
O contador é peça-chave para que organizações consigam lidar com a complexidade tributária e cumprir as exigências do Fisco. A relevância da profissão é lembrada em 22 de setembro, data em que, em 1945, o então presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei n.º 7.988, que instituiu o ensino superior em Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais e criou o primeiro curso de Ciências Contábeis no Brasil.
Para marcar a data, celebrada na próxima segunda-feira, a reportagem ouviu profissionais do Curso de Ciências Contábeis da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) – ele é ofertado na modalidade semipresencial no campus de Venâncio Aires e, inclusive, está com inscrições abertas para o Vestibular de Verão 2026. Eles ressaltam a importância e os desafios da profissão e apontam o contador como figura essencial para o equilíbrio fiscal e econômico do país.
“Ele (o contador) atua como uma ponte estratégica que traduz o emaranhado das obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias para empresas e cidadãos. Sem esse profissional, a complexidade das relações tributárias e a quantidade de obrigações exigidas pelo Fisco se tornariam intransponíveis para a maioria das organizações”, pontua o coordenador do curso, Rodrigo da Silveira Kappel.
Além disso, ele menciona que o contador exerce a função de educador e conselheiro, orientando empresas sobre boas práticas de gestão financeira e tributária, sempre com foco na conformidade fiscal e na redução de riscos. “Esse papel é especialmente relevante em um país com uma das legislações mais complexas do mundo, como a brasileira”, diz.
Kappel ainda acrescenta que, ao garantir que as informações entre contribuintes e o Governo fluam corretamente, o contador cumpre um papel essencial para o bom funcionamento da economia e para a arrecadação tributária que sustenta políticas públicas e investimentos.
ROTINA DO CONTADOR
“A rotina de um contador é extremamente dinâmica e recheada de demandas técnicas. Além de gerenciar tarefas tradicionais como a escrituração contábil e a elaboração de demonstrações financeiras, o contador também precisa atender a uma infinidade de obrigações acessórias impostas pelo Governo”, explica o contador, perito assistente e professor no Curso de Ciências Contábeis da Unisc, Ricardo André Machado.
Entre essas obrigações estão declarações mensais, trimestrais e anuais que variam conforme o regime tributário da empresa. “Essas responsabilidades tornam a rotina intensa, exigindo disciplina, organização e uma grande capacidade de lidar simultaneamente com diferentes clientes, sistemas específicos e prazos legais que não podem ser descumpridos. Um erro ou atraso pode gerar multas significativas e até problemas legais para os contribuintes”, ressalta.
Machado menciona que a atuação em plataformas diferentes exige conhecimentos técnicos, atualização constante e uma grande capacidade de adaptação. “A interconexão desses sistemas impacta a rotina, obrigando os contadores a serem extremamente atentos aos prazos e às mudanças tecnológicas que, muitas vezes, ocorrem sem aviso prévio e podem gerar falhas temporárias”, cita.
Os principais sistemas digitais utilizados por contadores no Brasil
• Receitanet e e-CAC: usados para transmitir declarações e acompanhar situações fiscais perante a Receita Federal);
• Sistema Público de Escrituração Digital (SPED): centraliza diversas obrigações acessórias fiscais e contábeis, como ECD, ECF e EFD;
• Secretarias Estaduais da Fazenda (Sefaz): para emissão e validação de notas fiscais eletrônicas e apuração de ICMS;
• Escrituração Contábil Fiscal (ECF): relaciona as informações contábeis às fiscais das empresas;
• GFIP e DCTFWeb: focadas em obrigações previdenciárias e trabalhistas;
• Sistemas das prefeituras: para informações como ISS, alvarás, guias de recolhimento etc.