Veja dicas de quem passou dos 900 pontos na redação do Enem

-

Falar sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é falar sobre sonhos, expectativas, dedicação, estudo e metas a serem alcançadas. Um dos critérios de avaliação da prova, que pode abrir portas para o Ensino Superior em universidades públicas e privadas, principalmente através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), é a redação.

Esse componente avaliativo é desafiador para muitos jovens e até motivo de temor para alguns. Mas com preparação e a busca por conhecimentos sobre habilidades que ajudam a escrever o texto no formato dissertativo-argumentativo, esse medo pode ser superado e bons resultados aparecerem. Em Venâncio Aires e na microrregião, muitos estudantes conseguiram ultrapassar a marca dos 900 pontos na redação do ano passado, cuja temática foi ‘Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil’.

Esse é o caso de Rafael Chaves, que concluiu o Ensino Médico na Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Cônego Albino Juchem (CAJ), localizada no Centro da Capital do Chimarrão. Ele alcançou 960 pontos e conta que esse foi o primeiro vestibular que realizou. A preparação começou no ano passado e não envolveu a realização de nenhum cursinho.

“Quem me ensinou muito sobre redação e me ajudou a tirar os 960, com toda certeza, foi a minha professora de Português Deise Kipper, que desde o início do ano passado focou os ensinamentos no vestibular”, conta. O jovem também relata que não acompanhou muitas informações pelas redes sociais.

Ainda em relação à organização do processo de aprendizagem, Rafael sempre buscou se dedicar aos estudos no ambiente escolar. “Nunca gostei muito de estudar fora do período da escola, então eu dei mais atenção durante as aulas que tive durante o ano letivo e isso me ajudou a ter boa nota no Enem”, relata. Para o futuro, o jovem pretende cursar uma faculdade relacionada ao Marketing ou à Publicidade e Propaganda. “Seguir estudando e buscando meus sonhos”, salienta.

Dicas da jovem de Vale Verde para redação do Enem

Em Vale Verde, a jovem Eduarda Wandscheer Silveira, 17 anos, também está na relação dos alunos que conquistaram nota superior a 900 na Redação do Enem 2023. Filha de Tatiane Rodrigues Wandscheer e Claudio Uberti Silveira, a estudante da EEEM Curupaiti chegou a 920.

“Minhas preparações se iniciaram por volta do mês de março, quando eu comecei a cursar o ProENEM, um cursinho on-line. No ano anterior, em 2022, eu já havia feito o Enem como treineira, mas apenas com a base que eu obtive na escola e nos vídeos que assisti na internet. Naquele ano, o resultado da minha redação foi 840, o que me estimulou muito, visto que eu não havia passado por um preparo muito sofisticado, mas, mesmo assim, consegui uma boa nota”, menciona.

De acordo com ela, durante os primeiros meses do ano, o foco foi a prática da redação, a partir da implementação, principalmente, de dicas que ela recebeu quanto utilizava as correções do cursinho. “Por não ter redes sociais, como Instagram e Facebook, o YouTube foi minha principal ajuda nesse meio, mas também tive que me corrigir quando ele se transformava em uma fonte de distração”, cita.

Além do curso virtual, Eduarda contou com o auxílio da professora de Língua Portuguesa da Escola Curupaiti, o que lhe garantiu mais facilidade para se adaptar às competências analisadas pelo Enem e possibilitou que ela evoluísse na escrita. “Conforme fui melhorando minhas notas e percebendo que já havia compreendido a estrutura, comecei a deixar a redação mais de lado e focar nas outras áreas do conhecimento cobradas pela prova.”

A partir disso, ela começou a praticar a redação de forma mais espaçada, mas sempre se mantendo atenta a possíveis temas, além de buscar por repertórios relacionados a esses assuntos, o que se intensificou nas semanas que antecederam a prova. A jovem acredita que não ter redes sociais foi uma distração a menos enquanto estudava e, de certa forma, contribuiu para que ela se concentrasse melhor durante esse tempo.

“Eu tinha escola no turno da manhã e voltava para casa ao meio-dia. Por volta das 15h começava meus estudos. Geralmente eu estudava até as 18h30min ou 19h”, recorda. Eduarda pretende iniciar a faculdade de Direito no primeiro semestre deste ano e vai tentar uma vaga por meio do Prouni. A ideia é conseguir uma bolsa em uma instituição de ensino de Santa Cruz do Sul.

“Descobrir que eu consegui a nota de 940 foi muito gratificante e manifestou em mim um sentimento de alívio muito grande. Agora, tenho planos de cursar Direito e atuar nessa área que é o meu grande sonho desde os 11 anos.”

EDUARDA WANDSCHEER SILVEIRA
Estudante da Escola Curupaiti

“Acho que se eu consegui, todo mundo pode também, basta querer, correr atrás e lembrar que uma nota não define a pessoa que você é ou vai ser.”

RAFAEL CHAVES
Estudante do CAJ, que alcançou 960 na redação do Enem

Organização de rotina e constância: pilares para alcançar melhores resultados na redação do Enem

A preparação para provas de concursos, vestibulares de universidades e do próprio Enem exige muito dos candidatos. Nesse sentido, além de se dedicar, é preciso ficar atento a outros fatores que podem colaborar para um desempenho mais produtivo. A organização da rotina e a constância, por exemplo, são importantes pilares na busca por melhores resultados.

“A organização de rotina sempre se faz necessária, porque a partir dela a gente consegue regular vários fatores da nossa saúde, tanto física quanto mental e cognitiva”, observa a terapeuta ocupacional (TO) Marina Severo Jantsch. De acordo com ela, quando se trata de aprendizagem é necessário ter uma constância de estímulos, com uma carga de estudos seguida de uma de descanso. A partir da repetição desses hábitos é possível realmente aprender.

“Isso é importante para regular o sono, ter horários adequados para dormir e para acordar. Se o horário de sono não está regulado, as habilidades cognitivas de atenção, concentração e capacidade de absorção de conteúdo serão modificadas”, salienta a profissional. Ela também destaca que nesse processo a alimentação se faz muito necessária. “Consumir alimentos nutritivos adequados e evitar ao máximo nesse período de estudos o consumo exagerado de gorduras e açúcares, porque isso vai impactar no bem-estar, na saúde, na atenção e no foco do estudante”, acrescenta.

E se você estiver se perguntando qual é a melhor forma de organizar seu tempo, aqui vai uma constatação: ela é individual e precisa respeitar as características de rotina e de compromissos que você tem. “O que dá certo para um estudante pode não dar para outra pessoa. O melhor período para os estudos é na parte da manhã. Porém, alguns não conseguem porque têm compromissos nesse período e só podem estudar durante a tarde ou noite. A melhor estratégia é organizar e adaptar uma rotina onde seja possível ter constância e disciplina, algo que seja sustentável a longo prazo”, explica Marina. Também é saudável viver momentos de conexão com família e amigos.

SOS Redação

Em maio do ano passado, o projeto Na Pilha!, da Folha do Mate, em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), promoveu o evento ‘SOS Redação’, um aulão sobre a redação do Enem, com a professora Luana Schonarth. Cerca de 500 estudantes de Ensino Médio de Venâncio, Mato Leitão e Vale Verde participaram do evento, que ocorreu no auditório do Colégio Bom Jesus e na Escola CAJ. Uma apostila sobre redação do Enem também foi disponibilizada, de forma digital, para os participantes.

Redes sociais: aliadas ou prejudiciais na hora da preparação para a redação do Enem?

Há quem pense que as redes sociais são apenas espaços virtuais de distração e outros que elas podem ser úteis tanto para o trabalho quanto para o estudo. Uma estudante gaúcha que conquistou nota mil na redação do Enem, por exemplo, disse em entrevistas que a principal estratégia para alcançar esse resultado foi ficar longe do celular por um tempo.

Nesse momento você pode se perguntar: então, as redes sociais são aliadas ou prejudiciais na hora de se preparar para provas? Assim como em outros pontos da vida e seguindo um velho ditado: tudo é uma questão de equilíbrio. Em relação a isso, a terapeuta ocupacional Marina Jantsch lembra que é preciso entender que vivemos em um mundo hiperconectado e com hiperestímulos.

Ou seja, as redes sociais estão o tempo todo nos estimulando com imagens e sons. Além disso, a menos que o celular seja configurado de uma maneira diferente, sempre vai emitir uma notificação. “Se o aparelho estiver no mesmo ambiente no qual a pessoa está estudando, o próprio som ou vibração vão tirar ela do foco com uma distração, mesmo que ela não atenda a notificação. Isso é cientificamente comprovado, porque ela vai parar para olhar e pensar no que fazer para, depois, voltar à atividade que realizava antes e retomar a linha de raciocínio”, esclarece Marina.

E segundo a profissional, que também é especialista na área da saúde mental e do desenvolvimento humano, não são todas as pessoas que têm essa facilidade. “É preciso ter cuidado. No momento que a pessoa está focada, estudando, fazendo uma leitura ou assistindo a uma aula, é importante que esses dispositivos estejam ou no modo avião ou em outro cômodo da casa. É importante que não se divida a atenção”, orienta.

UTILIZAÇÃO

Entretanto, a terapeuta ocupacional lembra: “É claro que a gente não vai entrar numa bolha e fingir que esse mundo digital não existe ou que ele não possa nos trazer benefícios e facilidades, o que, com certeza, ele traz. Precisamos regular esse uso”, aconselha. Para isso, ela menciona algumas dicas, como ter um momento de acesso livre do celular e um de pesquisa nos meios tecnológicos, sejam eles o celular, computador ou tablet.

Outro estímulo que pode ser gerado pelas redes sociais e que acaba afetando os estudantes é a comparação ao ver algum colega ou pessoa conhecida tendo um melhor resultado ou desempenho em determinada situação. “Esse tipo de gatilho que as redes sociais acabam gerando não faz bem, principalmente para a saúde mental. Temos muitas pesquisas que comprovam que a quantidade de uso de horas no celular está diretamente relacionada ao que pode desencadear depressão, ansiedade e outros transtornos mentais, principalmente em adolescentes, período no qual os estudantes podem estar com a saúde mental mais fragilizada em razão de muitos fatores”, ressalta.



Marina Jantsch é terapeuta ocupacional e especialista na área da saúde mental e do desenvolvimento humano (Foto: Ana Almeida Fotografia/Divulgação)

A TO responde!

Qual é o indicativo de que as redes sociais estão fazendo mal? Como identificar isso?

Primeiro, pelos sintomas do próprio adolescente. Se ele ficar mais agitado, ter alterações de humor, ficando mais ansioso e deprimido, começar a se comparar ou aumentar a autocobrança é preciso ficar atento, pois são sintomas bem característicos. Vale a pena fazer um teste de ficar, por exemplo, um dia, um turno ou algumas horas sem celular para ver como se reage. Muitas vezes a pessoa que faz o uso não está se dando conta, porque é algo inconsciente. Perfis legais, mesmo tendo conteúdos interessantes, podem gerar excesso de informações em poucos minutos e isso pode sobrecarregar nossos pensamentos.

“As redes sociais potencializam o excesso de informações. E qual vai ser o resultado disso? Se não for bem dosado, transtornos de humor, alimentares e transtornos mentais em geral. A gente precisa ter um cuidado, repensar, realmente, principalmente se tratando de adolescentes, porque é uma fase na qual está acontecendo uma construção de personalidade, existem muitas experiências que vão ser registradas e levadas da infância e da adolescência para o resto da vida.”

MARINA SEVERO JANTSCH
Terapeuta ocupacional

Orientações para qualidade de vida e melhores resultados na redação do ENEM

  • Tenha uma boa noite de sono para que ele seja um sono reparador
  • Uma boa alimentação é muito importante
  • Se possível, inclua na rotina algum tipo de exercício físico
  • Busque o apoio da família e tenha uma rede de apoio. A compreensão, o apoio, o acolhimento e o incentivo dessas pessoas é muito importante em um período emocionalmente muito difícil para o estudante
  • Tenha momentos para desopilar e se desconectar, para, depois, conseguir voltar com mais energia
  • É muito importante buscar pelo apoio de um profissional especializado na área da saúde mental


Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

Clique Aqui para ver o autor

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido