Como foram os primeiros dias de atividades presenciais nas Emeis de Venâncio

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Aninhada dentro de um bebê conforto e com a chupeta de lado, Helena, de 5 meses, dormia serenamente na tarde da última quinta-feira, 21, na sala do berçário da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vovô Weber, do bairro Diettrich.

Essa imagem poderia representar bem como foi considerada a primeira semana de retomada das atividades presenciais nas Emeis de Venâncio Aires. Depois de 10 meses, centenas de crianças voltaram a frequentar a escola. Em meio aos cuidados com a higiene e limpeza, e metade dos alunos, o relato é de uma adaptação tranquila das crianças.

Helena, de 5 meses, está matriculada na Emei Vovô Weber (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

“A Helena nem precisou de adaptação e está indo superbem. Claro que temos receios, mas todos estão tomando as medidas e os cuidados necessários”, ponderou Lunara Lehmen, mãe da Helena e do Bernardo, de 5 anos. O menino também estuda na Vovô Weber e começará no dia 1º de fevereiro, na turma do pré-B.

A escolinha do bairro Diettrich foi uma das que reabriu das portas. A semana foi bem silenciosa, ou, como definiu a diretora, com pouco choro. “Todas as crianças estão indo bem, até as novinhas do berçário. Achei que teríamos mais choro. Mas como as turmas estão menores, as professoras conseguem dar aquela atenção especial, individual, e isso é bom”, destacou Diana Malikovski.

Das 109 crianças matriculadas na Vovô Weber, a maioria dos pais informou que levará as crianças. Aos que optarem por ficar em casa, as atividades serão enviadas em papel ou pelo telefone – determinação que vale para todas as escolinhas.

Turmas estão divididas e o grupo que frequentou a primeira semana, voltará para a escola na terceira (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

“Temos estimativa de 86%, em média, de famílias que mandaram os filhos, sendo que em algumas escolas apenas uma criança não compareceu. Pensando que tivemos poucos dias para planejar o retorno, a avaliação inicial é positiva”, destacou o secretário de Educação, Émerson Henrique.

Encaixe

Na Emei Frederico Reinaldo Closs, no bairro União, o cenário também foi de tranquilidade. “Hoje eu nem chorei”, afirmou uma mocinha de incontáveis ‘chucas’ no cabelo enquanto mostrava, orgulhosa, a mochila das princesas ‘da Frozen’. Isabel Rodrigues Weiss, com toda a coragem possível para alguém no auge dos seus 3 anos, foi uma do primeiro grupo de alunos da Closs que voltou para a escola na semana passada.

A menina frequenta a escolinha desde o berçário e agora está no nível 3. “Ela até chorou nos dois primeiros dias, mas tanto tempo longe, era normal de acontecer”, ‘entregou’ a mãe, Carla Rodrigues.

Carla está entre os pais que ainda precisam definir o melhor ‘encaixe’ na rotina das filhos com o ensino híbrido (aula presencial alternada nas semanas).

Atualmente, ela trabalha em uma fumageira e, em 2020, enquanto caixa numa loja, fez o que alguns precisaram fazer: deixar o trabalho para cuidar dos filhos. Agora, na semana que Isabel não vai para a escola devido ao ensino híbrido, a família ainda precisa ver qual a melhor alternativa. “Vamos ver se teremos condições de pagar uma particular ou talvez contar com a ajuda da minha mãe, que mora no interior”, cogitou Carla.

Crianças não precisam usar máscara (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Exigências

  • Com a necessidade de atender a todos os protocolos de saúde, as Emeis precisaram adaptar a rotina. “Além de cada criança trazer sua garrafinha de água e a roupa de cama, precisamos ser criteriosos em outros pontos também, como no horário da chegada, para evitar filas”, explicou a diretora da Emei Mônica, no bairro Gressler, Nadir Pontin.
  • Na entrada das escolas, ocorre a verificação de temperatura e os alunos passam por um totem de álcool gel. Na Mônica, por exemplo, a escola comprou um com a imagem de uma girafa. “Fizemos de tudo para que essa nova rotina seja o mais tranquila e não assuste as crianças.”
  • Nas salas de aula, brinquedos menores foram guardados e permaneceram apenas os maiores, de fácil higienização. Por enquanto, o ‘pula-pula’ da escola está interditado. Quanto às máscaras, a obrigatoriedade é dos profissionais e não das crianças – o que vale para todas as escolas.
Cada criança leva sua garrafinha para água e, para o álcool gel, totens mais ‘atrativos’ (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Maria Cristina e Anelise, da equipe diretiva da Emei Closs, comemoram o retorno (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

“Precisamos do contato”, diz professora

Se para as crianças os primeiros dias têm sido de uma rápida adaptação, para os profissionais os relatos também não são diferentes. Além disso, o discurso se assemelha quando a questão envolve o aprendizado. “Estamos muito contentes em voltar, porque precisamos disso, dessa aproximação. O virtual foi importante ano passado e segue agora, em parte. Mas para acompanhar todas as etapas do desenvolvimento, o contato é importantíssimo”, definiu a vice-diretora da Emei Closs, Maria Cristina Scheibler.

A fala dela foi ao encontro da opinião de Diana Malikovski, diretora da Emei Vovô Weber. “Não se tinha real noção do desenvolvimento, isso que antes os professores estavam sobrecarregados, trabalhando de casa e sem horário.”

300 – é o número aproximado de profissionais que voltaram a trabalhar presencialmente. Destes, sete trabalham de casa, porque foram avaliados por uma junta médica e integram o grupo de risco.

“Quase 11 meses longe. Foi um ano de incertezas, que não sabíamos o que dizer para os pais. Felizmente, com todos os cuidados, temos condições de voltar. A escola precisa das crianças, são elas que dão vida.”

NADIR PONTIN – Diretora Emei Mônica



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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