Por muito tempo, as melhores oportunidades de trabalho estavam concentradas nas grandes cidades. Pois bem, chegou a hora da interiorização do desenvolvimento. Nos últimos anos, o setor agropecuário aqueceu a economia brasileira, além de amenizar os efeitos de inúmeras crises político-econômicas. Embora o número de produtores rurais tenha reduzido nas últimas décadas, o setor continua empregando um quarto da população brasileira, seja através de empregos diretos ou indiretos, como, por exemplo, agroindústrias, frigoríficos, entre outros.
O novo rural está conseguindo combinar o avanço tecnológico com geração de emprego e renda. Inúmeras oportunidades, com carteira assinada, sendo criadas pelo interior do país. Os preços agrícolas estão nas alturas, é verdade. E isso auxilia muito, também é verdade.
No entanto, a modernização do campo não é algo de agora. A partir da porteira das fazendas, surgem fortes cadeias produtivas que vem construindo um novo Brasil longe do litoral. Mas nem tudo são flores, temos muita coisa a melhorar.
Os problemas de infraestrutura são reais, com estradas esburacadas e ferrovias quase que inexistentes. Como levar a produção agrícola até os portos sem perder parte da produção? Muito difícil. Sem contar a dificuldade de armazenar grãos em plena safra, sem ficar à mercê de intermediários.
Trazendo um pouco a discussão para os Vales do Rio Taquari e Rio Pardo, onde a agricultura é, na sua grande maioria, de base familiar, temos um outro problema: a necessidade de diversificação da produção. Problema este que pode se tornar uma oportunidade, se bem aproveitado.
O meio rural de hoje não é o mesmo das gerações passadas. A inovação tecnológica do campo impôs certos desafios, como a necessidade de qualificação da mão de obra e busca por constante aprendizado. Além disso, a desigualdade no campo nunca foi tão grande. E sabe o que vem aumentando essa desigualdade? A internet. Ou melhor, a falta de internet: um a cada quatro brasileiros não tem acesso à internet. Um desafio que coloca os mais pobres e os moradores de áreas rurais em desvantagem. Nos dias de hoje, quem não tem acesso à internet está praticamente fora do mercado de trabalho.
Bom, e quais seriam as oportunidades para Venâncio e região? A diversificação da produção é importante, sem dúvidas. Aves e suínos vêm ganhando espaço. Nesse sentido, o Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de proteína animal vem bem a calhar, sem falar da importância das cooperativas da região, como Languiru e Dália. Além disso, parcerias público-privadas com as Universidades da região serão interessantes para qualificar a mão de obra, além de atender as demandas da comunidade local. De modo geral, o agro não pode mais ser considerado uma “atividade primária”, como no passado. Há uma mudança de paradigmas que deve ser considerada, repleta de oportunidades.