Após a qualificação dos extensionistas rurais no final do ano passado, em março deste ano, a Agência Nacional de Assistência Técnica Rural (Anater), por meio da Emater/RS-Ascar, começou a desenvolver o projeto de Diversificação da Cultura do Tabaco. O trabalho consiste na produção de alimentos para a subsistência das famílias com outras culturas e uma forma de agregar renda, sem mudar a matriz produtiva da propriedade.
Josieli Fátima da Silva e Pedro Jair de Jesus, de Linha Paredão Pires, tem no tabaco a principal fonte de renda para eles a filha Amanda, de 7 anos. Nesta safra, são 54 mil pés plantados – nove mil a mais do que na safra passada.
Com a assistência do extensionista rural do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Rodrigo Antunes, a família passou a diversificar e plantar hortaliças para subsistência, como batata-doce, batatinha, aipim, amendoim, cebola, melancia e melão. “Antes das visitas dele, a gente não tinha noção da importância de produzir e aumentar a variedade de alimentos para consumo da nossa família”, afirma Josieli.
Josieli conta que ela o marido, por diversas vezes, já pensaram em mudar a matriz produtiva da propriedade e investir na produção de alimentos para a comercialização. Porém, isto não é possível devido a alguns fatores, como a declividade das terras e muito pedregulho – o que aliado à declividade não permite a mecanização das lavouras. A logística também dificulta a venda de alimentos, pois a família reside há mais de 60 quilômetros do centro da cidade, o que dificulta o escoamento da produção para a comercialização.
A mão de obra é familiar, porém, este ano a quantidade de tabaco cultivado na propriedade aumentou, com a contratação de um diarista para três dias por semana, que ajuda na colheita. Além disso, o casal aumentou a quantia de tabaco produzido pois ainda está pagando a propriedade de dez hectares, adquirida há alguns anos. “Ainda temos alguns anos para pagar, mas vale a pena, pois a propriedade é nossa e não precisamos arrendar e nem plantar como meeiros”, afirma Josieli.
Integração social
Ao comentar sobre o que mudou na vida da família desde que está recebendo a assistência da Emater/RS-Ascar, a agricultora Josieli Fátima da Silva destaca que melhorou o relacionamento e entrosamento com os vizinhos e com os moradores da localidade. Além disso, a família passou a particiapar mais das atividades e promoções da comunidade. “Evoluímos muito na questão social. Temos uma interação maior com os vizinhos, pois estamos passeando na casa deles, o que antes não ocorria”, destaca.
“As orientações que recebo são no sentido de diversificar a produção de alimentos para a família e não a redução, substituição ou mesmo parar de plantar tabaco.”
JOSIELI DA SILVA – Agricultora familiar
Incremento no cultivo de hortaliças
Morador de Linha Marmeleiro, o casal Abel Padilha e Lucinara da Silva também recebe a assistência da Emater/RS. Segundo Lucinara, o acompanhamento reflete diretamente no incremento da produção de alimentos para a subsistência familiar. Entre as culturas que ganharam força na propriedade estão o amendoim e a batata-doce. “Melhorou muito a produção com esta assistência e as orientações do extensionista”, frisa a agricultora.
Entre as técnicas repassadas, está a multiplicação das ramas de batata-doce. Inicialmente, tanto ela quanto outras famílias não acreditavam que a prática daria certo. No entanto, a multiplicação deu tão certo que as mudas já estão no ponto de plantio definitivo na lavoura.
Além disso, Lucinara também participou da oficina de aproveitamento integral de alimentos. O tabaco é a principal fonte de renda do casal, que tem quatro filhos, de 9, 11, 13 e 14 anos. Nesta safra, são 25 mil pés, sendo que até a safra passada a família atuava como meeira e a quantia plantada era bem maior. Nesta safra, optou-se por reduzir a área plantada, pois a família vai se mudar para outro lugar no próximo ano.
“O que aprendi na oficina de aproveitamento integral de alimentos está refletindo na cozinha, pois consigo preparar alimentos de maior qualidade que vão à mesa da minha família, o que não ocorria antes.”
LUCINARA DA SILVA – Agricultora familiar