Todos que já leram sobre a história dos Mellos ou simplesmente falaram sobre esta família, já ouviram dizer que o ancestral Antônio de Mello e Albuquerque, que foi o primeiro a se instalar no Cerro da Cria, (Lomba Alta) em 1810, trocou seu nome para Antonio Vieira de Mello. Conforme pesquisas recentes realizadas pelo professor, poeta e escritor Josinei Ricardo de Azeredo, a troca de nome realmente aconteceu, porque tinha um primo de Antônio em Rio Pardo com o mesmo nome: Antônio de Mello e Albuquerque.
“Resolvi investigar melhor tal curiosidade, para que não se fique tão somente na oralidade do povo. Percebi que no fundo eram três Antônios”, afirmou Josinei Azeredo. Ele explicou que no início do século XIX, era costume dos progenitores colocarem os seus mesmos nomes nos seus filhos, daí a complexidade deste caso particular. Sendo assim, frequentemente surgia a dúvida em saber de qual Antônio se tratava. “Somente com muita pesquisa, investigação em documentos, conferência de datas, entrevistas com familiares e outras leituras, é que consegui autenticar este mistério”, destacou o professor.
Revelação
Ele relatou que o ancestral Antônio de Mello e Albuquerque de Vale Verde era filho de Francisco de Melo e Albuquerque (com um l) e de Maria Tereza Pereira Vieira. Francisco casou em 9 de maio de 1804, quando tinha 34 anos, em Rio Pardo, conforme consta o registro 2B 232. Maria tinha 20 anos. O pai de Francisco de Melo e Albuquerque também se chamava Antonio de Melo e Albuquerque (sem acento no Antonio e um l). Foi Maria Pereira Vieira a herdeira universal da sesmaria (Colônia dos Mellos). Anos depois Antonio passa a ser proprietário por conta do casamento.
Antonio de Melo, (pai de Francisco de Melo e Albuquerque) nasceu em Loures, região metropolitana de Lisboa, Portugal, e veio com sua esposa Umbelina da Natividade de Medeiros (nascida na Ilha São Miguel, Açores) e se instalaram não se sabe por quanto tempo em Florianópolis, (Desterro) e tiveram os filhos Francisco de Melo e Albuquerque (1772) e Ricardo Antonio de Melo e Albuquerque (1778). A partir daí surgem outras curiosidades: de que forma Francisco de Melo veio parar em Santo Amaro e Ricardo em Rio Pardo?
Outro dado interessante obtido na pesquisa de Azeredo é o óbito de Francisco de Melo e Albuquerque que ocorreu em 15 de dezembro de 1820, de moléstia interior, com 48 anos. O registro aconteceu em Santo Amaro, (L.1, Fls. 143v) contendo a seguinte observação: “havia se mudado para o distrito de Rio Pardo, mas por sua vontade veio falecer em sua freguesia que era Santo Amaro”.
Ricardo Antonio de Melo e Albuquerque (irmão de Francisco) colocou o nome de seu filho (nascido em Rio Pardo) de Antônio de Mello e Albuquerque (o Mello Manso). Surge, depois de adulto, a troca do nome do Antônio de Vale Verde: de Antônio de Mello e Albuquerque para Antonio Vieira de Mello (sem acento e 2 Ls), “numa idade que já tinha autonomia”, como confirma o senhor Nélson de Mello e Albuquerque (bisneto do ancestral).
Motivo da troca
A troca se deu para não conflitar com as correspondências vindas do governo para Antônio de Rio Pardo, que poderia ser enviado para Antônio de Vale Verde e vice-versa. Ainda existe como descendência legítima o nome já citado acima da mãe, de sobrenome Vieira, comprovando assim a origem do sobrenome. Maria era filha do capitão Fernando Pereira Vieira e de Mariana Branca Pereira Vieira.
O professor concluiu que alguns dados apresentados neste contexto ainda não haviam sido conhecidos. “Se o nosso ancestral Francisco veio ou não casado. Vimos, portanto, que ele casou em Rio Pardo. E também desconhecíamos o nome da mãe de Antonio Vieira de Mello. Sabemos então, que era Maria Tereza Pereira Vieira, a herdeira universal de Vila Mellos. Mello Manso tinha esse alcunha por ter sido um militar tranquilo e de grande paciência, em oposição a outro chefe chamado de Mello Bravo”.
Serviram como referências as pesquisas do professor: Cúria Metropolitana de Porto Alegre e Geni.com/people www.geocities.w.s. Entrevista com Nélson de Mello e Albuquerque, bisneto de Antonio Vieira de Mello.