Cultura indígena e afrodescendente em pauta no Fórum de Educação de Venâncio

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Em meio ao recesso escolar, a Secretaria Municipal de Educação realizou, nesta semana, o XIII Fórum Internacional e XVII Fórum Nacional de Educação de Venâncio Aires. Com o tema ‘A potencialidade da pesquisa na construção do conhecimento’, o evento ocorreu entre quarta, 19, e sexta-feira, 21, e mobilizou cerca de mil profissionais da rede municipal de ensino.

Um dos momentos mais importantes da atividade ocorreu na tarde de sexta-feira, 21, com a palestra do professor, ator e escritor indígena Daniel Munduruku, sobre ‘História e cultura indígena aplicada à Educação Básica’, no Clube de Leituras. Doutor em Educação e pós-doutor em Literatura, ele já publicou mais de 60 livros e foi o primeiro palestrante de origem indígena no Fórum da Educação de Venâncio.

Segundo o palestrante, os professores são a ponte de distribuição do conhecimento e, por isso, é preciso provocá-los a pensar e refletir sobre a temática. “Em meio à rotina carregada de tarefas, os educadores não têm tempo para debater estes assuntos. Agora, com essa pausa, essa conversa, podemos despertar a criatividade e a procura por novos conhecimentos”, destacou.

A Lei nº 11.645, de 10 março de 2008, torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afrobrasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, porém não prevê a obrigatoriedade nas instituições de Ensino Superior para os cursos de formação de docentes (licenciaturas). E esse foi um dos temas abordados por Munduruku, que afirmou que os professores acabam sendo formados em universidades com um conteúdo congelado no tempo. “Na realidade, eles precisam estar o tempo inteiro atualizados nos assuntos para acompanhar as discussões.”

Para além da lei, o secretário municipal de Educação, Émerson Elói Henrique, disse que a Administração procura valorizar a vida, o respeito e direito para todos e, fundamentalmente uma comunicação não violenta com isso.

Essencial

Para a professora de Educação Infantil Luana Garcia da Rosa, de 36 anos, a presença de Munduruku mostra a representatividade, pois é o primeiro professor indígena a palestrar no Fórum da Educação de Venâncio. “Não é uma pessoa qualquer falando sobre a temática, é uma presença diferente. Foi um dia para aprendermos e repensarmos a nossa história”, enfatizou.

Luana trabalha há 10 anos a temática afrodescendente e indígena em sala de aula (Foto: Leonardo Pereira)

A profissional, que leciona na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Aloisius Paulino Algayer, no bairro Coronel Brito, costuma levar a cultura afro-brasileira e indígena para a sala de aula. De acordo com Luana, há 10 anos ela busca, a partir de inquietações pessoais, tentar, na prática, apresentar as temáticas para que os alunos as compreendam da melhor forma possível. “Por exemplo, aprender a trabalhar o coletivo como os povos indígenas entendem; assim diversos problemas seriam resolvidos.”

Palestras

Ainda na sexta-feira, os participantes também assistiram à palestra com o doutor José António Marques Moreira, de Portugal, que abordou o tema ‘Educação e pesquisa em ambientes digitais e virtuais’. O encerramento ficou por conta da palestra-show ‘Arte como ferramenta de luta antirracista e educação’, com as instrumentistas Dejeane Arruée e Graziela Pires da ‘50 tons de preta’, eleita melhor banda de Música Popular Brasileira (MPB) do Sul do país.

“Entendo que os aplausos não são para mim ou para a minha obra, é sobretudo para o espanto que a minha fala gera aos professores, que mostra o pouco que eles sabem sobre o assunto.”

DANIEL MUNDURUKU

Professor e escritor

Programação também contou com oficinas e palestras

Nesta semana, a programação contou com uma série de oficinas e palestras concomitantes, para grupos menores de professores, organizados de acordo com temáticas e níveis de ensino. Secretários, agentes e serventes escolares também tiveram atividades de formação.

O primeiro dia do evento foi voltado aos profissionais das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs), com o III Seminário de Práticas Pedagógicas na Educação transmitido pelo canal do YouTube da Secretaria de Educação. O secretário municipal de Educação, Émerson Elói Henrique, frisou que este foi um dia fantástico, quando “a rede escolar pôde conversar, os professores interagiram e boas ideias puderam ser repassadas”.

A quinta-feira foi focada em trabalhos com temáticas e níveis de ensino, com atividades paralelas para grupos menores de professores, em diferentes locais. “Foi o momento onde houve uma maior participação e, consequentemente, uma maior aquisição de conhecimento”, pontuou.

“O balanço é positivo. Conseguimos finalizar a segunda etapa do fórum cumprindo o propósito, que é trabalhar a pesquisa em sala de aula.”

ÉMERSON ELÓI HENRIQUE

Secretário municipal de Educação



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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