Programa de correção do fluxo escolar começará em 2018

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Incluída como uma das prioridades no Plano Plurianual (PPA) 2018-2021 da educação, a correção da distorção idade/série deve ser reforçada, a partir do próximo ano, com a implantação de um programa de correção do fluxo escolar em Venâncio Aires. Voltada a alunos com atraso cognitivo, com idade superior à correspondente a sua série, a iniciativa vai ocorrer em, pelo menos, duas escolas da rede municipal.

“Não há demanda para formar turmas em todas as escolas. Por isso, duas instituições, em pontas diferentes da cidade, vão concentrar essas turmas”, adianta a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Alice Theis. De acordo com ela, o programa tem caráter temporário e deve abranger alunos com, no mínimo, dois anos a mais do que adequado à série que frequentam. “Não abrangerá aqueles que repetirem apenas uma vez de ano”, esclarece.

Atualmente, na rede municipal de ensino, em torno de 8% de alunos nos anos iniciais não estão na série adequada. O número cresce para, aproximadamente, 15% nas séries finais do ensino fundamental. “É preciso pensar em alternativas viáveis e eficazes para que os alunos em defasagem idade/série possam avançar na sua aprendizagem, com condições adequadas a seguir seus estudos na série correspondente.”

Com uma metodologia diferenciada, as turmas de aceleração de aprendizagem vão trabalhar conteúdos essenciais para que o aluno seja capacitado a ingressar na série referente a sua faixa etária. Um estudante que está no 3º ano do ensino fundamental, mas tem idade de alunos do 5º ano, por exemplo, frequentará a turma de correção do fluxo escolar até que tenha aprendido conteúdos necessários para que esteja apto a estudar no 5º ano.

Cada criança terá um tempo diferente para reingressar na turma regular. “O desejo pedagógico é de que os alunos sejam respeitados dentro de seu ritmo, seu tempo, suas especificidades”, enfatiza Alice. De acordo ela, além de garantir a transmissão de conteúdos, que é o papel da escola, a proposta leva em conta um olhar mais humanizado pelo aluno. “A educação brasileira ainda é estruturada, basicamente, em séries, dias letivos e cargo horário, mas a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação permite muitas possibilidades, formas diferentes de trabalhar”, comenta.

Coordenadora pedagógica da rede municipal, Alice Theis (Foto: Juliana Bencke)

Desafios

Alice explica que a existência de alunos com idade diferente da adequada à série é um desafio para o professor e o próprio estudante. “Em geral, ele não adere às atividades propostas porque elas não condizem mais com a sua realidade e seus interesses”, pontua, ao observar a dificuldade desses estudantes sentirem-se, realmente, integrantes dos grupos com bem menos idade e se interessarem pelo estudo e as atividades que precisam ser adequadas à faixa etária.

Segundo a coordenadora pedagógica, isso ocorre porque os interesses de alguém de 11 anos são totalmente diferentes de uma criança de 8 anos – desde as brincadeiras até a forma que o professor precisa trabalhar em sala de aula. “Nos anos iniciais, essa defasagem é ainda mais complicada, porque um ou dois anos na infância significam uma diferença muito acentuada no desenvolvimento.”

Situação tem melhorado ao longo dos anos

Apesar do desafio de garantir o fluxo escolar, a coordenadora pedagógica Alice Theis percebe que, ao longo dos últimos anos, a situação tem melhorado, devido ao suporte oferecido pelas salas de recursos, que atendem estudantes com atraso cognitivo; a adaptação curricular e o reforço pedagógico oferecido em algumas escolas.

“Já tivemos muito mais alunos fora da série adequada do que agora. A sala de recursos resgata alunos, ajuda a diminuir barreiras do currículo. Isso faz com que o aluno consiga atingir os objetivos curriculares e passe de ano”, destaca. Alice cita, ainda, a importância do Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies), no diagnóstico e acompanhamento de estudantes com dificuldades de aprendizagem.

Ao mesmo tempo, ela destaca que é importante lembrar que, além da dificuldade de aprendizagem ser responsável por grande parte da defasagem idade/série, há alunos que não apresentam dificuldades, mas, mesmo asism, não se motivam a aprender. “Não estudam, não realizam as atividades, não demonstram interesse e, muitas vezes, apresentam atitudes inadequadas na sala de aula.”

Projeto para EJA

Além da proposta que será colocada em prática no próximo ano, para turmas de ensino fundamental regular, um projeto voltado a estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) vem sendo estudado pela Secretaria Municipal de Educação.

De acordo com a coordenadora pedagógica Alice Theis, na EJA, a defasagem idade/série ocorre desde a primeira totalidade, já que o ingresso na Educação de Jovens e Adultos é permitido a partir dos 15 anos. “Há alunos na totalidade IV, que corresponde ao 6º ano, com 17 e 18 anos, que é uma idade de ensino médio. Isso ocorre porque muitos estiveram longe da sala de aula por muito tempo ou reprovaram mais vezes.”



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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