Cresce o número de golpes praticados por telefone e via rede social

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“Oi amigo, fica tranquilo, assim que fecharmos o negócio o dinheiro estará na tua conta”. A frase escrita por um golpista e repassada a um morador de Venâncio Aires foi uma das tantas que ajudaram a fomentar o golpe feito via redes sociais, durante o fim de semana passado. A vítima criou a expectativa de vender uma ‘gaiola’ (veículo usado em trilhas e competições especificas), por R$ 12 mil, mas entregou o veículo, não recebeu um centavo e ainda pagou o frete para que o seu ‘off road’ fosse levado até o golpista, na Serra Gaúcha.

Os métodos criados por estes estelionatários aumentam a cada dia. Anos atrás, além do centenário ‘conto do bilhete’ – que segue e seguirá fazendo vítimas -, havia um pequeno leque de outros golpes. Hoje, com as redes sociais e os celulares, há um número indefinido de pessoas que passam os dias aplicando golpes à distância.

Atualmente, um dos que está em alta é o ‘golpe do primo’. Pessoas ligam para números aleatórios e se dizem parentes. O golpe é fomentado pelas próprias vítimas, que tentam adivinhar quem está do outro lado da linha e acabam dando as informações necessárias para que o golpe tome as proporções desejadas.

Nestes casos, alertam as autoridades, as pessoas não devem repassar informações, sem ter certeza de com quem estão falando. “O correto é perguntar com quem a pessoa quer falar e se ela mencionar que é parente, perguntar sobre a família e outras informações pertinentes”, mostra uma cartilha, que ajuda as pessoas a não cair no ‘golpe do primo’.

Sobre o conto do bilhete, o delegado Felipe Staub Cano menciona que a ganância das pessoas é que as fazem cair no golpe. “Quem, nos dias de hoje, que tiver um bilhete premiado ou tiver acertado os números da mega sena, vai abordar um desconhecido para pedir ajuda? Isso é ganância”, argumenta o titular da Delegacia de Polícia.

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GOLPE PELO WHATS

O golpe que o morador de Venâncio foi vítima no fim de semana começa na Internet e tem seguimento pelo WhatsApp. As vítimas anunciam a venda de um determinado objeto em um site e momentos depois recebem contato de um interessado, mas via mensagem de Whats. Sempre muito cordial, o estelionatário mostra interesse, não pede descontos, repassa seus dados pessoais e até uma foto.

No decorrer do golpe, deixa a vítima manifestar o interesse pela venda e assim dá seguimento ao plano. Posteriormente, combina depósito bancário e acerta como a mercadoria será buscada. Somente depois de entregar o objeto a vítima se dá conta de que o valor acertado não entrou em sua conta.

Foi isso que aconteceu com um rapaz de 28 anos. Na semana passada ele anunciou uma ‘gaiola’ e uma pessoa, que se disse moradora de Caxias do Sul, mostrou interesse. A vítima pediu R$ 12 mil e o golpista aceitou pagar, mas antes queria ver um vídeo do veículo funcionando. Com o negócio fechado, o golpista solicitou endereço e mencionou que no sábado pela manhã contrataria um frete para vir a Venâncio buscar a gaiola. “Mas só a libero depois de ver o dinheiro na minha conta”, se precaveu a vítima.

Tudo acertado, mas no sábado o golpista não manteve mais contato. A vítima mandou mensagens e então o estelionatário deu seguimento ao plano. Chegou a dizer que sua mulher estava grávida e que por isso a gaiola só seria buscada à tardinha. Foram trocadas mensagens durante todo o sábado e quando já estava escuro um Ford Focus, com carretão, encostou no local acertado e carregou a gaiola.

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Antes de deixar o veículo partir em direção à serra, a vítima pediu que o ‘comprador’ mandasse o comprovante do depósito, o que foi feito. Mas o golpista foi mais adiante. Como alegou que estava com a mulher grávida, quase ganhando o bebê, não conseguiu mandar o dinheiro do frete e pediu para a vítima pagar a pessoa que foi buscar a gaiola, que no dia seguinte ele depositava o valor. Além de perder a gaiola, a vítima ainda deu R$ 680 ao homem que veio buscar a gaiola. Ao contrário do que havia sido acertado, o veículo foi levado até Farroupilha e não até Caxias.

No dia seguinte as mensagens prosseguiram, até que o morador de Venâncio se deu conta de que havia caído em um golpe. O estelionatário se apresentou como Jean Carlo Tatsch, mas esta pessoa, na verdade, foi vítima de um golpe no dia 24 de outubro do ano passado, na cidade de São Leopoldo. Ela anunciou um instrumento musical em um site e durante as negociações o golpista pediu um documento e a vítima mandou uma cópia da sua carteira de motorista. O documento é o mesmo que foi apresentado sábado ao morador de Venâncio.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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