O atacante venâncio-airense Jader Volnei Spindler, o Baré, do Al Jazira de Abu Dhabi, nos Emirados árabes, de férias em Venâncio Aires, conversou na tarde de ontem com a reportagem da Folha do Mate e falou sobre a carreira, planos e, claro, sobre futebol. O colorado Baré iniciou a carreira aos 16 anos no Defensor do Uruguai, passou pelo Botafogo, Grêmio e pelo time da cidade, Guarani. Teve uma curta passagem pela Dinamarca e se profissionalizou no Japão, onde, em 2008, foi o melhor jogador do Campeonato Pan-Pacífico pelo Gamba Osaka.
Aos 30 anos, há 11 fora do Brasil, o atacante pretende permanecer, ainda, pelo menos, por dois anos nos Emirados árabes. Baré recebeu recentemente propostas para atuar em clubes brasileiros que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro e, também, de clubes estrangeiros. No entanto, o atleta espera pelo retorno das férias, no final de junho, para o Al Jazira, onde definirá o seu futuro. Ele ainda tem um ano de contrato com o clube.
Considerado o melhor jogador do Campeonato Pan-Pacífico em 2008 e em 2001 também foi considerado o melhor jogador da final, o venâncio-airense esbanja humildade e amor por sua terra natal, se alegra com o crescimento da cidade e não dispensa a bebida-símbolo da Capital Nacional do Chimarrão.
Folha do Mate – Como foi a participação do Al Jazira na Liga da ásia, que garante vaga ao Mundial de Clubes?Baré – Começou em março a disputa e é como a Libertadores na América. é um campeonato difícil, assim como a Champions Legue. Neste ano classificamos em primeiro lugar, como a melhor equipe das 32, só que nas oitavas de final, como é só um jogo, perdemos nos pênaltis. Mas valeu pela experiência, já que o clube nunca havia passado pela primeira fase.
FM – Em compensação, em 2012, você conquistou um título. Como foi a consagração da Copa do Presidente, sob comando de Caio Júnior?Baré – Esse foi bastante complicado para o Al Jazira. Logo no início da temporada tínhamos um treinador, o Alejandro Sabella. Ele acabou aceitando um convite para comandar a Seleção da Argentina. Então começamos a temporada sem treinador. Quando a direção achou um, era um belga, que não tinha muita experiência no oriente, então foi difícil. Mas o time é um grupo com qualidade, montado pelo Abel Braga, que treinava há três anos. E a equipe jogava com um projeto que era do Abel ainda e fomos para a Copa do Presidente, que é semelhante à Copa do Brasil aqui, com poucos jogos, todos de mata-mata, em campo neutro até a final. E depois de seis ou sete jogos chegamos à final. Sob comando do Caio Júnior conquistamos o bi.
FM – E o Caio Júnior que não durou muito no Grêmio, como está se saindo no comando do Al Jazira?Baré – O Caio Júnior é uma excelente pessoa, é um cara honesto, trabalhador e merece o respeito dos jogadores. Ele chegou no Al Jazira com experiência de ter trabalhado há dois anos no Catar. Isso já facilitou um pouco e também tinha eu e o Ricardo, que já estávamos adaptados e passamos as características dos demais jogadores para ele, que foi se adaptando sem dificuldades. E ele conseguiu, numa reta final de temporada, motivar o grupo, só que o árabe em si olha muito por resultados, são exigentes, então sua permanência não é certa, até já tem rumores de que a direção esteja trocando de comando técnico, até viajei e não sei do rumo que a história levou. Se ele sair, com certeza será uma grande perda para o clube, onde ele está adaptado.
FM – Esse período agora, parada de competições, é o momento das transações e de novos acertos nos clubes árabes. O que espera quando voltar para lá?Baré – Agora realmente é a época da especulação, no clube mudou toda a diretoria, então estamos sujeitos a algumas mudanças. Apareceram propostas para mim, de alguns times do Brasil e do Catar, então ainda não tem nada de concreto. Ainda tenho um ano de contrato com o Al Jazira, então a princípio ainda sou jogador deles.
FM – Uma proposta do Brasil não te deixa motivado para voltar?Baré – Recebi nesta quarta-feira mesmo uma proposta para voltar para o Brasil, para jogar num time da Série A do Brasileiro. é uma proposta boa, tentadora, fico feliz por ter sido lembrado, mas no momento a família e eu mesmo gostamos muito de lá, então posso ficar mesmo no Al Jazira ou em outro clube de lá o máximo de tempo possível. Até tive uma proposta também para voltar ao Japão, fiquei muito feliz, mas está quase na hora de voltar, mas não para jogar, e, sim, para parar. Até porque no Brasil o futebol está diferente, mais motivado e disputado pela própria Copa do Mundo que terá aqui em 2014 e o meu projeto nunca foi este, de trabalhar num lugar tão disputado, de cobrança e de tempo e distâncias. Sei que já passei da metade da minha carreira, vou sempre me cuidar e me manter bem fisicamente para permanecer o maior tempo possível ainda em atividade.