Em meio aos cortes e bloqueios de orçamento, o campus do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) de Venâncio Aires vem passando por restrições e tentando concretizar obras e melhorias importantes para a infraestrutura do local, como é o caso do projeto do ginásio esportivo e a reforma do auditório da instituição.
Em entrevista ao programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, o diretor-geral do campus, Geovane Griesang, afirmou que o projeto de execução do ginásio está em andamento. Ele ressaltou que a empresa que ganhou a licitação está terminando a quadra esportiva, faltando ainda ajustes finais, como a correção da marcação e fissuras de retração no concreto.
Esta primeira etapa teve custo de R$ 554.904,77, com a construção da quadra e movimentação de terra. A segunda etapa é a cobertura, mas para isso é necessário contar com recursos externos. “Esse é o primeiro módulo de um projeto maior para a construção do ginásio poliesportivo com medidas oficiais, que ao seu término incluirá uma quadra coberta, arquibancadas, salas de apoio, vestiários, palco e capacidade para 590 pessoas”, explicou.
Griesang enfatizou que, embora o projeto do ginásio esteja pronto, no momento, não há recursos disponíveis para avançar e executar a próxima etapa, com investimento estimado em R$ 2 milhões. “A cobertura da quadra é fundamental para as atividades pedagógicas de Educação Física e para a realização de eventos esportivos, garantindo um espaço adequado e protegido contra intempéries. A direção seguirá em busca de apoio e investimento para concretizar esse projeto, que será de grande importância para o desenvolvimento dos estudantes e da comunidade acadêmica”, comentou.
Auditório
O auditório, que esteve interditado por um ano, foi liberado, mas necessita de reparos e reformas devido aos prejuízos causados pelo elevado volume de chuva registrado em maio deste ano, que danificou a estrutura, principalmente o telhado. O diretor-geral comentou que a equipe registrou em vídeos e fotos a situação que mostrou equipamentos e móveis sendo danificados por infiltrações, o que levou o Governo Federal a destinar um recurso extraordinário para reforma do local e mais blocos do IFSul. Uma empresa já venceu a licitação e, dentro de 15 a 20 dias, deve iniciar os reparos, que serão mais significativos no auditório, e também contemplam os blocos de convivência e salas de aula 2 com a troca completa do telhado.
O recurso, que totaliza R$ 1.015.129,46, foi disponibilizado em caráter emergencial, diante da situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, e com um prazo curto para execução financeira. “É importante ressaltar que este é um investimento único e que não se repetirá nos próximos anos, sendo imprescindível o uso eficiente desse valor neste momento crítico”, salientou Griesang.
O auditório deve ser interditado nos próximos dias. A equipe do IFSul aguarda confirmação da empresa, mas a estimativa é que a interdição ocorrerá a partir do dia 14 de outubro. A previsão é de que esteja pronto para uso no início do ano letivo de 2025, em março. Para as formaturas previstas, a direção já está solicitando o auditório da Câmara de Vereadores. Já nos blocos de aulas, a empresa estima que não sejam necessárias interdições totais, mas algumas áreas podem ser temporariamente bloqueadas em momentos específicos.


Obras a serem executadas com recurso do Governo Federal
- Reforma da cobertura do auditório, além da troca do forro e de parte da instalação elétrica.
- Drenagem do piso do auditório.
- Reforma da cobertura do bloco de convivência.
- Reforma da cobertura do bloco de salas de aula 2.
Orçamento segue afetado com bloqueios
Na mesma entrevista ao programa Terra em Uma Hora, o diretor-geral do campus, Geovane Griesang, afirmou que, em agosto, o Governo Federal, através do Ministério da Educação (MEC), anunciou um bloqueio de 18% (R$ 334.100,26) no orçamento da instituição. No entanto, há duas semanas houve a recomposição de 8% – portanto, 10% (R$ 185.611,26) ainda seguem bloqueados. “O Governo Federal não fala em corte, mas bloqueio, o que dá a entender que esse valor será desbloqueado até o fim do ano. O ideal é que estivesse disponível para não precisar restringir as ações até o fim do ano”, comentou. A perspectiva é que os valores sejam liderados, no máximo, até dezembro.
Os recursos recebidos são usados para as atividades corriqueiras, como o pagamento dos contratados, terceirizados e das contas básicas mensais e compra de materiais para aulas. Para a infraestrutura física, Griesang afirmou que não é possível o investimento em obras com os valores recebidos. Por isso, a administração do campus procura por recursos externos para as melhorias e avanços. No dia 16 de setembro, Griesang inclusive fez uso da tribuna livre na Câmara de Vereadores para solicitar a ajuda dos parlamentares nas obras de melhorias.
Uma das decisões já tomadas em virtude do bloqueio de orçamento é o cancelamento da Mostra Venâncio-Airense de Cultura e Inovação (Movaci) para este ano, já que a instituição não teria recursos suficientes para custeio do evento e da vinda de estudantes. Outros reflexos são as paralisações nas participações em feiras e a interrupção de visitas técnicas, quando a equipe do IFSul visita escolas e desloca estudantes até o campus para que conheçam a estrutura. Além de restrições na compra de materiais para as aulas, como gases para solda e cabos.
“Embora se busque alternativas e recursos externos para mitigar os impactos, essa não deveria ser a solução ideal. Seguiremos comprometidos em oferecer educação gratuita e de qualidade para Venâncio Aires e região, mas o reforço no orçamento é crucial para a garantia da continuidade das ações sem comprometer a qualidade”, enfatizou Griesang.
- As aulas deste ano letivo no campus de Venâncio seguem ate o dia 27 de janeiro, devido às recuperações em função da greve dos servidores federais que ocorreu em abril deste ano.
Para entender
- Todos os anos, o campus de Venâncio Aires recebe um recurso de custeio destinado a manter as atividades da escola. Em 2024, o valor foi de R$ 1.856.112,56, corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em relação ao ano anterior. No entanto, segundo o diretor-geral do campus, Geovane Griesang, esse recurso é extremamente limitado.
- Deste montante, Griesang explicou que R$ 1.274.034,90 são comprometidos com contratos de serviços essenciais, como vigilância 24 horas, limpeza, motorista, recepção, manutenção predial e suporte a pessoas com necessidades específicas, entre outros.
- Assim, restam R$ 582.077,66 para serem usados ao longo dos 12 meses, o que inclui despesas como água, luz (a conta de março foi de R$ 17.742,50), combustível, material de manutenção dos veículos, despesas com processos seletivos, material de uso em sala de aula e taxas diversas.