Relacionamento abusivo: Jovem denuncia ex que pretendia contratar a morte dos seus pais

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A cada dia, 12 mulheres são assassinadas no Brasil, mais de 500 sofrem agressões de todas as espécies a cada hora, sendo que cerca de 42% dos casos acontece dentro de casa. Os dados mostram uma dura realidade, mas estão longe de serem reais, já que é grande o número de vítimas que sofrem caladas. Medo, dependência financeira e a falta de apoio da família são fatores determinantes que mascaram a realidade destas mulheres.

Na contramão destas estatísticas, uma garota de 19 anos pôs fim a um relacionamento que durava quase três anos e solicitou as medidas protetivas da Lei Maria da Penha. Apoiada pela família, foi ainda mais longe e voltou à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), ao saber que seu ex estava descumprido a determinação judicial e arquitetando a morte da sua família.

Trata-se de um caso extremamente grave e que recebeu total amparo do delegado Vinícius Lourenço de Assunção. Ao tomar conhecimento das pretensões do acusado, o titular da DPPA solicitou um mandado de prisão preventiva – encaminhado ao Judiciário pelo delegado Felipe Staub Cano – e um de busca e apreensão. O de prisão não foi concedido, mas o delegado Vinícius foi até a casa do suspeito e o deixou a par da situação. O outro indivíduo, que seria contratado para executar o plano, ainda não foi localizado.

Na verdade, o ex-companheiro da vítima queria dar cabo dos pais dela e, assim, voltar a viver com a jovem e o filho do casal, um menino de 1 ano. Até revelou já ter comprado um revólver para que o contratado tirasse a vida dos ex-sogros. A arma, no entanto, não foi localizada.

SOFRIA CALADA
Ainda adolescente, a jovem engravidou e eles decidiram morar juntos, na casa dos pais dela. O rapaz não trabalhava e com o decorrer dos dias, passou a demonstrar ciúmes e possessividade, mas não aceitava o contrário. Em uma oportunidade, a garota o questionou sobre uma troca de olhares com outra adolescente e ele a agrediu com um soco no rosto. “Fiquei duas semanas com o olho roxo”.

A agressão a feriu, mas não foi o suficiente para contar aos pais sobre as dificuldades do relacionamento. “Eles brigavam muito e as vezes eu até gostava que ele ficava o dia inteiro trancado no quarto, para não precisar ficar olhando a cara dele”, mencionou a mãe da jovem.

O ápice da tolerância da mãe foi em uma manhã, no mês passado. Ao acordar, viu a filha sentada na cozinha, de cabeça baixa. Perguntou o que tinha acontecido e ela revelou que havia sido estrangulada. “Ele apertou meu pescoço. Tentou me matar”, descreveu. Mesmo estando na casa dos pais, a jovem não gritou por socorro. Pensou no filho e sofreu calada.

Mas a reação da sua mãe foi o inverso e pôs fim ao conturbado relacionamento. “Fui direto ao quarto dele, mandei ele pegar aos coisas e ir embora. Não tenho medo dele e pelos meus filhos, faço qualquer coisa”, descreveu a mulher. A jovem apoio a decisão da mãe e posteriormente procurou a DPPA e solicitou as medidas protetivas.

DESCUMPRIMENTO
O rapaz já havia descumprido as medidas protetivas, tentando entrar em contato com a garota, mas só após tomar conhecimento das intenções do ex – de mandar matar seus pais – é que ela voltou à DPPA e o denunciou novamente. “Ao saber, fiquei gelada, sem reação. Nem consegui falar”, disse. “Só quero ficar em paz. Não quero que outra pessoa passe por isso”, sintetizou.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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