Projeto Muda busca revitalizar bacia do Castelhano

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Criado em 2022, o Projeto Muda, promovido pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), surgiu como uma resposta à necessidade de restauração e revitalização das bacias hidrográficas dos vales do Rio Pardo e Taquari, com foco na recuperação da mata ciliar, de taludes e no desenvolvimento de práticas sustentáveis nas propriedades rurais.

O primeiro teste foi realizado na bacia do Rio Pardo, viabilizado pela aprovação em edital do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que garantiu aporte financeiro do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados (FRBL/MP). No entanto, a possibilidade de expansão para ser desenvolvido no arroio Castelhano, em Venâncio Aires, surgiu em 2023, com a parceria da CTA Continental. “A CTA percebeu o potencial transformador do projeto e viabilizou as ações na bacia do Castelhano”, destaca a professora Priscila Pacheco Mariani, doutora em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e coordenadora do Muda.

Diagnóstico do Muda

Conforme Priscila, atualmente, o Muda Arroio Castelhano já concluiu o diagnóstico completo da bacia, identificando, assim, os trechos que necessitam de intervenção. A primeira área foi selecionada e o projeto de engenharia natural está finalizado, sendo que a obra está prevista para ser iniciada ainda este ano, em dezembro.

“O projeto já avança em diversas frentes. Entre as ações em andamento, destacam-se os diálogos com produtores ribeirinhos, a organização e participação de eventos locais, promovendo o engajamento comunitário e a conscientização ambiental”, explica a coordenadora.

O que é engenharia natural?

• Base para os trabalhos do projeto, a engenharia natural recorre à utilização de materiais construtivos vivos (sementes, plantas, partes de plantas e associações vegetais) combinados com estruturas inertes (madeira, pedras, geotêxteis e metais).

• Sendo assim, a técnica prioriza a utilização de materiais sustentáveis, adequando-se às necessidades dos ambientes.

• A engenharia natural permite usar diversas técnicas para reconstrução das margens dos rios. Uma delas é analisar a vegetação local e, a partir disso, definir quais ações serão tomadas e quais espécies serão utilizadas.

Para conhecer mais sobre o projeto, basta seguir o perfil @projmuda no Instagram.

Ações práticas do projeto Muda devem iniciar nos próximos meses

Segundo o gerente de Pesquisa e Sustentabilidade Agrícola da CTA Continental, Edson Menezes, o projeto Muda, em parceria com a Unisc, será desenvolvido pelo menos até 2027. Menezes afirma que o programa passou por uma remodelação em virtude das enchentes de maio e nos próximos meses será iniciada a execução das técnicas. “Iniciaremos pelos trechos prioritários pós-enchentes, junto com as liberações legais da Fepam [Fundação Ambiental de Proteção Ambiental]”, acrescenta.

A coordenadora do projeto, Priscila Pacheco Mariani, detalha que esta é uma iniciativa inovadora e, o que torna o projeto Muda diferente é a capacidade de adaptação e expansão para outras bacias hidrográficas.

Conforme a professora da Unisc, o projeto reduzirá os impactos das mudanças climáticas, especialmente em inundações e estiagens. “As intervenções propostas, como a recuperação da mata ciliar e a estabilização das margens, ajudam a mitigar os efeitos desses eventos ao melhorar a capacidade de infiltração de água no solo, reduzir a erosão e fortalecer o ecossistema local.”

Água

Ao aumentar a infiltração de água no solo e promover a recarga dos aquíferos, o Muda busca garantir uma maior disponibilidade de água, tanto para o consumo humano quanto para as atividades agrícolas. Além disso, o projeto aumenta a resiliência das bacias hidrográficas, ajudando a manter um fluxo hídrico mais estável e protegendo as comunidades de impactos mais severos, tanto em períodos de cheia quanto de seca.

No entanto, Priscila enfatiza que o envolvimento dos produtores rurais é um ponto-chave, já que as práticas conservacionistas nas propriedades ajudam a proteger o solo, melhorar a produtividade agrícola e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais.

“As intervenções propostas, como a recuperação da mata ciliar e a estabilização das margens, ajudam a mitigar os efeitos dos eventos climáticos, ao melhorar a capacidade de infiltração de água no solo, reduzir a erosão e fortalecer o ecossistema local.”

PRISCILA PACHECO MARIANI

Coordenadora do projeto Muda



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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