Uma forma de amenizar o sofrimento das vítimas das enchentes, em Venâncio Aires, além da acolhida em abrigos e destinação de doações, tem sido o cuidado com os animais de estimação das famílias. Atualmente, são 77 cães abrigados no Pavilhão Agropecuário, no Parque do Chimarrão. O trabalho é coordenado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), com auxílio de muitos voluntários.
São animais que foram removidos para o local, por não terem tutores identificados ou que estavam em condições precárias de saúde, feridos ou debilitados, depois das cheias. “Esses animais estão sendo constantemente monitorados, para garantir não apenas a integridade física, mas também o bem-estar psicológico, preparando-os para retornar aos lares quando possível”, diz a secretária de Meio Ambiente, Carin Gomes.
A assessora administrativa da Semma e líder na ação de proteção aos animais, Alessandra Ludwig, enfatiza que o local no Parque preza pelo bem-estar dos animais que estão em situação de trauma, fora do seu ambiente normal e sem tutor. “É um local ideal por já ter baias e se torna um ponto estratégico, mais perto para os voluntários”, explica.
No pavilhão, a rotina começa às 6h, quando os animais são retirados para a limpeza e higienização. A organização segue durante toda manhã, quando voluntários levam os animais para passear e gastar as energias pelo Parque. Todos recebem atendimento veterinário constante: estão sendo microchipados, vermifugados e medicados contra as pulgas.
No local, os cães recebem tudo que precisam: alimentação, água, roupas, brinquedos, cobertas, coleiras e petiscos, itens doados por voluntários, e as casinhas, que foram adquiridas pela Semma, são disponibilizadas para os cães que estão nos abrigos com os tutores ou em outros pontos de acolhimento.
A fiscal de posturas que atua na organização do local, Daniele Mohr, afirma que a equipe realiza constantes melhorias para adequar o espaço. No momento, a equipe trabalha para conseguir separar os machos das fêmeas e para manter isolados os que têm alguma condição especial.
- Com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura
Momentos de ação
- Alessandra Ludwig explica que na catástrofe foram dois momentos essenciais de ação. Primeiro, resgatar os animais em situação de risco na enchente e, depois, quando a água baixou, o resgate dos animais que sobreviveram à cheia e ainda estavam na localidade, pois uma nova cheia aconteceria. “Até a água da primeira enchente baixar, conseguimos administrar o cuidado com os animais, mas não tínhamos noção que muitos ainda ficaram e precisávamos acolher também”, comenta. Os mais debilitados e machucados – alguns até precisaram de amputação -, foram direto para clínicas.
- Conforme a secretária municipal de Meio Ambiente, Carin Gomes, durante os dias de enchente, mais de 700 animais, entre cachorros, felinos, aves, suínos, caprinos, bovinos e equinos foram resgatados.
- Cerca de 150 animais seguiram com seus tutores para os abrigos disponibilizados pela Prefeitura; foram para lares temporários de voluntários; para o Centro de Adestramento Amigos dos Cães, em Mato Leitão; para o Centro Transitório Animal (CT Animal) – essa será a nomenclatura do Centro de Bem-Estar Animal -; e para clínicas veterinárias parceiras. A operação de salvamento destes animais contou com a participação da Semma, Corpo de Bombeiros, ONG Amigo Bicho, Protetores Independentes, Centro de Adestramento Amigos dos Cães e Conselho de Proteção aos Animais.
Abrigo temporário para cães resgatados nas cheias
- A fiscal de posturas Daniele Mohr, que atua na organização do abrigo de animais, explica que o local está abrigando os cachorros de forma temporária, exclusivamente os animais atingidos pela enchente e que não têm onde ficar neste momento. “Temos um local com segurança, câmeras e todo um controle. Mas o Município não tem como manter esses animais. Os que não forem identificados, serão adotados”, menciona.
Identificação
- Os animais que seguem sem identificação dos tutores estão sendo divulgados no site Pet dos Vales (petdosvales.com.br). Dúvidas ou interessados em ver os animais para reconhecimento, podem fazer contato com a Semma, pelo telefone (51) 2183-0738. Alessandra ressalta a importância de os tutores, mesmo que ainda não consigam assumir os animais, irem até o Parque para passar um tempo com seus bichinhos.
Mais de 200 voluntários
O trabalho é realizado com o apoio de mais de 200 voluntários empenhados em garantir o bem-estar dos animais resgatados. Muitos contribuem com doações e se organizam em escalas de trabalho para assegurar que cada animal receba os cuidados necessários, incluindo momentos de brincadeira e interação, proporcionando conforto e companhia durante esse período. “Os tutores podem ficar tranquilos que estamos cuidando bem dos pets e os reencontros serão bem bonitos”, destaca a secretária Carin Gomes.
De acordo com Alessandra Ludwig, os voluntários são peças fundamentais para fazer tudo dar certo. “Se não fossem eles, não teríamos braços para tanta demanda. Cada enchente em Mariante foi diferente e, dessa vez, a maioria não tem casa para voltar”, afirma. Os voluntários realizam o trabalho pesado e dão todo suporte e atenção aos animais. “São pessoas maravilhosas, que entendem e sugerem ideias. Desde crianças até idosos, todos ajudam sem se importar”, complementa ela.
A necessidade de voluntários é contínua. Todos os dias eles são necessários para fazer as atividades de rotina do abrigo dos animais. Quem quiser ajudar, pode ir diretamente até o Parque ou entrar em contato através de grupos de voluntários no WhatsApp. Segundo Daniele Mohr, entre as 7h e 10h e das 17h30min às 20h30min são os horários de maior necessidade de voluntários no abrigo animal. Em relação às doações, as prioridades são ração e materiais de limpeza.
Ajuda em família
Desde o início dos trabalhos no abrigo, mãe e filha contribuem na organização e cuidado com os animais. Denise Spies, 57, e Alice, 14, estão todos os dias no local. “Auxilio na necessidade que vejo que estão precisando. Geralmente, pela manhã, fico na limpeza e, à tarde, na organização geral”, afirma Denise.
Mãe e filha são moradoras de Porto Alegre que estão em Venâncio Aires com parentes, pois a enchente chegou até o prédio em que moram, na Capital. Elas acabaram ficando sem água e luz. “Mesmo nesta situação, não dá para ficar parada”, completa a aposentada.
Alice é estudante e explica que, nos primeiros dias, os animais estavam agitados e a equipe ainda aprendia como lidar com eles. Agora, todos já se acostumaram com a nova rotina. O que ela mais gosta de fazer no abrigo animal é sair para passear e gastar as energias dos cachorros. Também é responsável por trocar as plaquinhas de verificação e controle de atividades diárias em cada baia, como alimentação, limpeza e água. Organiza ainda as doações que chegam. “Tenho dois cachorros e um gato. Gosto muito de ficar com os animais aqui, eles são carentes e gostam de brincar”, ressalta.
Lares temporários
- Enquanto os animais aguardam a identificação de seus donos, a busca por lares temporários é importante. Para os dispostos a oferecer temporariamente um lar para esses animais, o contato pode ser feito pelo WhatsApp (51) 93505-7229. Caso os proprietários não sejam localizados, orientações para adoção responsável serão fornecidas.
- Os lares temporários são importantes para animais idosos que são amedrontados e precisam de um ambiente mais tranquilo, com calma e atenção especial. Alessandra ressalta que quem quer oferecer um lar temporário e precisa de suporte com alimento, casinhas e itens para os animais, terá o auxílio necessário.