Para os apreciadores de prédios antigos, a rua Osvaldo Aranha é um prato cheio. A via que abriga, em sua maioria, estabelecimentos comerciais, é marcada também por construções que ajudam a contar a história de Venâncio Aires.
Com o auxílio da historiadora Angelita da Rosa, a Folha do Mate apresenta um compilado com detalhes de algumas das construções mais antigas da rua Osvaldo Aranha.
- O MAIS ANTIGO DA RUA
O prédio mais antigo da rua Osvaldo Aranha foi construído para abrigar a Casa Comercial Campos. Ele fica localizado na esquina com a General Osório, em frente à Praça Coronel Thomaz Pereira, a Praça da Matriz. O estabelecimento comercial foi inaugurado em 1917 e era de propriedade de Manoel Mariante de Campos. Começou com loja de um andar e depois foi feito o segundo pavimento, que até hoje mantém parte da arquitetura antiga. Faz poucos anos que foi retirada uma grande cabeça de Hermes que tinha no segundo andar, que na mitologia grega é o protetor, quem leva a mensagem dos deuses. Além disso, é considerado o protetor do comerciante dos ladrões. Atualmente, o prédio abriga a loja Ortobom.
- UM PRÉDIO DE ATIVIDADES BANCÁRIAS
Localizado na esquina com a rua Barão do Triunfo, o prédio que hoje abriga o Banco Santander, foi construído na década de 1950 para o Banco Nacional do Comércio. Nas grades externas do prédio até pouco tempo tinham gravadas as letras BNC. É um edifício que sempre cumpriu a função de ser um prédio ligado à atividade bancária.
Atenderam no local, também, as agências do Banco da Província e do Banco Meridional.
- ÚNICO PATRIMÔNIO HISTÓRICO TOMBADO
O Edifício Storch, que abriga o Museu de Venâncio Aires e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), é o único prédio tombado como patrimônio histórico do município. Projetado pelo arquiteto Simão Gramlich, que também assina a Igreja Matriz São Sebastião Mártir e da Catedral de Santa Cruz do Sul, o prédio foi construído em 1929. O imóvel pertencia ao farmacêutico prático Gosswino Storch, que viveu no local com a esposa Dolores, violinista.
Além de sediar a farmácia, o térreo era utilizado como clínica médica, onde atendia o médico alemão Estevan Bactori. A família morava no segundo andar. Com o tempo, Dolores também se formou farmacêutica prática para trabalhar com o marido, e eles produziam os medicamentos que eram comercializados no local. Segundo relatos da família, até pequenas cirurgias eram feitas na clínica. Com o passar dos anos, o terceiro andar passou a ser ocupado pelos filhos já casados.
Gosswino Storch ganhou uma isenção de impostos urbanos de 10 anos devido ao edifício ser um prédio que embelezava a vila de Venâncio Aires. O município se emancipou em 1891, porém, o centro urbano permaneceu como vila até 1938, já que era pequeno.
- SECRETARIA DE CULTURA ERA CASA DE FAMÍLIA
O prédio que hoje abriga as instalações da Secretaria Municipal de Cultura e Esportes foi construído pela família Selbach. Tratava-se de uma família muito rica e importante no município, que tinha uma fábrica de banha onde hoje é a RGE. Na mesma casa, também funcionou o posto de saúde Central de Venâncio Aires. Um fato interessante é que esse é um prédio antigo ligado a uma família que não deixou descendentes no município, assim como a família Ruperti.
- IMÓVEL DA PREFEITURA PRESTES A COMPLETAR 60 ANOS
O prédio atual da Prefeitura de Venâncio Aires foi construído em 1960, no primeiro mandato de Alfredo Scherer. Durante as obras, os atendimentos eram feitos na antiga casa do médico e político Reynaldo Schmaedecke, onde hoje fica a Secretaria de Planejamento e Urbanismo, na rua General Osório.
No início, o prédio abrigava o centro administrativo, com o gabinete do prefeito, secretarias e a Câmara de Vereadores. Com o tempo, algumas secretarias passaram a atender em outros endereços, bem como o Legislativo, a Biblioteca Pública e Junta Militar.
- PRÉDIO DO CULI STERZ ABRIGAVA CLÍNICA MÉDICA
O prédio onde hoje fica a loja de tecidos Culi Stertz já foi clínica médica com quartos improvisados para abrigar pacientes. Neto de Reynaldo Schmaedecke, Paulo Cesar Schmaedecke conta que o avô ficou conhecido por ser o único da cidade, na época, a criar um mini-hospital, local onde eram realizadas cirurgias e internações.
No livro Baú de Memórias, consta um relato de Roberto Stertz Filho, que diz que por não ter hospitais em Venâncio Aires, os médicos tinham clínicas para abrigar os doentes com leitos. Ele relata que em 1935 teve uma pneumonia e ficou internado aos cuidados de Reynaldo Schmaedecke.
- BIBLIOTECA TEM EM TORNO DE 23 MIL OBRAS
A Biblioteca Pública Caá Yari fica na rua Osvaldo Aranha, esquina com Reynaldo Schmaedecke, desde maio de 1992. Antes, o setor funcionava junto ao prédio da Prefeitura.
Criada em 12 de abril de 1972, a biblioteca tem acervo de cerca de 23 mil obras e conta com 13.339 sócios registrados, sendo 3.614 ativos. Além do empréstimo de livros e revistas, o local é utilizado para pesquisas, utilização da internet e realização de eventos como saraus.
Na década de 90, o prédio abrigava também a Secretaria Municipal de Educação e Câmara de Vereadores. A secretaria permanece no prédio até agora.