Gravidade da pandemia leva a recorde de óbitos em Venâncio

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O aumento progressivo de casos e da demanda por internações hospitalares, na última semana, tiveram um desfecho assustador, nos últimos dias, em Venâncio Aires. Entre a noite de sexta, 5, e a segunda-feira, 8, foram 13 mortes no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – dez de moradores do município e as demais da região.

Os números confirmam o que profissionais de saúde têm alertado com relação ao recorde de casos: a estimativa é de que 10% dos pacientes diagnosticados com a doença precisem de hospital e de 1% a 2% vão a óbito. Concentradas em um curto período de tempo, como ocorreu neste fim de semana, e sem a possibilidade de velório, as mortes causam intensa comoção que ganham voz nas redes sociais.

Foi pela internet que a família de Glênio Schlosser, 49 anos, se sentiu abraçada por amigos e conhecidos do ourives e pastor. “Me surpreendi com tanto carinho, com tantas pessoas que testemunharam o quanto ele foi importante e ajudou como pastor, como amigo e como empresário. Ele era muito conhecido na cidade, muito ativo na comunidade, ajudou muita gente”, diz a esposa de Glênio, Adriana de Campos Schlosser, 46 anos.

Pai de Ester Hadassa Schlosser, 12 anos, e casado com Adriana há 25 anos, Glênio era pastor da Igreja Ministério Guerreiro de Fogo de Deus para as Nações, e se tornou conhecido no município pela trajetória de três décadas como ourives. Depois de trabalhar por 18 anos na Relojoaria Schedler, abriu o próprio negócio. Atualmente, era proprietário da empresa Joias Momento Exato e fabricava joias. “Todas as óticas e relojoarias de Venâncio eram clientes dele, pois ele fabricava joias e consertava óculos.”

glênio schlosser venâncio aires
Glênio com a esposa Adriana e a filha Ester (Foto: Arquivo pessoal)

Para Adriana, a rapidez da morte do esposo deve ser um alerta para que as pessoas entendam a gravidade da doença e a necessidade da prevenção. “Ele se cuidava muito, sempre usava os equipamentos de proteção”, comenta.

Ela lembra que o primeiro sintoma que Glênio apresentou foi tosse, no dia 25 de fevereiro. Como ele tinha rinite, não suspeitou que fosse Covid. Na semana seguinte, de terça para quarta-feira, praticamente não conseguiu dormir, devido à falta de ar. No mesmo dia, foi ao médico e o teste confirmou que estava infectado. “Ele fez toda a medicação necessária, mais de 16 caixas de remédios e vitaminas”, conta a esposa.

Com a piora, na sexta-feira, 5, foi até a UPA, por orientação médica. “Chegou lá e já colocaram no oxigênio. Em seguida, teve uma parada cardíaca. Por 20 minutos tentaram reanimar ele e ele voltou. O médico disse que aquilo tinha sido um milagre, ele reagiu bem”, relata Adriana.

Na manhã de sábado, seria transferido para a UTI, mas às 6h45min teve outra parada cardíaca e não resistiu. “Com certeza, se não tivesse ido para a UPA na sexta-feira, morreria dentro de casa. Ao longo da vida, desde que nasceu, ele teve várias situações em que ele quase morreu, mas sobreviveu. Esperávamos que isso acontecesse de novo, mas infelizmente agora isso não aconteceu. Foi muito triste não poder nem se despedir, apenas tirar ele da UPA e enterrá-lo”, lamenta Adriana.

Óbitos de Venâncio

Entre a noite de sexta-feira e o sábado:

  • Mulher de 81 anos
  • Mulher de 51 anos
  • Homem de 49 anos

Entre noite de sábado e domingo:

  • Mulher de 66 anos
  • Mulher de 49 anos
  • Homem de 86 anos
  • Homem de 85 anos
  • Homem de 75 anos
  • Mulher de 38 anos

Segunda-feira:

  • Homem de 66 anos

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Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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