Tendo como pontapé inicial o Programa de Aprendizagem Rural, que visa atender a demanda por qualificação dos jovens do campo, o Instituto Crescer Legal busca a erradicação do trabalho infantil. E Venâncio Aires, sendo o município que conta com o maior número de produtores de tabaco, busca ser, junto com mais três municípios do Vale do Rio Pardo, sede de implantação da primeira turma do Programa em 2016.
A primeira ação concreta do Instituto, criado em abril pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas, foi anunciada

ontem durante o lançamento que reuniu sócios fundadores, membros da diretoria, imprensa, autoridades e representantes de entidades relacionadas à temática da região e do estado.
O Programa de Aprendizagem Rural, cujo piloto durará aproximadamente um ano (mínimo de 800 horas), terá atividades práticas e teóricas voltada para os adolescentes. Considerado uma novidade no campo, o programa será estruturado ainda em 2015 e o primeiro piloto, composto de quatro turmas, de cerca de 20 alunos, será promovido em diferentes municípios do Vale do Rio Pardo em 2016.
O piloto servirá como base para alinhar o conteúdo e o formato do curso, visando atender a demanda por qualificação dos jovens do meio rural para administração da propriedade, a sucessão, agregar tecnologia e possibilitar a prática de forma orientada e voltada à aprendizagem.
O Instituto deverá definir ainda os locais, monitores, dias e municípios, a partir de reuniões com representantes de Sindicatos Rurais, Prefeituras, e outros órgãos. “Queremos que os jovens fiquem melhor preparados. Tanto para que, se permanecer no campo, tenha condições de tocar a propriedade, ou mesmo, se buscar realizações na cidade”, destacou Iro Schünke.
O lançamento do Programa deverá acontecer durante o 4º Seminário de Aprendizagem Profissional, no dia 6 de outubro, em Santa Cruz do Sul, durante evento realizado pelo Fórum Gaúcho de Aprendizagem (FOGAP), na Unisc.
Venâncio engajado no Programa
O município que conta com o maior número de produtores de tabaco, tendo em 2014, 3,7mil famílias envolvidas com a produção, assim como outros, ao passar dos anos, teve um avanço em relação a erradicação do trabalho infantil na área rural. De acordo com o censo do IBGE de 2010, em 10 anos (de 2000 a 2010), houve uma queda de 14,61% (2000 = 1882 / 2010 = 1607).
Presente no evento de lançamento do Instituto, o presidente da Amvarp, da Câmara Setorial do Tabaco e prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, destacou a importância do Programa. “Temos que levar em conta a ideia da erradicação do trabalho infantil está consolidada. Foi uma luta de muitos anos, fazer com que todos entendessem que realmente a criança, o adolescente, o jovem tem que estudar, praticar esportes, atividades culturais e o impasse surgiu ao se criar um vácuo, pois culturalmente no campo as crianças trabalhavam. Foi dado um passo importante, tem o apoio do Ministério Público do Trabalho. Eu tive a oportunidade de estar no primeiro encontro, em 1998, em Venâncio Aires, e a partir dali essa ideia se disseminou, e agora estamos vendo uma nova fase surgir e todo mundo na expectativa de que esse projeto dê certo.”
Artus ainda explica que apesar do avanço na erradicação do trabalho infantil, outras ameças devem ser combatidas. “De certo modo em relação ao trabalho infantil na área rural tivemos um avanço muito grande. Mas há o perigo em si, do jovem ter sua trajetória desvirtuada, os atrativos, desde a forma de diversão a oferta de álcool, drogas, enfim, todas estas armadilhas estão muito próximas dele. Se conseguirmos blindar o jovem, não de uma forma por decreto, mas com o entusiasmo dele, por opção, vendo que é uma alternativa legal de poder ser uma pessoa melhor, mais culta, com mais chances de ter sucesso no futuro, provavelmente vamos conseguir vencer essa batalha.”
O prefeito ainda salientou o empenho do Município em ser parceiro do Programa. “Claro que pretendemos que o município não seja só um parceiro, mas seja um local onde a implantação do projeto dê certo. Acredito que Venâncio possa ser uma das sedes em 2016. Se o local não for em Venâncio, participaremos da mesma forma. Vejo que a implantação de um curso desses não é uma decisão vertical, é um projeto que vai se adaptando as circunstâncias e a realidade. Então o sucesso dele só vai ser construído a partir da participação de todos.”