Ao longo do último mês, duas nascentes de arroios no interior de Venâncio Aires receberam o trabalho de recuperação das fontes d’água. As intervenções beneficiam cinco famílias em Linha Julieta e duas em Linha Cipó. São, respectivamente, as 37ª e 38ª fontes contempladas com o trabalho do Comitê das Nascentes de Venâncio Aires, iniciado em 2018. Com isso, até o momento já são 201 famílias e cerca de 380 pessoas abrangidas.
A lista de espera pelo serviço conta com 133 pedidos de recuperação de nascentes – a maioria deles, do arroio Castelhano. A perspectiva é que, ao todo, neste ano, sejam 15 beneficiadas com o trabalho, que inclui a limpeza do local, construção de uma câmara e encanamento para coleta da água diretamente na fonte, sem a possibilidade de estar contaminada, e direcionamento para uma caixa d’água. Além disso, parte da água segue o fluxo normal para desaguar no arroio.
De acordo com o engenheiro agrônomo Vicente Fin, chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar e integrante do Comitê das Nascentes, o trabalho busca garantir o acesso à água de qualidade para moradores do interior do município. Por isso, a prioridade são famílias em vulnerabilidade social.
Ele comenta que, em muitos casos, as pessoas não têm dimensão dos riscos de ingerir a água da forma como vem acontecendo nas propriedades. Sem a captação da forma correta, ela se mistura com barro, coliformes fecais e é facilmente acessada por insetos e animais peçonhentos.
“Muitos não têm percepção do quanto é prejudicial à saúde. Temos que chamar a atenção dos jovens que vivem em propriedades rurais para que se informem, se inscrevam no projeto, conversem com as empresas às quais são integrados em busca desse trabalho.”
VICENTE FIN – Chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires
A CTA Continental Tobaccos Alliance, por exemplo, tem viabilizado as obras em propriedades de produtores vinculados à empresa.
Na avaliação de Fin, além do impacto positivo para o meio ambiente, o benefício à saúde é o principal benefício. O pedreiro Gilmar Jones Schwantes, que trabalha no projeto desde o início, também ressalta a diferença da água garantida às famílias após a intervenção. “O mais gratificante é ver o pós, a satisfação das pessoas de ter água limpa para tomar”, afirma.
Apesar de integrar a equipe da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), ele atua diretamente na pasta do Meio Ambiente, com dedicação exclusiva à recuperação das nascentes. “É um trabalho artesanal, muitas vezes em locais de difícil acesso, e por isso é uma mão de obra tão especializada. O Gilmar abraçou essa causa”, cita o secretário de Meio Ambiente, Nilson Lehmen.
Durante o trabalho de recuperação da nascente, o pedreiro compartilha informações e orienta os proprietários da área sobre a importância do cercamento para possibilitar a regeneração da mata e evitar que animais pisoteiem e defequem no local.
Em alguns casos, também há a orientação para plantio de mudas de árvores. “A vegetação também cria uma barreira para que os agrotóxicos e coliformes fecais não parem nas nascentes. Se não estiver protegida, a água não estará pura”, observa a técnica em Meio Ambiente e engenheira química Carin Gomes, fiscal ambiental da secretaria.
Frentes de trabalho
Além do trabalho realizado a partir do Comitê das Nascentes, que utiliza recursos de emendas impositivas, do Fundo do Meio Ambiente, da Corsan e de clubes de serviço, uma nova frente de trabalho está sendo iniciada, com recursos da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social, a fim de atender famílias em vulnerabilidade social sem acesso à água potável. Além disso, a empresa CTA custeia mão de obra e materiais para a recuperação de fontes em propriedades de produtores integrados à tabacaleira.