A criança, nos seus primeiros anos de vida, passa por toda uma série de experiências que tem por finalidade o gradativo descobrimento do seu corpo. Uma série de fases, como a fase oral, fase anal, a fase genital, no fundo se caracterizam como sendo etapas em que ela realiza um verdadeiro treinamento da sua capacidade de sentir prazer. Elas começam a tocar diretamente os genitais e, dentro das brincadeiras ingênuas e inocentes, a roçar o corpinho em outras pessoas, ou até em objetos, na procura de novas sensações que tragam prazer.
Nesta seqüência chegamos a um outro fato que costuma causar muito constrangimento entre os familiares, especialmente quando misturados com alguns conceitos de cunho religioso ou de um sentimento de culpa dos próprios pais. Refiro-me a masturbação infantil, a qual faz parte da descoberta do prazer e deve ser encarada pelos pais como parte de um desenvolvimento sexual normal da criança ou do adolescente. Estudos mostram que mais de 95% dos meninos e mais de 60% das meninas utilizam este expediente durante a infância e a adolescência. A masturbação realmente tende a ser prejudicial quando a criança for punida e se sentir culpada por esta atividade tão natural. Com isto se terá uma influência muito negativa na sua sexualidade da vida adulta. O resultado virá na forma de homens impotentes ou mulheres “frias” que passam a vivenciar na sua vida sexual adulta um verdadeiro martírio.
Se, entretanto a criança passar a se manipular em público ou obsessivamente, estaremos diante de um sinal de alerta, que pode significar que suas necessidades afetivas não estão sendo supridas adequadamente pelos adultos, ou seja, há falta de carinho da parte dos pais ou responsáveis. Pode, também, estar refletindo uma situação de ansiedade, de tristeza, de perda, de solidão ou de insegurança. Às vezes, pode também ocorrer, quando a criança é vítima de maus tratos ou de abuso sexual.
E os pais, o que devem fazer?
O mais importante é encarar a masturbação com naturalidade. Os pais podem fazer de conta que sabem da sua prática e que isto é apenas uma brincadeira que dá prazer. Quando ocorrem situações constrangedoras, a criança pode ser distraída com outras atividades que despertem sua atenção e curiosidade. Se, porém, os sintomas forem muito marcantes, a melhor solução está na procura de uma avaliação com um psicólogo, para identificar eventuais outros problemas mais complexos e que necessitem de um tratamento urgente.