonstrar para outras pessoas, o meu amor e admiração pelo interior. Agora, carrego comigo o nome de todas as comunidades do interior de Venâncio Aires.
Qual a sua relação com o interior de Venâncio?
O interior é a minha casa, o lugar onde tive vivências maravilhosas, onde tive contato desde pequena com os animais, gado, com a terra e a roça. Onde adquiri conhecimento e prática com minha família sobre a produção de tabaco, aipim, feijão, batata, batata-doce, milho, amendoim, frutas e diversas verduras. Participando de almoços, jantas e festas das comunidades. Inclusive participei do concurso Boneca e Piá da Festa, quando tinha 4 anos e ganhei o 1° lugar, com a ajuda da minha família. O interior é o lugar onde aproveitei minha infância da maneira mais divertida, com os animais, nas brincadeiras com meus amigos, fazíamos das árvores e da roça nossas casinhas, fazendo “bolos e docinhos” de terra e folhas e tomando banhos de arroio, privilégios que só o interior pode proporcionar.
Na sua opinião, quais os principais destaques do interior de Venâncio?
Com certeza a produção do tabaco é o maior destaque econômico do interior de Venâncio, pois a maior parte dos colonos opta por esse plantio, por ter um lucro mais elevado e cada ano os produtores procuram ter uma safra maior.
Temos como destaque também o futebol que está por todo o interior de Venâncio, que reúne as pessoas aos finais de semana para assistirem aos jogos e torcerem com amigos e familiares pelo seu time.
Venâncio possui vários pontos turísticos espalhados pelo interior. Entre eles estão a Figueira Centenária, o mirante de Vila Deodoro e de Santa Emília, cafés coloniais, a Cascata Chuveirão, a Chácara do Mel e a Escola do Chimarrão.
Quais os costumes e as tradições do interior mais especiais, perpetuados ao longo de gerações?
O que se destaca com certeza é a Festa do Colono, que celebra e homenageia o colono e o interior. É uma tradição que vem de muitos anos, que acompanho com a minha família. Outro destaque é o carnaval infantil e adulto do interior, que mantém sua tradição até hoje e atrai um público bem grande. É algo que fez parte da minha infância e adolescência. Participei de um bloco durante alguns anos.
Também há os bailes da terceira idade, nos quais os grupos de cada localidade se reúnem quase todos os meses. Isso é uma forma saudável de tirar o pessoal dessa idade de casa, para aproveitar os momentos com outros amigos e conhecidos, dançar e conversar, fazendo eles se sentirem bem. Outro destaque são os bailes dos associados das comunidades, que ocorre todos os anos, com janta e, após, um baile que reúne todos da comunidade e também de outras regiões.
Quais os principais desafios para os agricultores atualmente?
O que mais acaba afetando os colonos em sua safra é o clima. Não temos controle sobre ele e, quando ocorrem tempestades climáticas, ventos e chuvas fortes, acaba deixando rastros de estrago nas plantações e muitas vezes não tem como recuperar. Isso causa um desânimo para o colono, pois todo o seu trabalho duro de semanas e meses acaba sendo destruído em segundos. Mas ele não desiste, pois precisa seguir em frente para ter o que comer e por ser o seu sustento. Outro fator que acaba sendo um desafio para o colono são os preços altos dos insumos, pois dependendo do tamanho da sua safra, não ganham um lucro muito alto, pelo produto acabar perdendo o seu valor em certas épocas.
