Enquanto a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Cruz do Sul conta com 16 agentes e dois delegados, o órgão policial de Venâncio Aires está prestes a fechar as portas. Com a perda de um policial, que foi transferido para a Delegacia de Polícia (DP) de outro município, o plantão conta agora com apenas três agentes. Esse número mínimo inviabiliza o atendimento das diversas pessoas que diariamente buscam o órgão para fazer denúncias das mais variadas.
A transferência do policial é uma questão rotineira e, neste caso, havia a promessa de uma imediata reposição, já que a presença dele é necessária para a manutenção do plantão 24 horas. Porém, ele foi suprir uma deficiência na DP da vizinha Passo do Sobrado, abrindo uma lacuna na DPPA de Venâncio, que não foi suprida. E para piorar, o delegado Vinícius Lourenço de Assunção não sabe quando receberá outro policial para, outra vez, ter o mínimo necessário para manter o plantão.
Por isso haverá atendimento 24h nos dias em que um dos policiais lotados na DPPA for o plantonista. Nos demais, um policial que atua na DP trabalhará em expediente normal, fechando as portas às 18h e só voltando a atender às 8h do dia seguinte. Em caso de flagrante feito pela Brigada Militar, por exemplo, a ocorrência terá que ser encaminhada à DPPA de Santa Cruz do Sul. “É um prejuízo enorme para a comunidade”, comenta a capitão Michele da Silva Vargas.
MAIS AGENTES
Na verdade, explica o delegado Vinícius, uma DPPA deveria possuir, no mínimo, oito policiais, além de um delegado. “O correto mesmo era ter ainda mais agentes, para que eles pudessem trabalhar sempre em duplas e para que tivessem colegas para cobrir as férias e outros imprevistos que viessem a acontecer”, argumenta o titular da DPPA.
Mas desde o início das atividades da DPPA de Venâncio, em 13 de agosto de 2004, quando o titular era o delegado Antônio Firmino de Freitas Neto, os agentes sempre trabalharam sozinhos. E em caso de ocorrências gravíssimas, que necessitasse a presença de mais um policial, um colega era acionado.
Para se ter uma ideia do impacto que causará a falta do plantão 24h, no ano passado foram registradas 6.194 ocorrências, o que equivale a 17 por dia. Este ano, até a sexta-feira, 15, foram 1.374 registros, média de 18 por dia.
Em Santa Cruz do Sul, município que não possui o dobro do número de habitantes de Venâncio, o número de agentes na DPPA é quase cinco vezes maior. Lá existem sete DPs e 64 policiais, sendo sete delegados. Na Capital do Chimarrão, contando com os policiais que atuam na DPPA, este número não chega a 15.
INSEGURANÇA
Para Michele, a falta de plantão da Polícia Civil vai implicar na segurança do município, pois toda a prisão que a Brigada Militar fizer, precisará se deslocar até Santa Cruz para fazer os procedimentos de praxe. “É um período com uma guarnição a menos fazendo segurança na cidade e também haverá situações que ficará ocorrência em espera, sem pessoas para fazer o atendimento”.
A reportagem entrou em contato com o delegado regional, Luciano Menezes, questionando a falta de efetivo e as dificuldades encontradas para manter o plantão em funcionamento, mas não obteve resposta.
Para relembrar
Publicação feita dia 12 de agosto de 2004, às 19h07min.
A Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS) instala nesta sexta-feira (13), às 17h30min, a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires. A cerimônia acontecerá na Sociedade de Leituras, localizada na rua Júlio de Castilhos, 464.
Estarão presentes na cerimônia o secretário da Justiça e da Segurança, José Otávio Germano, o chefe de Polícia, delegado Acelino Felipe da Fonseca Marchísio, o diretor da 16ª Região Policial de Santa Cruz do Sul, delegado Julci Severo, e autoridades locais.
O delegado Antônio Firmino de Freitas Neto, titular da Delegacia de Polícia de Venâncio Aires, responderá pela DPPA. Ele comentou que “assim iremos agilizar os trabalhos, além de centralizar as investigações o que sempre traz melhores resultados”. A delegacia funcionará juntamente com a DP do município, na rua Tiradentes, 578.