A renúncia de Renato Gollmann (PTB) da presidência do partido teve reflexos imediatos. Ontem, os vereadores André Kaufmann e Ezequiel Stahl participaram do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, e não ficaram apenas nos comentários sobre a reestruturação da sigla. Ao serem perguntados se havia a possibilidade de diálogo com o governo, foram diretos.
“A gente não cortou a comunicação jamais. Somos vereadores de oposição, divergimos em algumas ideias, porém não fazemos oposição por fazer. Cobramos o governo porque somos demandados, mas se houver o interesse numa construção, pensando em Venâncio Aires, não nos opomos de dialogar com a atual gestão”, comentou Kaufmann.
Na sequência, Stahl foi no mesmo caminho, dizendo que uma união de esforços seria interessante no que se refere à governabilidade. “Não fomos ao governo, nem eles vieram até nós. No entanto, é possível, sim, dialogar. Nunca fechamos as portas”, declarou. Os dois parlamentares concordaram que, com a saída de Celso Krämer da sigla, o estreitamento de laços com o governo é mais viável, o que não acontecia quando ele era o comandante do PTB por conta de um relacionamento hostil com o PDT, especialmente. “Não vamos fazer nada às pressas. No momento, queremos definir quem vai nos representar como presidente. Depois, se os nossos filiados entenderem que devemos evoluir na questão, podemos pensar”, concluiu.
Surpreso
Ontem à tarde, ao ser informado pela reportagem da Folha do Mate a respeito da entrevista dos dois vereadores, o prefeito Jarbas da Rosa (PDT) se disse surpreso com as manifestações. “A gente até conversa com frequência, mas nunca foi falado sobre este assunto específico”, mencionou. Jarbas afirmou que tem amizade com Kaufmann e Stahl, apesar das diferenças políticas e partidárias, e não afastou a possibilidade de articulação. “Me considero amigo deles, e acho que eles também pensam dessa forma. Estamos em lados diferentes na política, mas sempre os tratei, assim como os demais petebistas, com todo o respeito”, observou.
De acordo com o chefe do Executivo, é possível que os políticos estejam satisfeitos com o empenho e a dedicação dos integrantes do governo e queiram contribuir para melhorar pontos nos quais ainda há dificuldades. “Estamos trabalhando com total transparência e temos colhido bons resultados. No que se refere à questão política, tudo o que for para o bem da nossa comunidade é importante. Em 10 meses de governo até aqui, não tinha ouvido este tipo de manifestação. É algo que, inclusive, me deixa muito feliz como gestor”, finalizou.
Fique atento
• O PTB tem, atualmente, a maior bancada da Câmara, com cinco vereadores. Se o partido passasse a fazer parte do governo, seriam 13 votos de situação. Restariam na oposição apenas os dois vereadores do PSB, Sandra Wagner e Elígio Weschenfelder, o Muchila. Isso, é claro, se em um eventual acerto não houvesse reflexos em outras legendas que formam a base de sustenção de Jarbas da Rosa (PDT): Republicanos, MDB, PSL e PSD.
E os outros vereadores?
• Renato Gollmann: A tendência é de que vá para o Podemos, para onde foi o ex-vice-prefeito Celso Krämer. Contudo, não descarta permanecer no PTB, dependendo das articulações até abril de 2024, quando abre a janela de transferência de vereadores.
• Diego Wolschick: Também tem boas relações com o ex-vice-prefeito Celso Krämer, mas ainda não comentou sobre possível saída do PTB. Em relação a uma composição, teria que aparar arestas com o líder de governo na Câmara, Gerson Ruppenthal (PDT). Os dois são desafetos.
• Clécio Espíndola, o Galo: Há algum tempo vem alinhado ao governo e, inclusive, passou a fazer parte da Mesa Diretora da Câmara, na função de segundo secretário, a convite do presidente Tiago Quintana (PDT). Está com um pé no PDT, mas uma composição poderia acabar com o desconforto que atualmente tem por estar em um partido de oposição e defender o governo. Ou seja, não é de se descartar a sua permanência na legenda.