O problema não está no brinde, mas no ruído, no timing e na ausência de uma ação de entrega com propósito.
O problema não está no brinde, mas no ruído, no timing e na ausência de uma ação de entrega com propósito.

Enquanto o mercado concentra esforços em brindes de final de ano, escolhi seguir um caminho diferente. Não por acaso, mas por estratégia.

No encerramento do ano, os brindes se tornam previsíveis. São muitos, chegam todos ao mesmo tempo e, na maioria das vezes, acabam perdendo significado. A intenção é boa, mas a relevância se dilui e o gesto passa despercebido. Sem mencionar a quantidade de amigos secretos para os quais somos convidados neste período. Te digo que a atenção fica fragmentada e o ambiente marcado por uma clara saturação perceptiva.

Foi em 2001, na minha própria empresa, que apliquei pela primeira vez a estratégia de entregar o brinde no início do ano. O resultado foi claro e superou, inclusive, as projeções iniciais. Desde então, ao longo dos anos, essa escolha apenas confirmou e revalidou o impacto positivo da ação.

Mas há um ponto essencial que precisa ser compreendido. Não se trata apenas de entregar um brinde. Trata-se do que é entregue e, principalmente, de como essa entrega acontece.

Um brinde sem contexto e sem propósito é apenas um objeto. Já um brinde acompanhado de uma ação de entrega, com intenção, narrativa e presença, transforma a experiência. Nesse processo, é fundamental pensar em como você ou sua marca querem ser percebidos, qual valor real está sendo oferecido e que utilidade esse brinde entrega.

Não obstante, faz parte da estratégia considerar as necessidades humanas, sim, falo da hierarquia de Maslow, e refletir sobre quais e quantos dos cinco sentidos são ativados nessa experiência. Quanto mais sentidos envolvidos, maior tende a ser a duração do impacto. Quanto mais conseguir mexer nestes sentidos, mais duradouro o resultado. Existe ainda uma pergunta que poucos fazem: um brinde entregue uma vez por ano sustenta o quê e por quanto tempo? Pensar nisso é pensar em continuidade.

É essa combinação que gera lembrança, conexão e resultado real. O valor não está no item em si, mas no significado construído ao redor dele. Vivemos em um mundo rico em informação, porém escasso em atenção e criatividade.

Ao orientar meus clientes a mudança de rumo é sempre estratégica e consciente. Alterar o timing, sair do fluxo comum e criar uma ação de entrega bem pensada comunica posicionamento, diferenciação e pioneirismo.

Em um mercado saturado de gestos automáticos, digo com convicção: a relevância não nasce de surfar a mesma onda da maioria. Ela nasce da estratégia e da coragem de ser autêntico.