Desde a infância, Djeimi Isabel Janisch, 35 anos, preferia ficar na roça com o pai, do que ajudar a mãe nos deveres da casa. Hoje é agrônoma, formada e mestre pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e atua como extensionista da Emater de Venâncio Aires, sua cidade natal.
A profissional, que reside desde criança em Linha Travessa, é filha de agricultor e de professora e cresceu no meio rural. “Minha mãe foi minha professora, ela que me alfabetizou”, lembra, orgulhosa. O pai sempre ensinou ela a cuidar da propriedade e deixava fazer algumas tarefas. “Eu limpava o chiqueiro três vezes por dia.”
No período da pré-adolescência, Djeimi se dividia entre seguir duas carreiras, de docente ou de agrônoma, ambas inspiradas nos pais. Fez o magistério, estagiou em uma escola do interior, porém não se apaixonou por lecionar. “Eu tinha plano A e B. O mais próximo e fácil era ser professora, mas decidi partir para o segundo plano.”
Depois de ingressar no curso Técnico de Agronomia do Colégio Politécnico da UFSM, se dedicou aos estudos para o vestibular e, em 2005, passou a cursar Agronomia, na mesma instituição. “Quando comecei o técnico, fui de ônibus para Santa Maria com uma mala e um colchão”, recorda.
No momento em que se mudou para o coração do Rio Grande, como a cidade é conhecida, Djeimi morou na casa de estudantes e aprendeu a se virar em uma ‘cidade grande’. “Meus pais confiaram em mim, porque eles não sabiam direito como era o lugar que eu ficaria”, conta. Assim que começou na graduação, integrou um projeto de pesquisa sobre horticultura, onde iniciou o trabalho com morangos. “Fiz até o mestrado nesse ramo, trabalhei com morangos de 2005 até 2012 na universidade, por isso adoro essa área”, comenta.
Também observa que maioria de seus colegas eram homens. “No passar dos anos, mais mulheres foram entrando nesse meio.” Ela estima que na turma de formandos de 60 pessoas, cerca de oito eram mulheres. “É uma área machista, principalmente quando o foco são grandes lavouras. Mas isso não quer dizer que não temos mulheres ativas nesses locais”, enfatiza.
“Não tem profissão de homem ou de mulher. Tem aquilo que gostamos de fazer.”
DJEIMI ISABEL JANISCH
Agrônoma
TRABALHO
Na Emater, onde atua há quase sete anos, Djeimi é a única agrônoma mulher e diz que, às vezes, percebe alguns comentários. “Chegam no escritório e pedem para falar com o técnico, acham que sou secretária. Logo respondo se pode ser uma técnica e fica tudo tranquilo”, conta.
Mesmo sendo uma profissão masculinizada, ela ressalta que não existe diferença entre trabalho feito por homem ou mulher. “O que pode mudar é a visão de uma mulher quando entra em uma propriedade do que quando é um homem. Porque nós temos uma visão mais sensível e social.”
Entre os exemplo práticos, a profissional diz que procura sempre empoderar a mulher no meio rural, especialmente em atividades de horticultura. “Se um colega meu atender ele vai trabalhar direto com o homem e tudo bem. Eu já tento englobar mais elas nos assuntos e tarefas”.
Ela ressalta que as mulheres atuantes conseguem ter mais independência. “Na maioria dos casos, o dinheiro do fumo é administrado pelo homem. Quando a mulher tem uma atividade como horticultura, ela consegue ter o próprio controle e retorno financeiro direto.”
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