As projeções feitas em junho deste ano, quando o grão começava a ser plantado, pelos produtores rurais e pelo escritório municipal da Emater para a safra de trigo em Mato Leitão se confirmaram e, inclusive, foram superadas. Com aumento de 72% na área de cultivo em relação ao ano passado, esta será a maior colheita da história do município.
Segundo o chefe do escritório da Emater na Cidade das Orquídeas, Claudiomiro da Silva de Oliveira, a previsão inicial era de 100 hectares para este ano, mas foi efetivado 120 hectares. Já a produtividade deve ser de aproximadamente cinco mil quilos por hectare, o que totaliza uma produção de 600 toneladas do grão no município.
Oliveira atribui o aumento da área de cultivo no município ao fato dos agricultores realizarem a rotação de cultura do trigo, no inverno, com a soja, no verão, o que ajuda no processo produtivo. Além disso, ele acredita que a valorização no preço pago pela saca do grão também contribuiu. Hoje, o valor pago pelas empresas pela saca de trigo varia entre R$ 100 e R$ 104.
“A rotatividade com o trigo é importante porque fornece matéria orgânica e facilita o plantio da soja”, explica. De acordo com o chefe do escritório municipal da Emater, nos últimos cinco anos a produção de trigo estava estagnada no município. “Mas com o crescimento da soja, o trigo ganhou um impulso extra, além de ter aumento no valor”, avalia.
Até o início desta semana, 40% da colheita do trigo já havia sido concluída na Cidade das Orquídeas. A previsão é que os produtores rurais finalizem esse trabalho neste mês para, depois, iniciar o cultivo da soja. A boa produtividade está associada ao clima favorável para o desenvolvimento do cereal. O número de produtores rurais que plantaram trigo na atual safra em Mato Leitão é 18.
Aposta na diversificação
O produtor rural Daniel Stöhr, 39 anos, foi um dos agricultores que apostou no aumento da área de cultivo do trigo. Morador de Vila Santo Antônio, no interior do município, ele havia plantado 29 hectares do grão no ano passado e, para esta safra, aumentou para 36 hectares.
Desse total, 22 hectares estão localizados no município – em Vila Arroio Bonito e Vila Santo Antônio – e o restante em área arrendada no interior de Venâncio Aires. Stöhr explica que decidiu aumentar o espaço da plantação pensando na diversificação. Ele já cultiva soja e milho e este é o quarto ano que plantou trigo.
Além da valorização no preço pago pelo cereal, ele aposta no trigo como uma palhada que auxilia no cultivo da soja, que é plantada logo depois. “Ajuda a manter um pouco mais da umidade”, observa. Da área que cultivou o trigo no inverno, boa parte receberá soja nas próximas semanas, assim que a colheita do trigo for finalizada e uma boa chuva for registrada. Na propriedade de Stöhr, metade da colheita já foi finalizada. A intenção é concluir o serviço na próxima semana.
Em 2021, a produtividade do agricultor foi de 38 sacas de trigo por hectare. Neste ano, a expectativa é de 60 sacas por hectare. “No começo, achei que a safra deste ano seria pior que a do ano passado. Mas depois, o clima começou a ajudar. O trigo gosta de sol e vento”, destaca.
Para o produtor rural, a valorização no preço pago pelo trigo pode ter relação com a guerra entre Ucrânia e Rússia – países com grande produção do cereal- , e com o aumento da demanda mundial. Na propriedade de Stöhr, a venda do grão é feita para empresas instaladas em Estrela e em Rio Pardo.
Evolução nas áreas de cultivo de trigo
2017 – 55 hectares
2018 – 60 hectares
2019 – 64 hectares
2020 – 70 hectares
2021 – 70 hectares
2022 – 120 hectares