Por Débora Kist e Luana Schweikart
Em janeiro, já serão dois anos desde que iniciou a imunização contra a Covid-19 em Venâncio Aires. Do primeiro mês de 2021 até agora, foram muitas as mobilizações para que as pessoas se vacinassem e novos públicos foram recebendo a condição de serem imunizados, mas há pessoas que, até hoje, têm doses em atraso.
Segundo a enfermeira coordenadora do setor de imunizações da Prefeitura, Janete Fernandes de Souza, ainda não se tem informações com relação a uma possível inclusão da vacina contra a Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação, assim como não se sabe se o esquema vacinal avançará ainda mais ou se vai encerrar nas quatro doses, sendo duas doses primárias e mais duas de reforço.
Em Venâncio Aires, atualmente, a quarta dose (segunda de reforço) está liberada para pessoas com mais de 35 anos e profissionais de saúde. Para os imunossuprimidos (que são, por exemplo, pessoas que têm HIV, transplantados e pacientes oncológicos em tratamento), a quarta dose já está liberada a partir dos 18 anos. “A quarta dose não depende da marca das vacinas feitas, inclusive, quem iniciou o esquema de vacinas com a Janssen e tem 35 anos, já pode receber a quarta dose, lembrando que ela deve ser feita quatro meses após a dose três”, explica Janete.
De acordo com o ‘vacinômetro’ da Prefeitura de Venâncio Aires, na população vacinável (3 anos ou mais), 90,06% estão vacinados com a primeira dose ou única; 80,56% com a segunda dose; 47,33% com a terceira (primeira de reforço); e 12,69% na quarta dose (segunda de reforço).
Covid baby
Esse é o nome que a equipe de imunizações usa para identificar a vacina contra a Covid-19 para crianças a partir dos seis meses de idade até 2 anos, 11 meses e 29 dias. É uma vacina da marca Pfizer que, na Capital Nacional do Chimarrão, no momento, só está disponível para aquelas com comorbidades.
Janete comenta que, como o público-alvo para esta vacina é muito pequeno – 2.304 crianças -, as equipes de imunização fazem contato com os pediatras do município para identificar e fazer o agendamento para aplicação, pois assim não se perde nenhuma dose. Até o momento, nenhuma dose foi aplicada e o município recebeu 90 delas.
Doses e intervalos
1 Entre as doses um e dois da CoronaVac, são quatro semanas de intervalo. Após quatro meses se faz a terceira dose (reforço um) para pessoas a partir dos 12 anos. Depois de quatro meses é liberada a dose quatro (reforço dois) para pessoas a partir dos 35 anos, profissionais da saúde ou pessoas com 18 anos ou mais com condição de saúde de baixa imunidade.
2 Entre as doses um e dois da Pfizer, são oito semanas de intervalo. Para as doses três e quatro, os reforços seguem os mesmos critérios da CoronaVac, descritos acima. Para a dose pediátrica da Pfizer, o intervalo entre as doses um e dois é de oito semanas. Esse imunizante é indicado para crianças de 5 a 11 anos. No momento, não há orientação de doses de reforço para esta faixa etária.
3 Pessoas que receberam a dose única da Janssen, seguem o esquema vacinal com doses da Pfizer. No momento, Venâncio Aires não está recebendo doses da vacina AstraZeneca, portanto, quem recebeu doses deste imunizante, seguirá com Pfizer ou CoronaVac.
4 A chamada dose adicional, que aparece em alguns controles de doses aplicadas, é a dose três (reforço um) para os imunossuprimidos. A mudança é que, neste caso, o esquema é antecipado, após a dose dois são esperados dois meses para receber o reforço um e, depois, se aguarda os mesmos quatro meses para o reforço dois.
Vacinação em números*
• A população total de Venâncio Aires é considerada hoje em 71.973 pessoas, já a população vacinável (3 anos para mais) é de 69.653 pessoas.
• Levando em consideração a população vacinável que já recebeu pelo menos uma dose, são 8.087 pessoas ainda sem nenhuma dose, no público de 3 anos ou mais.
• Na população com 80 anos ou mais, que totaliza 2.152 pessoas, 866 estão com quatro doses.
• No público entre 18 a 79 anos, com 55.537 pessoas, 30.915 receberam três doses e 7.703, quatro doses, já que esta última etapa está liberada para pessoas com 35 anos ou mais no momento.
• Adolescentes com 12 a 17 anos (5.012 habitantes), apenas 553 receberam três doses, que é o esquema completo para o público até o momento.
• Crianças de 5 a 11 anos (5.405 no total), têm 2.146 com duas doses feitas.
• Crianças de 3 a 4 anos (1.547), têm 46 com o esquema completo com duas doses aplicadas.
*Dados desta sexta-feira, 2, do painel de Monitoramento da Imunização Covid-19 da Secretaria de Saúde do Estado.
O que é considerado esquema completo de vacinação?
• No estado, é considerado esquema completo, idosos e adultos que tenham recebido três doses do imunizante e adolescentes e crianças com duas doses da vacina. Neste público, estão no momento 37.979 pessoas, ou seja, 54,5% da população vacinável.
• Já no município, a equipe de imunizações, conforme orientação da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) – que leva em consideração o Plano Nacional de imunizações (PNI) -, considera o esquema completo quando a pessoa recebeu todas as doses disponíveis para a sua idade. Ou seja, quem tem 35 anos, deve ter feito quatro doses.
“Não vacinados de forma completa têm aumentado número de internações”, diz infectologista
Com a nova variante BQ.1 em circulação e que se mostrou com maior grau de transmissibilidade, médicos e órgãos públicos voltaram a reforçar sobre os cuidados. “O vírus está circulando entre nós e vai continuar. À medida que o tempo passa, ele sofre mutações, tentando se adaptar, e acaba vindo com novas características”, explicou a médica infectologista Sandra Knudsen.
Em Venâncio Aires, que no fim de outubro comemorou uma semana de zero casos novos, zero casos ativos e zero internados, o que não acontecia desde abril de 2020 (na primeira confirmação), nos últimos dias houve registro de aumento de casos e até internações. A situação já impactou no atendimento do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que retomaram a obrigatoriedade de máscaras e os visitantes e acompanhantes devem usar o item, além de todos os profissionais que prestam atendimento direto aos pacientes.
Sandra Knudsen destaca que segue a preocupação com os grupos de risco para agravamento, principalmente idosos e imunossuprimidos. Mas a médica chama atenção para outro grupo, o qual tem mostrado um aumento de internações: os não vacinados de forma completa. “Isso é um aviso para as pessoas que ainda não completaram seu esquema de vacinas, e quando falo isso me refiro às duas doses básicas, mais os reforços conforme idade e situação clínica, incluindo crianças. Então, se vacinem, porque esses grupos sem esquema completo são mais vulneráveis.”
Testagem
A queda nos últimos meses no número de casos também refletiu na procura por testes rápidos. De acordo com dados da Secretaria de Saúde de Venâncio Aires, a busca pela testagem na rede pública vem diminuindo mês a mês em 2022 e a maior queda aconteceu entre agosto e setembro, quando caiu de 1.014 para 370.
Para a médica Sandra Knudsen, a população que tiver sintomas respiratórios, independente de ter todas as vacinas ou já ter positivado anteriormente, deve continuar fazendo o teste. “Isso nos ajuda a planejar ações. No momento que a gente sabe que está aumentado o número de casos aqui, a tendência é voltar aos cuidados mais rigorosos em termos de prevenção, como máscara. E as pessoas, sabendo que o vírus está circulando mais, tendem a se preocupar e procurar pelas vacinas. Então é importante que façam o teste.”
“Quem tiver sintomas respiratórios, use máscara para evitar a transmissão e faça o teste para ter certeza se é Covid ou não. Assim, temos condições de usar esses números para planejar ações de forma efetiva.”
SANDRA KNUDSEN
Médica infectologista