O Mapa da Violência indica que o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial em feminicídio, que é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Em Venâncio Aires não se registra crime do gênero há mais de dois anos. Mas as denúncias de violência doméstica estão entre as mais registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Só no ano passado foram mais de 400 queixas.
Este ano, nos três primeiros meses, mais de 100 mulheres foram até o órgão policial relatar que foram vítimas de um tipo de agressão e solicitar as medidas protetivas da Lei Maria da Penha. Só no sábado e no domingo foram cinco registros de violência doméstica e mais três ontem, até as 16h.
Um dos casos aconteceu durante o fim de semana e segue tendo desdobramentos. Uma mulher de 36 anos foi violentamente agredida pelo ex-companheiro, um ano mais novo, e desmaiou. Ela recebeu atendimento médico e foi liberada, mas voltou a passar mal e teve que ser reconduzida ao Hospital São Sebastião Mártir. Ontem à tarde, ela recebeu alta e prestou depoimento na Delegacia de Polícia (DP).
Baseado nos relatos dela e dos policiais militares que atenderam a ocorrência, o delegado Vinícius Lourenço de Assunção representou pela prisão preventiva do agressor.
Violência
A vítima tem um histórico de agressões e violência doméstica na família. Segundo o que relatou aos policiais militares que atenderam a ocorrência, sete meses atrás uma irmã dela – que residia em outro município – foi vítima de feminicídio e há outra irmã que também já foi agredida pelo companheiro.
Na época, ela já conhecia o homem que a agrediu no fim de semana e por conta da morte da irmã, voltou para a casa dos pais. “Há cerca de dois meses ela retornou para Venâncio e por isso ainda não tinha residência fixa e estava morando na casa de um comadre dela”, explicou a soldado Catiéle Faller, que atua na Patrulha Maria da Penha e auxiliou no atendimento â ocorrência, no domingo, 10.
Mas de acordo com a capitão Michele da Silva Vargas, a guarnição da soldado Faller não foi a primeira a prestar o atendimento. No sábado, após ser agredida a socos, dentro da casa onde estava morando provisoriamente, a mulher desmaiou e quando sua comadre voltou para casa e a viu, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A mulher foi encaminhada ao HSSM e o caso foi informado à Brigada Militar.
A vítima permaneceu na casa de saúde até o domingo, quando recebeu alta. A guarnição da soldado Faller assumiu a ocorrência e buscava um local seguro para abrigá-la, quando ela voltou a passar mal. “Estava sentindo muitas dores e nem conseguia caminhar”, revelou. Ontem, quando ela se sentiu melhor, saiu do hospital e foi até a Delegacia de Polícia prestar depoimento.
Escondido
A vítima conversou com o delegado Vinícius e prestou depoimento ao comissário Paulo Ullmann. O titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) verificou que a mulher já tinha um registro de violência doméstica e havia solicitado as medidas protetivas contra o agressor. “Mas ela me confidenciou que na segunda-feira, 4, ele entrou em contato para lhe pedir ajuda, pois precisava se internar para fazer um tratamento de saúde”, contou o delegado, observando que a mulher negou que tivesse reatado o relacionamento.
Ainda conforme o delegado, a mulher mencionou que não manteve mais contato com o ex durante a semana, voltando a conversar com ele na sexta-feira, 8.
Ontem, durante o seu depoimento, a vítima disse que na sexta-feira à noite ela foi ameaçada pelo ex (dentro da casa da sua comadre), mas que não discutiu com ele e saiu na companhia de amigos. Ela relatou que não dormiu em casa e que no sábado pela manhã, voltou para pegar suas roupas, pois iria para a casa dos amigos. “Quando entrei em casa e fui para o quarto, não o vi, pois ele estava escondido e começou a me dar socos”, relatou a vítima. Naquele momento, a dona da casa não estava no local.
A mulher disse que ficou desacordada e foi socorrida pela sua amiga, que lhe deu um banho e acionou o Samu. No depoimento, ela também relatou que antes de fugir, o agressor queimou todas as suas roupas. “Só escapou uma peça de roupa que estava no varal secando. É a única que tenho”.
Ontem, após prestar depoimento, a mulher foi levada para um local seguro. O delegado Vinícius e agentes da Polícia Civil tentaram localizar o agressor, mas não o encontraram.
“Ele queimou todas as minhas roupas e escapou só uma peça que estava secando. É a única que tenho.”
MULHER DE 36 ANOS
Vítima de agressões