Além do álcool em gel e máscaras, outro item que vem sendo bastante procurado e está chamando a atenção dos balconistas das farmácias de Venâncio Aires é o Bálsamo Alemão. Um fitoterápico que vem sendo buscado, praticamente, na mesma intensidade que os outros itens de prevenção.
A reportagem foi atrás de respostas e possíveis esclarecimentos. Mas sabe-se que não existem pesquisas científicas que comprovem o uso do bálsamo alemão para combater ou prevenir alguma doença.
A procura pelo bálsamo é tão expressiva que o produto está em falta em praticamente todos os estabelecimentos consultados pela Folha do Mate. Para se ter ideia, durante 10 minutos em uma das farmácias do município, a reportagem presenciou seis pessoas procurando pelo produto e 10 pelo álcool em gel. Proprietário da Lefa Farma Rede Vida Farmácias, Edson Baiard explica que o estabelecimento adotou uma medida em virtude da alta procura. “Estamos comercializando apenas uma unidade de máscara, álcool em gel e Bálsamo Alemão por CPF. Queremos incentivar a empatia, e acalmar esse consumo desenfreado.”
Procura por bálsamo alemão
Quem estava a procura do Bálsamo Alemão, na tarde de ontem, era a empresária Ingrid Hamester, 66 anos. Ela conta que desde criança faz o uso do medicamento. “Isso é algo que minha avó já nos ensinava. Hoje, minha mãe, de 86 anos, pediu que eu viesse comprar. Estava procurando.”
Entretanto, Ingrid observa que faz o uso do Bálsamo Alemão todos os anos. “Nossa família tem por hábito usar o bálsamo. Antigamente se usava uma vez antes de chegar o inverno e uma vez antes de chegar o verão, sempre nas trocas das estações”, conta.
Ela também reforça que sua avó explicava que funcionava como vacina. “Isso é um medicamento muito antigo, que passa de geração para geração. Acredito que serve como uma vitamina.”
Há mais de 20 anos no ramo, a farmacêutica Bárbara Aline Hansel, 43 anos, conta que quando ocorre a troca de estação as pessoas buscam pelo Bálsamo Alemão. “Isso está relacionado com a cultura alemã.”
Todavia, Bárbara explica que desde a última semana, as pessoas têm procurado o bálsamo como método de prevenção do coronavírus. “A procura está intensa. A gente vende, mas não existe nada comprovado que ele previne alguma doença. É uma crença, uma cultura muito antiga.”
Em uma outra farmácia do centro da cidade, o pico do movimento foi registrado desde a última segunda, 16. Foram comercializados 100 vidros do Bálsamo Alemão em menos de dois dias. Alguns estabelecimentos não estão conseguindo repor o produtos devido a grande procura. Em outro estabelecimento, em duas horas foram comercializadas 150 unidades nesta quarta-feira. Além do bálsamo, as máscaras e o álcool em gel estão em falta nas distribuidoras.

Médicos destacam que não há comprovações científicas sobre uso do bálsamo alemão
A clínica médica e terapeuta intensiva Vera Regina Helfer explica que desconhece de estudos, pesquisas, artigos, livros ou qualquer método científico que comprove a eficácia do produto. “Não conheço alguma comprovação científica do uso do bálsamo alemão”, afirma.
Conforme Vera, o bálsamo alemão é composto por quatro ingredientes: Vitamina E, extrato de juniperus, enxofre e turpentine. “É um fitoterápico, um medicamento natural”, destaca.
A médica conta que conhece o produto devido a história que o bálsamo ‘carrega’. “Minha avó usava. Mas hoje, nós médicos não temos nenhuma comprovação de que ele ajude para alguma doença. E o que precisa ser ressaltado é que para o coronavírus não tem remédio, ainda, que possa nos curar”, salienta.
Em entrevista ao programa Terra em Meia Hora, o médico otorrinolaringologista Renato Girardi Fragomeni reforçou que não existem pesquisas que comprovem a eficácia do medicamento. “Não tem nada científico que fale a favor do bálsamo alemão”. O médico pediatra Vilson Gauer também frisou que é necessário buscar a prevenção. “Não existe nada que aumente a imunidade das pessoas. Se existisse, seria muito bom. Então não adianta correr e tomar vitamina. Isso é perder o foco. O nosso foco é prevenção”, reforça.

Curiosidades sobre o bálsamo alemão
Várias pessoas que estavam em busca do Bálsamo Alemão também comentam que o produto é chamado de Mainzer Tropfen , em alemão. Originalmente trazido da Alemanha e datado de 1744, é considerado um dos medicamentos mais antigos do Brasil. Há mais de 60 anos ele é comercializado no país como promessa de ‘limpar o organismo’.
Oferta e demanda
- O proprietário da Lefa Farma Rede Vida Farmácias, Edson Baiard, explicou a que a situação nas distribuidoras é preocupante. “Os produtos triplicaram de preço na distribuidora. Não é o dono da farmácia que está aumentando o preço, mas é a lei da oferta e da procura.”
- Baiard relatou que já faltam matérias-primas de medicamentos, componentes de produção para o álcool em gel. “São produtos que estão em falta no Brasil. E a tendência é piorar.”
- A indústria farmacêutica está sinalizando falta de matéria-prima. Um dos motivos elencados é a grande procura pelos itens. “A população está compulsiva, comprando em grandes quantidades, mas está se esquecendo do principal, se prevenir. Evitar aglomerações, circulação. O coronavírus está aí. Precisamos nos prevenir.”
Vacina contra o novo Coronavírus
Informações que circulam nos meios de comunicação internacional dão conta de que a China aprovou que pesquisadores iniciem testes de segurança em humanos de uma vacina experimental contra o novo coronavírus, em meio à corrida para desenvolver uma imunização contra a Covid-19.
Além disso, nos Estados Unidos, na segunda-feira, 16, ocorreu o primeiro teste da vacina contra o coronavírus em humanos.