Mesmo diante de todas as dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, o percentual de inadimplência cresceu apenas 1% neste ano, em relação ao mesmo período de janeiro a agosto do ano passado, quando era de 19%. Neste ano, segundo dados repassados pela Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), o percentual até o momento é de 20%.
Conforme a gerente executiva da entidade, Lisete Stertz, o percentual representa que a cada 100 consultas realizadas, 20 estão com pendências registradas na base de dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Se feito um comparativo com o Rio Grande do Sul é possível visualizar que a média da Capital do Chimarrão é menor do que a estadual, que é de 27,9%.
A estabilização na inadimplência, de acordo com ela, está relacionada ao momento pandêmico que se vive. “Tivemos algum período com as empresas fechadas e depois apenas com o sistema take-away”, justifica.
O número de pessoas inadimplentes ativas no banco de dados do SCPC de Venâncio Aires é de 11.901. No entanto, são 25.493 registros, ou seja, uma pessoa pode ter sido registrada como inadimplente mais de uma vez. O número mostra que aproximadamente 16% da população possui algum débito pendente.
Característica de inadimplência baixa é regional
O economista e professor da Universidade do Vale do Taquari (Univates) Carlos Giasson destaca que é uma característica do Vale do Rio Pardo e Taquari o baixo percentual na inadimplência. Isso está relacionado com a potencialidade econômica da região. “A pandemia trouxe um impacto nos empregos, mas mesmo assim, vagas continuam sendo abertas”, observa.
A oferta de vagas, de acordo com ele, está relacionada com as empresas de diferentes segmentos existentes na região. “Outras regiões do país não possuem essa variedade e acabam por apresentar um percentual maior de inadimplência”, complementa.
Giasson garante que aqueles que conseguiram manter as contas em dia nesse período, conseguiram superar um momento crítico da economia. “É importante destacar que muitas empresas ofereceram a possibilidade de parcelamento ou suspensão, como é o caso das contas de água e luz, por exemplo, no entanto, agora elas precisam ser pagas e as pessoas precisam ter feito a reserva para isso”, ressalta.
O auxílio emergencial liberado pelo Governo Federal também é outro ponto que contribui para o percentual da inadimplência. “Esse recurso que terá um impacto nas contas públicas, está retornando para a economia, ou seja, fazendo com que ela gire”, pontua.
Dica do economista
O profissional Carlos Giasson observa que, além das orientações básicas de pesquisa de preço e pagamentos à vista, as pessoas devem cuidar para não comprometer grande parte da renda com o pagamento de dívidas. Na maioria das vezes, segundo ele, não é a renda que coloca a pessoa como inadimplente, mas a forma como ela usa e administra o dinheiro.
“Questão de renda não influência na inadimplência.”
Carlos Giasson
Economista