O solo é um substrato vivo, um dos recursos naturais mais relevantes. Não existe atividade agrícola sem solo. Pela sua importância fundamental, todo tipo de cultura agrícola deve levar em consideração a preservação do solo.
Conscientizadas sobre a importância da proteção deste recurso renovável, por meio de iniciativas das empresas integradoras, pequenas propriedades rurais produtoras de tabaco têm a oportunidade de promover a sustentabilidade do solo.
Segundo o engenheiro agrônomo e assessor técnico do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Darci da Silva, as práticas de conservação e recuperação são importantes para a restruturação do solo, reservação da umidade e recuperação da biota do solo – crescimento das populações de microrganismos.
Silva acentua ainda que a sucessão e a rotação de culturas também são estimuladas, nas quais plantas com sistemas radiculares diferenciados contribuem na melhoria da estrutura do solo e ainda reduzem a incidência de pragas e doenças, ao interromper o ciclo biológico. “Todos esses procedimentos trazem mais que a preservação do solo e do meio ambiente: permitem que o produtor consciente tenha mais produtividade e qualidade nos produtos”, observa.
De acordo com Silva, nos últimos anos, percebe-se um abandono progressivo das práticas tradicionais de preparo e manejo do solo. Ele cita a lavração, gradagem, excesso de cultivações e capinas. De forma concomitante, outras práticas conservacionistas mais eficientes estão sendo implementadas com êxito. Entre elas, a subsolagem, os cultivos de cobertura, os métodos de preparação do solo, as adubações mais racionais com base nas análises de solo e demandas culturais e outras boas práticas conservacionistas complementares (terraceamento e plantio em nível).
QUALIDADE
Com relação aos reflexos das práticas de conservação do solo na produtividade e, principalmente, na qualidade do tabaco, o assessor técnico do SindiTabaco comenta que, com o transcurso das safras e a consequente melhoria das condições físico-químicas e biológicas do solo (recuperação da fertilidade natural), há comprovados resultados de incremento da produtividade e da qualidade das colheitas.
“Mas os principais aspectos positivos gerados por esses procedimentos são os ganhos técnicos, como proteção do solo e do meio ambiente, redução da mão de obra para preparo do solo e a redução crescente das demandas por fertilizantes minerais”, observa Darci da Silva.
Ele acrescenta que estes fatores são altamente contributivos para a redução dos custos de produção e o consequente incremento da rentabilidade dos produtores. “Agrega-se a isso a adoção das Boas Práticas Agrícolas (BPA), como procedimentos fundamentais para a garantia de um sistema de produção sustentável.”
Práticas de conservação e recuperação do solo
- Subsolagem (para rompimento do ‘pé-de-arado’)
- Camada adensada do solo que se forma pelas sucessivas arações, sempre na mesma profundidade, dificultando a infiltração da água e o desenvolvimento radicular das plantas)
- Montagem de pré-camalhões (camalhões antecipados)
- Cultivos de cobertura do solo (para formação de biomassa e palhada)
- Plantio em contorno (em nível)
- Terraceamento (em áreas com declive mais acentuado)
- Sistemas de cultivo com plantio direto na palhada e/ou cultivo mínimo(este com mobilização do solo apenas na área correspondente às linhas de plantio).
“O essencial é manter o solo protegido o maior tempo possível. Solo desnudo estará sempre predisposto aos efeitos da erosão, acelerando sua degradação física, química e biológica.”
DARCI DA SILVA – Engenheiro agrônomo
QUALIDADE DO SOLO
A capacidade produtiva agrícola está diretamente ligada à qualidade do solo, que funciona como um ecossistema que sustenta a produtividade biológica, o vigor e a saúde das plantas. Todas as práticas de recuperação da saúde do solo, segundo o engenheiro agrônomo e assessor técnico do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Darci da Silva, trazem mais que a preservação do solo e do meio ambiente. “Elas permitem que o produtor consciente tenha mais produtividade e qualidade nos seus produtos”, afirma.
Tendo consciência de que é possível praticar uma agricultura mais inteligente, preservando e aumentando a biodiversidade do solo e das plantas, o fumicultor Gilmar José da Silveira, morador de Linha Herval Mirim, às margens da rodovia RSC-453, adotou o uso de recuperadoras do solo, há 5 anos.
Nesta safra, plantou 70 mil pés de tabaco, sendo que em 55 mil efetuou o plantio direto sobre a palhada da aveia preta e em 15 mil adotou como experimento a brachiária ruziziensis.
O agricultor conta que adotou as práticas pois se preocupava com a saúde do solo e via os bons resultados durante todo o ciclo do tabaco de fumicultores que já utilizavam esse sistema. Além disso, também optou em função da redução da mão de obra, que é totalmente familiar, e ainda da diminuição dos custos de produção desde o plantio até a colheita.
Outro benefício citado pelo fumicultor é que, no momento da colheita, o tabaco sai limpo da lavoura, o que garante uma produção de qualidade. “Quando se tem uma lavoura com padrão de qualidade estabelecido, facilita o manejo e o resultado é a qualidade do tabaco após a cura e a secagem, que é superior se comparado com o plantio sem o uso desta prática”, refere.
“Se o produtor não cuidar da saúde do seu solo, está fadado a não mais conseguir produzir e muito menos, colher. Isto vale para qualquer cultura e não somente para o tabaco.”
GILMAR JOSÉ DA SILVEIRA – Fumicultor
Brachiária ruziziensis
Esta variedade se desenvolve em solos de média fertilidade química. Tem como característica a precocidade e alta produção de biomassa. Pode ser empregada consorciada ao milho e outras culturas. Ainda oferece facilidade de manejo e possui alta reciclagem de nutrientes.