Amor de irmão é um sentimento inexplicável. Na maioria das vezes, as melhores lembranças da infância foram vividas com esse familiar. Para Yudi Raphael da Costa Antunes, 12 anos, o mano Arthur Muryllo da Costa Antunes, 9 anos, é mais que o irmão e melhor amigo: é alguém que nasceu para lhe ajudar na recuperação da saúde.
Com apenas dois anos e meio, Yudi se tornou irmão mais velho. Conforme a mãe, Andressa Cristina Freitas, 30 anos, ela não pensava em ter um segundo filho tão cedo, porém, ao nascer Yudi teve muitas complicações respiratórias, epilepsia e paradas cardíacas. Durante meses, a família ficou em hospitais de Porto Alegre para tratamento do menino. “Depois de um tempo, um exame mostrou ‘fraqueza no sangue’ e o médico comentou que havia todas as chances disso gerar leucemia. Eu fiquei muito nervosa, pois nem eu nem o pai dele poderíamos doar sangue. A nossa saída foi ter mais um filho”, explica, ao se referir à possibilidade de transplante de medula.
Durante a segunda gestação da moradora do bairro Cruzeiro, o primogênito recebeu algumas transfusões no hospital e foi se recuperando. Quando Arthur nasceu, o irmão já estava sem risco de ter leucemia. “O Arthur foi gerado para ser uma possibilidade de cura, caso o Yudi precisasse. Graças a Deus não foi necessário, mas ele é quem ajuda o irmão, quem cuida, incentiva e protege”, diz.
Yudi ainda tem alguns problemas de saúde, como a epilepsia e tem atraso cognitivo. Ele frequenta a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), enquanto Arthur estuda na Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Brígida do Nascimento.
Yudi demorou mais para falar, caminhar e aprender algumas coisas, mas, com a ajuda do irmão, foi desenvolvendo essas habilidades. “Ele via o mano fazer e também queria fazer. O Arthur é muito calmo, então sempre ensinou e incentivou, ficava um tempo conversando com o mano para estimular. Os dois têm uma parceria linda”, define a mãe.
Ela considera que, se não tivesse tido mais um filho, poderia ser mais difícil para Yudi interagir. “Até para tirar sangue, pois fizemos exames periodicamente, o Yudi só vai se o Arthur estiver junto segurando a mão dele. Ele está sempre grudado no mano”, acrescenta.
Parceria do irmão
Os meninos brincam que se completam, pois gostam de fazer tudo juntos. Na hora dos temas da escola, à tardinha, sentam juntos para estudar. “Eu sempre tento ajudar o mano. Ele tem dificuldade em aprender a ler e eu já consigo, então incentivo ele. Eu pergunto as letras, começo uma palavra e peço para ele ler o resto, mas ele tem problema ainda no ‘S’ e ‘C’”, relata Arthur. “Outra coisa que também sempre falo é para as pessoas terem calma, porque meu mano é uma pessoa especial”, salienta.
Yudi diz que se não tivesse um irmão, iria querer um, porque ficar sozinho é ruim. Sem o mano, teria que brincar sozinho. “Eu amo meu irmão”, conclui o primogênito.
Leia mais: