Ter filhos nunca foi um grande sonho de Henrique Muller, 33 anos, até o dia que ele se tornou pai. Há mais de 10 anos, ele e Carolina Pires, 38 anos, estão juntos. O casal pensava em ter um filho, mas nunca se cobraram em serem pais logo. No ano passado, esse plano mudou e, em abril deste ano, duas meninas passaram a alegrar o dia dos dois.
Em 2020, Carolina parou de tomar anticoncepcional por problemas no ovário, mas a médica comentou que seria necessário um tratamento se ela quisesse engravidar. Então, os dois não esperavam o resultado positivo tão rápido. “Íamos deixar um ano para fazer exames e ver como seria a possibilidade de ter um filho. Pensamos que, se fosse para ser, aconteceria. Nunca ficamos nos pressionando”, conta o pai.
Depois de alguns meses, a industriária foi fazer uma consulta de rotina e a ginecologista pediu para ela fazer um exame de gravidez. O casal foi viajar no fim de semana, e Carolina deixou para fazer só no domingo de noite, com um teste de farmácia. Deu positivo. “Foi tudo muito natural. Na segunda-feira já fiz o exame de sangue. Mas, no primeiro momento, tivemos um choque, pois queríamos, mas não esperávamos que fosse logo”, lembra ela.
Depois de algumas semanas, estava marcada uma ecografia para escutar o coração do bebê. Durante a consulta, o casal teve mais uma surpresa: seriam dois bebês. “Do nada, eu virei pai de duas crianças. Me assustei, refleti muito sobre como seria, sobre ter que ser um bom pai e tudo mais”, lembra.
COMPANHEIRISMO
Muller acompanhou todas as ecografias, exames e o parto de Carolina. Amália e Luisa Pires Muller, 4 meses, nasceram com 33 semanas. O casal sabia dessa possibilidade, mas esperava que a gestação chegasse a 36 semanas para ter uma melhor formação do pulmão das meninas.
No fim de semana de Páscoa, 4 de abril, na madrugada, a bolsa de Carolina estourou. Naquele momento, a ansiedade tomou conta do pai de primeira viagem. “Fomos para o hospital, procuramos leitos de UTI Neonatal, mas como ela estava em trabalho de parto não daria tempo de transferir. Eu tinha que vir para casa, pegar mais roupas, para depois que nascessem, ir com as meninas para Lajeado, mas também queria cuidar da Carol. Foi uma noite complicada. No fim, deu tudo certo”, recorda.
No meio da correria, ele conseguiu assistir ao parto das filhas. “Foi um momento mágico. Ver elas nascendo, o primeiro contato, é um sentimento indescritível.” Depois que elas nasceram, foram encaminhadas para a UTI Neonatal do Hospital Bruno Born, de Lajeado, acompanhadas do pai. “O mais complicado de tudo foi ver a Carol sofrendo, com todas dores de um parto normal, mas tendo que fazer cesárea. Eu queria ajudar ela e não tinha o que eu fazer, era confiar nos médicos, me sentia impotente”, lembra emocionado.
Na UTI, Amália e Luisa ficaram 14 dias, depois mais dois dias no quarto do hospital. “O mais difícil foi voltar para casa sem elas. Todos os dias íamos para Lajeado, mas não era a mesma coisa. Eu tinha que me mostrar forte para ajudar a Carol também, que estava sentindo essa falta”, relata Muller.

ROTINA DE PAI
No dia a dia, o engenheiro de produção é o tipo de pai que realmente veste a camisa e participa de tudo: desde a mamadeira até o banho e a troca das fraldas. “De noite, temos um acordo de que cada um cuida da bebê que colocou no berço, então quando elas choram, cada um tem a sua responsabilidade. Eu tento ajudar a Carol em tudo, porque de dia ela fica com as meninas, então antes de sair preparo as mamadeiras, tento organizar a casa, para que ameniza as tarefas dela. Acho que isso é muito importante, pois é responsabilidade do pai também”, enfatiza Muller.
Os moradores do Centro de Venâncio Aires destacam que, mesmo com o cansaço de acordar de madrugada e das tarefas, ter Amália e Luisa é uma forma de renovar as energias. “Só de chegar em casa e ver elas sorrindo, me reconhecendo como pai, já tira todo estresse do dia a dia. Preenche a bateria da gente para conseguir acordar de noite e fazer tudo. Éramos felizes antes, mas agora somos muito mais”, garante.
“As pessoas falavam que ter filhos era um sentimento imensurável e nós duvidávamos. Hoje sabemos que realmente é. Eu não sei descrever esse amor. Cada sorriso delas, cada gesto é uma dose de amor no meu dia. É o melhor sentimento, é amor de verdade.”
HENRIQUE MULLER
Pai das gêmeas Luisa e Amália
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