A inadimplência é um fator que impede os consumidores de terem créditos nas lojas do comércio e com a crise, a tendência é deste número aumentar se o cliente não se controlar. Em Venâncio Aires, o número de registros de inadimplência no setor é de 17.736. A confirmação é da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva).

De acordo acordo com a gerente administrativa da entidade Lisete Stertz, o número pode ser ainda maior, pois não estão incluídos os dados das redes de lojas. Ao comparar junho e junho deste ano com 2015, ela destaca que a inadimplência no município aumentou em 32%. “As pessoas compram mais e não estão pagando.” Em relação ao número de pessoas, não é possível ter uma estimativa, porque o mesmo consumidor pode ter mais que um registro no Sistema Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

O tempo para inclusão dos clientes no cadastro dos devedores também influencia no índice de endividamento. No município, o registro do débito é, geralmente, realizado em 138 dias. Já em Porto Alegre, o tempo cai para 51 dias. “Quando a pessoa não é logo notificada de sua dívida vai comprando em outros locais. Isso aumenta a possibilidade de endividamento.”

Em cidades do interior, é comum o período mais longo, pelo fato da maioria das pessoas se conhecer e ter confiança nos clientes. Na Capital, a realidade é diferente. Lisete ainda afirma que, quanto mais cedo o cliente for notificado, maiores são as chances da loja receber o valor da compra.

 “é preciso notificar as pessoas sobre suas dívidas o quanto antes, pois assim aumentam as chances das lojas receberem o valor”

Lisete Stertz, gerente administrativa da Caciva

 

“O momento é para comprar o necessário”, diz economista

Como o país vive um momento de crise, a dica para que as pessoas não fiquem inadimplentes é comprar o necessário para o dia a dia. “O momento não é para adquirir supérfluos. é preciso priorizar as coisas. Sabemos que o comércio é afetado, mas paciência, pois a crise passa”, explica o economista Oscar Siqueira. Além disso, ele traz outra recomendação: em caso de dívidas com bancos e empréstimo, a pessoa deve procurar a instituição e renegociar. De acordo com o profissional, assim, é possível esticar as prestações com menores valores. “O juro vai aumentar, mas para a atual situação vai auxiliar, porque vai sobrar dinheiro mais dinheiro para pagar as contas e não ficar inadimplente.”

Siqueira avalia que o número de inadimplentes em Venâncio Aires são altos, em comparação com o número de habitantes que fica em torno de 69 mil. Sobre o aumento de 32% dos devedores em comparação de junho e julho de 2014 com esse ano, ele afirma que é o reflexo da crise que deixa as pessoas sem ação. “A crise pegou todos e há aqueles que não sabem o que fazer.” Segundo Siqueira, além das compras desnecessárias, outro fator que contribui para as dívidas é o aumento de taxas de cartões de créditos, cheque especial e inflação. A desvalorização do câmbio contribui para a alta de preços. “Tudo aumentou, mas o salário não acompanha essa mudança. Quem pagava um tanto de juros no banco, hoje paga o valor dobrado.”

 Uma das dicas para evitar a inadimplência é ir ao banco e renegociar empréstimos. Assim a prestação se torna menor, mas sobre dinheiro para o mês”

Oscar Siqueira, economista

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateNa crise, é preciso gastar com o necessário e frear contas
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