Crianças nascidas em 2025 já fazem parte da geração Beta, que tem previsão de se estender até o ano de 2039 (Foto: Pexels/Divulgação)
Crianças nascidas em 2025 já fazem parte da geração Beta, que tem previsão de se estender até o ano de 2039 (Foto: Pexels/Divulgação)

Ano novo, geração nova. De acordo com pesquisadores, a virada de 2024 para 2025 representa o fim da geração Alpha, iniciada em 2011, e a chegada dos bebês Beta, que devem ser classificados assim até 2039. Segundo a especialista em Recursos Humanos e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Bernardete Bregolin Cerutti, a nova geração é marcada fortemente pela tecnologia – cada vez mais inserida no cotidiano das pessoas -, e uso da inteligência artificial (IA), além das dificuldades geradas a partir das mudanças climáticas.

“Esse conceito é bastante recente. Ele faz referência ao alfabeto grego e também à fase de desenvolvimento de software, simbolizando que essa geração será marcada pela experimentação, pela inovação e pela busca constante por soluções em um mundo em evolução”, explicou ela, em entrevista ao programa Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM.

Durante a conversa, a docente destacou os impactos que essa nova geração deve gerar na sociedade. Ela listou prováveis conflitos, como choque de valores, tecnologia, trabalho, estilo de vida e sustentabilidade, mas também as oportunidades de trocas de experiência entre gerações distantes.

Estilo de vida da geração Beta

Professora Bernardete é especialista no tema (Foto: Arquivo pessoal)

“As gerações mais antigas, como os Baby Boomers (1945-1960) e a geração Silenciosa (1925-1944), tendem a valorizar mais a estabilidade, a disciplina e a própria hierarquia, tanto no ambiente familiar quanto organizacional. Já a geração Beta provavelmente terá uma visão muito mais fluida e aberta, priorizando mudanças rápidas, inovação, inclusão e flexibilidade”, justificou Bernardete. Conforme a especialista, essa é uma mudança que vem sendo gradual há muitas gerações e que seguirá com os bebês nascidos a partir de 2025.

Essa visão inclusiva e flexível terá, como resultado, uma sociedade mais ‘horizontalizada’, em que os diferentes níveis hierárquicos não tenham mais tanta importância como em outros contextos históricos. Por isso, outro reflexo direto da ascensão da geração Beta será no mercado de trabalho. “Os mais velhos valorizam o trabalho formal, a estabilidade financeira e também as carreiras de longo prazo. Eu sou de um tempo em que os meus pais me diziam ‘cuidado, não fica trocando de empresa, não suja a tua carteira profissional’. Esse é um termo que eu ouvi muito. Enquanto que, na geração Beta, provavelmente, o trabalho será muito mais flexível, com foco em qualidade de vida”, afirmou.

Para ela, o trabalho considerado ideal terá relação direta com premissas pessoais baseadas, muitas vezes, em questões morais: “Se o trabalho não tiver um propósito, não vão dar continuidade. Enxergo muito isso nas gerações mais recentes, que já vêm tendo esse olhar, o que pode ser incompreendido pelos mais velhos.”

Outros aspectos fundamentais para a nova geração de cidadãos terão a ver com a tecnologia e com a sustentabilidade. “A geração Beta viverá completamente imersa em inteligência artificial, como, por exemplo, realidade aumentada, metaverso e a própria automação”, apontou a pesquisadora. Segundo ela, a necessidade de adaptação às novas ferramentas independerá da área de atuação: “As gerações mais antigas precisam também se adaptar e aprender com essa geração mais jovem.”

Já a preservação do meio ambiente também deve ganhar ainda mais evidência. “Os Beta crescerão em um mundo altamente impactado pelas mudanças climáticas e também terão um forte senso de responsabilidade ambiental. Isso pode gerar tensões com as gerações anteriores, que nem sempre priorizaram a sustentabilidade”, ponderou.

De acordo com o Observatório Copernicus, a Terra ultrapassou, em 2024, o limite estabelecido para temperatura média global no Acordo de Paris, em 2015, de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Especialistas apontam que quebrar a marca gerará, com mais frequência, eventos catastróficos no planeta, como enchentes, secas, calor e tempestades. Dessa forma, atividades sustentáveis, como o uso de carros elétricos, diminuição do uso de combustíveis fósseis e a procura por energias limpas e renováveis devem ficar ainda mais em alta.

Aprendizado e troca de experiências: as oportunidades

Embora naturalmente o contato entre as diferentes gerações cause conflitos, a professora Bernardete Bregolin Cerutti tem uma percepção mais positiva sobre a maneira com que os jovens podem agregar à sociedade. “Eu acredito muito que os jovens da geração Beta podem influenciar positivamente os mais velhos em temas como preservação ambiental, consumo consciente e até provocar mudanças sociais, trazendo essas reflexões importantes para toda a sociedade”, disse.

Além disso, ela destacou que os jovens serão fundamentais também para auxiliar as gerações anteriores na adaptação às novas tecnologias, assim como evitar que os mais velhos se sintam isolados e alheios às inovações.

“O contato com a história de vida dos mais velhos pode ajudar a geração Beta a ter uma visão mais humanizada e contextualizada do mundo. Os saberes empíricos são tão importantes quanto os saberes formais.”

BERNARDETE CERUTTI
Especialista em Recursos Humanos e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates)

Mas a troca também funciona como uma ‘mão dupla’, como mencionou a especialista: “As gerações mais antigas podem transmitir valores importantíssimos, como disciplina, empatia, resiliência e paciência, que são importantes para nossa vida pessoal e profissional.”

Mercado de trabalho com a geração Beta

Da mesma forma que ocorre no campo pessoal, a convivência entre as variadas gerações é benéfica também no âmbito profissional. De acordo com Bernardete, as organizações que conseguirem internalizar essa troca de forma sustentável sairão na frente. “São oportunidades de criatividade, de inovação, de socialização, de integração. As empresas que estiverem abertas a isso terão diálogos verdadeiros, conhecimentos compartilhados, será uma empresa diferenciada, porque integrar o mais antigo com o mais novo vai gerar conhecimentos riquíssimos, vão sair inovações nos processos de trabalho e serão criadas coisas novas”, justificou.

No entanto, para que isso funcione, ela alertou que será necessário diálogo, escuta e capacidade de adaptação às mudanças: “Assim, a gente vai ter um convívio extremamente positivo com cada um se sentindo importante e valorizado.”

O que são as gerações?

  • As gerações são definidas com base em fatores sociais, culturais e tecnológicos que moldam o comportamento das pessoas que nascem em determinados períodos.
  • Esses aspectos são eventos históricos importantes, avanços tecnológicos, mudanças culturais e sociais e tendências econômicas.
  • De acordo com a professora Bernardete Bregolin Cerutti, cada geração dura, em média, 17 anos, embora isso não seja uniforme. Por exemplo, a geração Alfa começou em 2011 e seguiu até o fim de 2024.

Como as gerações são divididas?

  • Geração Perdida: entre 1883 e 1900
  • Geração Grandiosa: entre 1901 e 1924
  • Geração Silenciosa: entre 1925 e 1944
  • Baby Boomers: entre 1945 e 1960
  • Geração X: entre 1961 e 1983
  • Geração Y ou Millennials: entre 1984 e 1999
  • Geração Z: entre 2000 e 2010
  • Geração Alpha: entre 2011 e 2024
  • Geração Beta: a partir de 2025 (previsão até 2039)
Juan Grings

Repórter

Atento aos principais fatos que impactam a comunidade, também é produtor de programas jornalísticos da Rádio Terra FM.

Atento aos principais fatos que impactam a comunidade, também é produtor de programas jornalísticos da Rádio Terra FM.