Quem passa pelo Calçadão frequentemente encontra Schwinn entretido com o livrinho de Numerex – uma espécie de palavras-cruzadas com números (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)
Quem passa pelo Calçadão frequentemente encontra Schwinn entretido com o livrinho de Numerex – uma espécie de palavras-cruzadas com números (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Ele é uma figura conhecida por grande parte dos venâncio-airenses. Quase que diariamente, marca presença no Centro da cidade, especialmente no Calçadão, seja com a companhia da bicicleta, do chimarrão ou apenas do livrinho de Numerex – atividade semelhante a palavras-cruzadas, mas com números. Poucas pessoas, no entanto, conhecem a história de vida de Eli Ademar Schwinn, 63 anos.

Conhecido pelo apelido de Charanga ou simplesmente Schwinn, ele é o caçula de oito irmãos.

A história da família começa em Centro Linha Brasil, onde o avô Paulo Schwinn teve o primeiro salão de baile da localidade. “Depois vendeu e se mudou para Marechal Floriano. Meu avô ajudou na construção da Igreja São Sebastião Mártir”, relata.

Já na cidade de Venâncio Aires, o pai, Balduino Schwinn, abriu uma fruteira no Centro e a família vendia bananas que vinham de Torres, além de outros produtos. Na época um ‘piá’, Schwinn, que em casa tinha o apelido de Nico, realizava entregas em bares e supermercados. “Quando ia fazer as entregas a gente tirava as mais maduras, trocava e dava para os pobres”, comenta.

A mãe dele, Ilma Schwinn, percorria a cidade com uma carrocinha de frutas e verduras. “Ela vendia de casa em casa e também na frente das empresas como Dimon e Fumossul”, comenta. A atuação rendeu uma homenagem indicada pela então vereadora Helena de Brito Goulart. “Em 1973 ela deu um diploma de mulher mais trabalhadora de Venâncio para minha mãe”, ressalta, orgulhoso.

Trabalho

Schwinn saiu de Venâncio Aires em 1979, quando o irmão mais velho, Elpídio Schwinn, que era engenheiro, convidou para acompanhá-lo em uma obra no Rio de Janeiro. A partir de então, por mais de uma década, atuou em diversas grandes obras pelo país, como a construção do polo petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, por quatro anos; em Manaus; no polo petroquímico da Bahia; e na construção de uma grande fábrica de papel em Curitiba, no Paraná, onde permaneceu por dois anos.

No retorno para Venâncio Aires, trabalhou em indústrias de tabaco, como Tabasa, Fumossul e Marasca. “Nunca faltei um dia e também não negava serviço. Sempre gostei de trabalhar”, afirma. Na Marasca, a atuação rendeu até o apelido de Magaiver, por ser um faz-tudo, em alusão à série de televisão com o mesmo nome.

Atualmente aposentado, Schwinn faz serviços de limpeza como ‘bicos’. Nas horas livres, é um fiel ouvinte de rádio, acompanha de perto a política e também gosta de estar no Centro da cidade, onde acompanha o movimento. “Converso com todo mundo, gente rica e gente pobre. Acho que sou até mais conhecido que o prefeito”, brinca.

Eli Ademar Schwinn é figura conhecida no Centro de Venâncio Aires (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Vida nova longe do álcool e com a casa própria

Além da história da família, entre os maiores orgulhos de Eli Schwinn está a casa dele, no bairro Battisti, onde reside com cinco cães. A residência própria conquistada em 2013, por meio de projeto habitacional do Município.

Outro grande marco da vida dele foi ter conseguido superar o alcoolismo. Após ter ido para Santa Catarina com um irmão em 2006 e retornar meses depois para Venâncio, Schwinn ficou sem teto e morou na rua por vários anos.

Por vezes, dormia no albergue do município e foi de lá o incentivo para iniciar o tratamento para o alcoolismo. “Entre no início de janeiro de 2010 e fiquei 21 dias internado. Os primeiros dias foram muito difíceis, mas eu aguentei. Nunca mais bebi. Hoje vou nas festas, mas nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca. Minha vida melhorou 100%”, afirma.

Política

• Outra marca da história de Eli Schwinn é o envolvimento com a política, assunto que acompanha de perto. Ao longo dos anos, trabalhou em diversas campanhas eleitorais de candidatos de Venâncio, entre os quais cita o deputado estadual Luis Fernando Staub, o Ratinho, na década de 1980; Jader Ribeiro da Rosa, que concorreu à majoritária em 1988 e 1992; e a campanha de 2012 de Airton Artus para prefeito.

• No ano passado, carregava com orgulho, na bicicleta, a bandeira do candidato Airton Artus à Assembleia Legislativa. “Sempre gostei muito de política. Fui um dos fundadores do PDT em Venâncio, na década de 1980, embora hoje muitos não saibam.” Além disso, ele cita que o pai participou do então PTB de Brizola, na década de 1960.

Juliana Bencke

Editora de Cadernos

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.