O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no início de novembro, a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2022, que contabiliza números de gado, cavalos, porcos, galinhas, codornas, ovelhas, cabras e búfalos por município. Em Venâncio Aires, são mais de dois milhões de animais, um crescimento de 339% nos últimos 20 anos e 563% em 10 anos.
Entre os municípios dos Vales do Rio Pardo e Centro-Serra, a Capital do Chimarrão detém o maior rebanho, com cerca de 35% do total dos 28 municípios. O destaque fica por conta do setor aviário: são 2,09 milhões de galinhas no município, número que é quase sete vezes maior que em 2012. De acordo com o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, são 57 aviários no município, somando aves de corte e postura, ovos galados, coloniais e comuns. “Hoje, são 42 famílias com produção. Sendo que, de cinco anos para cá, aumentou 65%, e tem mais 11 aviários para entrar em produção”, explica.
Além dos incentivos da Administração Municipal com terraplanagens para a criação de aviários, Fin enfatiza que um motivo para o crescimento é que outras empresas perceberam que Venâncio tem uma boa localização geográfica e próxima de onde estão os abatedores.
Para além das galinhas, as demais passam por estabilidade e variações recorrentes. De acordo com Fin, houve uma queda no período da pandemia da Covid-19 e que ainda tem reflexos nos números mais recentes.
O chefe da Emater observa que os números do rebanho já passam por alterações em 2023, em decorrência de mudanças na realidade econômica e, também, por conta da enchente do rio Taquari que atingiu os distritos de Vila Mariante e Estância Nova. “O rebanho de búfalos caiu para cerca de 40, pois foram muitas perdas na cheia”, comenta.
O prazo para a Declaração Anual de Rebanho terminou em 31 de outubro. Contudo, a Inspetoria de Defesa Agropecuária de Venâncio Aires ainda está no prazo de digitação dos números e deve confirmar, nas próximas semanas, os números oficiais do município.
Na propriedade dos Henn, 180 mil frangos por lote
Um dos principais produtores do segmento da avicultura em Venâncio Aires, Elton Roberto Henn, de Linha Herval, destaca que o crescimento nos últimos anos é nítido e que, quando a família iniciou a atividade, em 2008, eram poucos produtores, parceiros e investimentos. “Tivemos que pegar exemplos de outros municípios”, relembra.
Ele observa que, nos últimos cinco anos, a demanda cresceu e acredita que um dos fatores é que os jovens que se mantém no interior procuram uma atividade que não seja tão dependente do clima e, também, garanta renda durante o ano inteiro. Na propriedade dos Henn, são quatro aviários, em torno de 180 mil frangos por lote e oito ou mais lotes por ano. “Criamos um frango quase que 100% voltado para a exportação e isso requer maiores cuidados com limpeza e manuseio, por exemplo”, relata o produtor.
Custo
Ainda que haja crescimento, Henn observa que é o momento mais complicado para a cultura desde 2008, pois não houve ajuste na tabela de preços e os produtores acabam perdendo parte dos lucros. “Um equipamento que custava R$ 2 milhões antes da pandemia, agora custa R$ 4 milhões”, compara.
Com relação ao futuro, o produtor acredita que são necessárias melhores políticas públicas para incentivar a avicultura e, também, outros segmentos de proteína animal, como a cadeia do leite e a suinocultura.
