Campanha incentiva uso de máscara caseira em Venâncio Aires

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“Agora é hora de lutar com as armas que a gente tem.” A manifestação é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Nesta semana ele defendeu o uso de máscaras caseiras por toda a população, para frear a propagação do coronavírus.

A declaração fez o assunto ser amplamente debatido no país nestes últimos dias e muitos municípios passaram a recomendar o uso comunitário, entre eles, Venâncio Aires. Nesta sexta-feira, 3, a Secretaria Municipal de Saúde da Capital do Chimarrão anunciou uma campanha de incentivo ao uso das máscaras caseiras.

Segundo o secretário Ramon Schwengber, a produção é uma medida excepcional, extraordinária e temporária. Segundo ele, neste momento de escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no mercado nacional e internacional, as máscaras industrializadas devem ser direcionadas para os profissionais de saúde, que estão na linha de frente, atendendo os pacientes que procuram por atendimento.

O secretário disse que as máscaras caseiras podem ajudar a evitar o contágio da doença, evitando que pessoas liberem gotículas que saem pela boca. “O que é mais importante dizer é que nada, nada substitui a lavagem das mãos”, observou o secretário.

RECOMENDAÇÃO

Ministério da Saúde emitiu nota técnica, na qual sugere que a população possa produzir as suas próprias máscaras caseiras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente. “O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais”, orienta.

O Ministério da Saúde recomenda que máscaras cirúrgicas e N95/PFF2 sejam priorizadas para os profissionais para garantir a manutenção dos serviços de saúde.

DICAS

  1. A máscara é individual. Não pode ser dividida com ninguém, se a sua família é grande, saiba que cada um tem que ter a sua máscara.
  2. Para cumprir essa missão de proteção contra o coronavírus, serve qualquer pedaço de tecido, vale desmanchar aquela camisa velha, calça antiga, cortina, etc.
  3. A máscara deve ser usada por cerca de duas horas. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras de pano.
  4. Mas atenção: a máscara serve de barreira física ao vírus. Por isso, é preciso que ela tenha pelo menos duas camadas de pano. Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar.
  5. Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. Deixe de molho por cerca de 20 minutos.

Fonte: Prefeitura de Venâncio Aires


“Ministro Mandetta foi muito feliz ao estimular o uso da barreira física ao rosto. Temos que lutar com as armas que temos, e utilizarmos máscaras de tecido, vai auxiliar nossa população a se proteger.”

RAMON SCHWENGBER – Secretário Municipal de Saúde


Produção de máscaras a mil

Por Eduarda Wenzel

Na área de confecção, as produções de jalecos, toucas e máscaras (linha branca) não param. A Uniformes Vestebem sempre trabalhou com esses itens, mas nas últimas semanas a procura e a produção tiveram um grande aumento.

De acordo com a proprietária Maristela Heck, normalmente a demanda da linha branca era para consultórios, laboratórios e outras áreas da saúde, porém “agora com a pandemia, a produção aumentou muito, porque todo mundo precisa usar.” O tecido utilizado continua sendo tricoline, que é indicado para a saúde. “Temos vários modelos, cada pessoa escolhe o que fica mais confortável. As estampas também variam e dá para brincar com as cores”, explica.

As máscaras produzidas podem ser usadas até em hospitais, mas Maristela ressalta que elas são reutilizáveis, por isso, para alguns procedimentos não são indicadas. “Em bloco cirúrgico eu sei que precisa ser descartável. Mesmo assim nós já doamos algumas ao hospital”, comenta.

DEMANDA

A demanda atual do estabelecimento é regional. “Muitas pessoas estão vindo até aqui buscar, mas também temos encomendas de indústrias e fumageiras de Lajeado, Vera Cruz e Mato Leitão”, expõe. Para crianças a Vestebem ainda não oferece máscaras. “Na próxima semana pretendo ter esse material, quero fazer umas bem coloridas para os pequenos.”

A profissional salienta que por conta da pandemia é muito importante procurar por algum tipo de máscara, de preferência de tecido, para deixar as descartáveis para os profissionais da saúde. “Se depender de nós ninguém fica sem máscaras. Porque neste momento é indispensável.”

Na Vestebem Uniformes, a produção de máscaras aumentou muito na última semana (Foto: Eduarda Wenzel/Folha do Mate)

ATENÇÃO

  1. Conforme nota emitida pela Sociedade Brasileira de Infectologia, com a escassez dos equipamentos de proteção individual (EPI), as máscaras de pano não devem ser usadas sob qualquer circunstância em serviços de saúde.
  2. Para a população que necessita sair de suas residências, a máscara de pano pode ser recomendada como uma forma de barreira mecânica. A entidade reforça a importância da manutenção das outras medidas preventivas já recomendadas, como distanciamento social, evitar tocar os olhos, nariz e boca, além de higienizar as mãos com água e sabonete ou álcool gel 70%.
  3. A máscara de pano pode diminuir a disseminação do vírus por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas que podem estar transmitindo o vírus sem saberem, porém não protege o indivíduo que a está utilizando, já que não possui capacidade de filtragem. O uso da máscara de tecido deve ser individual, não devendo ser compartilhado.

Confecção solidária

Quatro amigos, moradores de Venâncio Aires, se uniram para confeccionar máscaras e doá-las à comunidade neste período de prevenção e luta contra o coronavírus. “Um corta, outro costura, outro passa. Estamos unidos para fazer o bem ao próximo, claro, tomando os devidos cuidados de higienização”, conta Henrique Ferrari Regert, um dos voluntários desta ação, que iniciou na última semana.

Com uma máquina de costura herdada por uma das voluntárias, o grupo trabalha na produção de máscaras dia e noite. “Queremos que a comunidade tenha uma opção extra de prevenção quando sair para ir ao mercado, na farmácia, por exemplo”.

Além de Henrique, atuam como voluntárias Angelica Domingues, que foi quem herdou a máquina de costura da mãe Arani, que faleceu em agosto do ano passado, e mais duas sobrinhas de Angélica, a Isabelle e a Millene Domingues.

Henrique observa que desde que começaram a divulgar a iniciativa no Facebook, muitas pessoas entraram em contato pedindo pelas máscaras, que são distribuídas gratuitamente. “Quem quiser nos ajudar com a doação de material, pode entrar em contato com a gente”, frisa.

Contatos para doações de material e pedidos de máscaras podem ser feitos pelo número 51 9703-7558, pelo WhatsApp. As máscaras são feitas de tecido (19cmx20cm para cada) e elástico (20 centímetros para cada unidade).

“Momento é de solidariedade,
disciplina e paciência”

Para o médico pediatra Vilson Gauer, que defendeu o uso das máscaras para uso da comunidade ainda antes das manifestações que ocorreram no fim desta semana, o momento exige que a comunidade pense mais no próximo, pois todas as nossas ações podem impactar na saúde do próximo. “Precisamos pensar coletivamente”.

Outro ponto destacado pelo médico é a disciplina, com destaque para o respeito ao isolamento social, hábitos de higiene constantes e uso da máscara. “Você pode estar portando o vírus e não saber. Você pode estar contaminando alguém ao estar conversando, espirrando ou tossindo, por isso, a máscara é importante, para garantir essa barreira”, observa.

Além disso, observa Gauer, estudos já comprovam que o coronavírus resiste no ar, na forma de aerossol. “É uma forma de transmissão bem preocupante, por isso, o uso da máscara se torna ainda mais importante para se proteger e proteger os demais.”
Por fim, destaca a importância de ter paciência para enfrentar esses desafios, para logo mais, retomar a rotina. “A única coisa que não podemos recuperar é a vida. Vamos fazer o que é certo e cuidar um do outro.”

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Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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