Agricultores de Venâncio contabilizam prejuízos em diferentes culturas após temporal

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Por Juliana Bencke e Juan Grings

Quem percorreu o interior de Venâncio Aires nos últimos dias se deparou com um verdadeiro rastro de destruição causado pelo temporal da terça-feira, 16. Além de árvores e postes de energia elétrica caídos, são galpões, aviários, galpões, estufas de tabaco, residências e pavilhões danificados. Em Linha Isabel, o ginásio comunitário e o histórico Salão Ludwig (Siebneichler) tiveram grandes estragos.

Ginásio de esportes, de Linha Isabel, foi danificado (Foto: Divulgação)
Antigo Salão Ludwig, de Linha Isabel (Foto: Divulgação)

As equipes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Emater RS/Ascar realizam o levantamento dos danos. Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural, Celso Ademir Ferreira, ainda não há uma estimativa precisa de prejuízos na agricultura. Segundo ele, as equipes estão empenhadas em contabilizar os estragos de maneira precisa, visando prestar o devido auxílio às localidades afetadas. A expectativa é que na próxima semana possam ser divulgados os números e apoiar os agricultores na recuperação das atividades.

Abacate

Em Linha Travessa, o produtor Sérgio Jung estima um prejuízo de 70% na produção de abacate. Na propriedade de três hectares, são 330 abacateiros. “Apenas em um pé, pelo que contei por cima, passou de 300 abacates que foram derrubados pelo vento. O estrago é muito grande”, afirma. De acordo com ele, as frutas que caíram têm em torno de 350 gramas e, em 30 dias, quando começariam a ser colhidos, atingiriam em torno de 500 gramas. “Infelizmente não tem como aproveitar, pois não estavam no ponto da colheita. Eles murcham e ficam amargos”, explica. A Ceasa, em Porto Alegre, para onde a família Jung leva os produtos para comercialização, também teve grandes danos na estrutura. “É triste essa situação, mas não podemos desanimar, pois vemos acontecendo coisas muito piores. Agora é esperar pela próxima safra.”

Produção de abacate da família Jung teve perda de cerca de 70% (Foto: Divulgação)

*Com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura

Conforme a Prefeitura, os maiores danos em lavouras e propriedades foram registrados nos distritos de Centro Linha Brasil, Deodoro, Palanque, Santa Emília e Sampaio.

Prefeito Jarbas acompanha os levantamentos dos danos na agricultura (Foto: Divulgação)
Vento arrancou telhas e destruiu estruturas de galpões (Foto: Divulgação)

Produtora de morangos estima perda de, pelo menos, R$ 20 mil

“Foi muito assustador, porque terminou a luz e começou aquele vento e chuva. Era muito forte. Como aqui é descampado, depois começou a arrebentar a estufa. A gente reza e pede para Deus, mas no fim fica tremendo. Eu estou com 59 anos e nunca na minha vida tinha passado por um vento tão forte”. Essas palavras são de Gilmara Jochan, produtora de morango em Linha Bela Vista, que se recorda do que aconteceu na última terça-feira, 16.

Ela, que iniciou na produção de morangos há um ano, passou por uma perda muito dura nesta semana. As duas estufas, cada uma avaliada em R$ 10 mil aproximadamente, foram arrasadas pelos fortes ventos. Segundo a moradora de Linha Bela Vista, a perda foi quase total. “Estou meio perdida mesmo, porque a gente tem que recomeçar, mas está sendo difícil. Não estou conseguindo o plástico para cobrir a estufa, esgotou, não consigo quase em lugar nenhum”, relata.

Assim como para tantos venâncio-airenses, “recomeçar” passou a ser o verbo mais conjugado por Gilmara. Mas esse é um passo muito difícil. Até porque, conforme a produtora, a energia elétrica só voltou à sua residência por volta das 19h30min de quinta-feira, quase 48 horas após o temporal. E, como eles utilizam água de um poço, sem luz, também não há água, o que dificulta a irrigação dos morangos.

Ventania destruiu praticamente toda a estrutura onde Gilmara produz morangos (Foto: Juan Grings/Folha do Mate)

Produção em risco

Os estragos nas estufas geram prejuízo não somente por conta da reconstrução que se faz necessária, mas também porque as mudas de morango, que já estavam plantadas, correm sério risco de serem perdidas. Gilmara produz quase três mil mudas. Elas estavam na segunda floração e a previsão era de comercializar as frutas próximo à Páscoa, no final de março. “Estamos tentando de todas as formas fazer elas sobreviverem. Estamos tentando irrigar elas novamente, porque, como foi tudo destruído, os canos a gente vai ver se conseguem irrigar. Mas como as mudas estavam acostumadas embaixo do plástico, agora elas estão direto no sol e esse sol está muito quente. Elas estão bem murchas”, lamenta.

Cada muda de morango custa, em média, R$ 2. Ou seja, só com elas, o valor do investimento chega a R$ 6 mil. Ela explica que recuperar esse valor é impossível. “Um cliente me pediu morango, mas, de todas essas três mil mudas, consegui tirar três quilos, isso porque eles já estavam nos pés.” Nas projeções da produtora, essa quantidade renderia cerca de 300 quilos e a média que se tem pedido por quilo em Venâncio é de R$ 25. Dessa forma, o prejuízo com o produto final pode chegar a R$ 7,5 min.

    

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