A sustentabilidade e a eficiência no campo estão diretamente ligadas aos cuidados com o solo. Independentemente da cultura, o produtor deve manter os cuidados diante da degradação do solo. No tabaco não é diferente.
A família Hilgert, de Linha Santa Eugênia, há cerca de 10 anos, passou a dedicar um cuidado especial ao solo desde que percebeu que faltava qualidade no tabaco. “A gente tinha um problema de nematoide na terra, decaiu nossa produção e começamos a pensar em alternativas e onde poderíamos corrigir esse problema”, frisa Tiago Rafael Hilgert, 27 anos, que cultiva tabaco ao lado da companheira Géssica Elis Wessling, 26 anos, e dos pais Clarice e Lauro Hilgert, 58 e 64 anos, respectivamente.
Nesta safra, a família irá plantar 70 mil pés de tabaco para a integradora Alliance One. Para os Hilgert, o segredo de uma boa safra está relacionado aos cuidados com o solo. “Nossa propriedade tem areia branca, um solo arenoso e a tabatinga. São duas terras diferentes para trabalhar”, complementa Lauro.
Quando perceberam que a produção do tabaco estava decaindo, começaram a apostar em adubação verde. “Depois que colhemos o tabaco começamos a plantar milheto em vez de milho na safrinha. Começamos devagar, mas hoje cerca de 70% da terra recebeu crotalária e fizemos em toda área curvas de nível e plantio direto na palhada”, explica Tiago.
Após encerrar a colheita da safra, a família se dedicou a plantar alguma adubação verde. A maioria foi a crotalária. Depois veio a segunda adubação, a aveia preta, fundamental para a palhada. Estudos mostram que esse sistema de plantio direto na palhada apresenta benefícios econômicos e ambientais, quando comparado ao preparo convencional.
“O resultado de recuperação de um solo não vem de um ano para o outro. A gente usa composto, esterco de galinha, além de adubação verde”, comenta o produtor. Além disso, Tiago cita que, de dois em dois anos, eles fazem o uso de calcário, além de análise de solo. “Já são oito anos colocando matéria orgânica e ainda falta quando a gente faz análise, por isso, é preciso de calma, paciência e persistência.”
Conforme o orientador agrícola da Alliance One, Adriano Rodrigo Bartz, 35 anos, o solo demora para ser recuperado. “Você perde a lavoura muito rápido. Mas para recuperar leva cerca de 10 anos.” Bartz atende a família Hilgert há cinco safras e observa que os resultados obtidos já são satisfatórios. “A gente estava tirando oito arrobas por mil pés. Agora já chegamos a 13 arrobas por mil pés”, exemplifica Tiago.
40%
foi o aumento da produtividade do tabaco da família Hilgert após os cuidados com o solo.
Opção pela adubação verde
O processo da família Hilgert nesta safra foi feito após a colheita da safra passada. “Primeiro plantamos a cobertura verde, o milheto e a crotalária. Incorporamos e semeamos a aveia preta. Agora iremos plantar o tabaco em cima da palhada”, comenta o produtor Tiago Hilgert. “É interessante esse sistema da família, pois eles fazem rotação de cultura com a adubação verde a cada safra”, salienta o orientador agrícola, Adriano Rodrigo Bartz.
O supervisor agrícola da Alliance One, Claudionor Turchiello, ressalta a importância da ação da família de Linha Santa Eugênia, ao observar que, de forma geral, a produtividade e a qualidade do tabaco da região vêm caindo. “A gente nota que as família apostam na silagem, essa produção cresceu bastante. E com isso, todos os nutrientes que você coloca no solo, você tira quando faz a silagem, sem contar que o solo fica extremamente compactado. Se isso é feito corriqueiramente, em poucos anos teremos um solo extremamente fraco e com isso as outras culturas serão afetadas, como é o caso do tabaco.”
A família Hilgert acredita que é necessário cuidar do solo de maneira especial. Atualmente, eles preferem arrendar uma pequena área de terra para plantar apenas o milho para consumo próprio na safrinha e assim não degradar a área do tabaco e conseguir se dedicar à adubação verde. “A família já percebeu que arrendar essa pequena área para o milho é uma vantagem, pois assim, a área que recebe o tabaco terá o cuidado especial com a adubação verde”, pontua Turchiello.