No fim de semana, conforme a água foi baixando no rio Taquari e arroios, e o sol ‘dando as caras’ depois de sete dias, a expectativa era conseguir acessar determinados pontos de Venâncio Aires. No entanto, em algumas localidades, principalmente no Vale do Sampaio e região serrana, muitos acessos nem existem mais e a realidade é de que há famílias completamente isoladas.
Só no Alto Sampaio, são 21 famílias sem acesso porque duas pontes foram destruídas pela força da água. Naquela região, o jeito foi levar comida e água sobre os ombros, atravessando o arroio a nado, ou mesmo por corda. No domingo, 5, próprio prefeito Jarbas da Rosa ajudou pessoalmente nesse atendimento emergencial, para que não falte o básico às pessoas. Os mantimentos serão suficientes para cinco dias. “Elas não têm luz, internet e nem água potável”, relatou Jarbas.
Ainda no sábado, 4, um servidor da Prefeitura fez uma incursão nadando para conseguir acessar essas pessoas e entender as necessidades. Conforme diagnóstico prévio do Município, sete pontes entre Venâncio e os municípios de Sério e Santa Clara do Sul sofreram graves avarias.
Em algumas delas, as cabeceiras não foram apenas levadas, mas com as árvores obstruindo o canal principal, a força da água arrancou cerca de 30 metros de margem, mudando o leito do arroio, como a reportagem flagrou nas pontes de Linha Santana e na travessia entre Linha Andréas (Venâncio) e Sampaio (Sério). “A gente não sabia mais o que fazer com a água subindo. Destruiu a garagem e a oficina de refrigeração. Praticamente não conseguimos salvar nada, foi triste”, resumiu Iloni Eichler, 64 anos, que mora na divisa de Sério com Venâncio Aires.
Além das pontes destruídas, o volume de água que desceu pelo Sampaio corroeu as margens, alargando o arroio de 20 metros para cerca de 100 metros em alguns pontos. A água carregou centenas de árvores, a maioria arrancada com raízes inteiras. Destruiu lavouras, galpões e levou muita lenha que já estava armazenada. Da parte alta, olhando para o vale, a impressão é que o arroio virou praticamente um rio em boa parte do leito.
Sem acesso, o prefeito Jarbas pediu compreensão da população e reforçou que as pessoas precisarão voltar a caminhar para chegar nos lugares. Além disso, disse que serão necessários meses ou anos para reconstruir as dezenas de pontes que foram destruídas. “Vamos nos reunir com a Prefeitura de Sério para tratar dessa reconstrução emergencial”, informou o prefeito de Venâncio.
Deslizamentos mudam a paisagem na região serrana
Outra região bastante afetada no interior de Venâncio Aires, mas por deslizamentos e desmoronamentos, é a serra, especialmente nas localidades dos distritos de Vila Deodoro e Centro Linha Brasil. Segundo o prefeito Jarbas, são centenas de acessos a propriedades que precisam de reparos. “Tenho óleo diesel reservado para situações de emergências por mais cinco dias”, mencionou, no início da noite de domingo, 5.
Na tarde do domingo, a reportagem também percorreu (onde foi possível) estradas entre a região de Sampaio e a serra. Muitos acessos foram liberados, ainda que parcialmente, pelas equipes das capatazias e Patrulha Agrícola, mas alguns trechos seguem muito encharcados e com riscos de novos deslizamentos. Um dos pontos que mostra bem o estrago é a estrada entre Vila Deodoro e Linha Andréas. Na primeira curva, descendo a via, houve um grande deslizamento do morro até a estrada e da estrada para baixo. Uma grande clareira se abriu no trecho, pois árvores e grandes volumes de terra desceram. A reportagem também circulou pela estrada de Linha Santos Filho, onde já há passagem e colocação de rachão em muitos trechos.
Ontem, de acordo com William da Silva, coordenador das capatazias, as equipes trabalharam no Alto Sampaio, e nas Linhas Monte Belo, Leonor, Julieta, Cachoeira Alta e América.