As duas principais rodovias que cortam Venâncio Aires pautaram o painel Gente & Negócios promovido pela Folha do Mate e Terra FM, nesta quarta-feira, 24, na sede da AABB. Para falar sobre o ‘Futuro das RSCs 287 e 453 – infraestrutura e logística’, foram convidados o diretor-geral da Concessionária Rota de Santa Maria, Leandro Conterato, e o diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Luís Fernando Vanacôr.
Além de destacar obras e investimentos, com a necessidade de readequação de projetos devido às enchentes de maio, durante o painel uma novidade importante foi revelada por Conterato: a duplicação da RSC-287 vai começar já em setembro e será por Vila Mariante, no trecho destruído pelas águas do rio Taquari e que demandou a construção de desvios para reconectar a rodovia.
Segundo ele, essas obras emergenciais no local somaram quase R$ 10 milhões, de um total de R$ 40 milhões ao longo de toda a rodovia, em outros municípios afetados. Para a duplicação, Conterato disse que já há estudos técnicos, em tratativas com o Estado, para adaptar o projeto à nova realidade pós-enchente, seguindo novos parâmetros de dimensionamento hidráulico, com bueiros, galerias de drenagem, pontes e pontes secas.
Ele explicou que será construída a pista do lado do desvio provisório, mais alta. Assim, será possível liberar o tráfego na nova pista duplicada e a antiga, que está com desvio provisório, será isolada para fazer a reconstrução. O objetivo é começar as obras em Mariante em setembro e de que, em um ano, já se tenha a nova pista da duplicação. “Tudo que vimos serve como parâmetro de como vamos reconstruir a rodovia. Não mais nas mesmas condições, mas em condições que se possa prevenir que esses problemas voltem a acontecer. É um investimento que vai ficar para o futuro e precisa ser bem pensado e bem aplicado.”
Viaduto na entrada da cidade
Ainda que o projeto não esteja fechado, já que está condicionado à concentração de veículos, no que diz respeito aos entroncamentos da RSC-287 com a RSC-453 e com o Acesso Leopoldina, Leandro Conterato informou que os pontos devem ser elevados, ou seja, possivelmente serão construídos viadutos. Com o tamanho da intervenção, a tendência é mudar bastante a fotografia de como conhecemos hoje o trevo de acesso à cidade.
O diretor da Rota de Santa Maria também comentou a importância das definições acerca dos acessos às propriedades. “O contrato prevê esse ordenamento, com sinalização e espaçamentos. Então é importante que, quando começar a duplicação, isso esteja resolvido.” A construção de passarelas também pode acontecer.
Pontes secas e a ponte sobre o rio Taquari
Cobrança forte da comunidade que mora na região de Mariante, as pontes secas também foram assunto. Segundo Leandro Conterato, a demanda já vinha sendo acompanhada pela concessionária, a partir dos levantamentos da comunidade, e que também está em estudo. “É muito possível que sejam a solução mais adequada para alguns desses pontos. Iremos propor para o Estado como sendo um investimento a ser colocado nessa região, porque vai ajudar a minimizar o efeito dessas cheias.”
Quanto à ponte sobre o rio Taquari, construída em 1958 e que resistiu à enchente de 2024, o diretor da Rota de Santa Maria adiantou que ela deve ser mantida e que ao lado será construída uma ponte nova, devido à duplicação. “É possível que quando a duplicação seja feita, seja construída uma nova ponte ao lado da ponte existente. A nova será construída em tamanho e nível adequados levando em conta os eventos que aconteceram, então deve ser mais alta que a antiga. A ponte antiga pode permanecer na condição que está hoje, porque não sofreu danos estruturais, mas serão pensadas medidas para aumentar a resistência dela e garantir maior segurança.”
“É uma notícia [duplicação em Vila Mariante] muito aguardada pela região. É uma forma de priorizarmos o restabelecimento da rodovia que hoje opera, nesse trecho, em condições um pouco restritas. Faz todo sentido iniciar a obra lá, como trecho prioritário, para entregarmos a rodovia em plenas condições de operação o mais rápido possível.”
LEANDRO CONTERATO – Diretor-geral da Concessionária Rota de Santa Maria
EGR destaca intervenção na RSC-453 em Venâncio
Sobre a RSC-453, o diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Luís Fernando Vanacôr, também falou sobre as pontes secas, demanda que foi levantada com mais força após a enchente de maio. A ampliação das galerias na rodovia, aliás, é tema de audiência pública em Venâncio Aires na noite de hoje, promovida pela Câmara de Vereadores. “Estamos avaliando informações sobre essa possibilidade de possíveis prejuízos que possam causar como a estrada sendo uma estrutura que represe as águas. Cabe, nesse momento, fazer uma avaliação. Todas as rodovias da EGR estão sendo avaliadas”, garantiu Vanacôr.
Ainda conforme ele, haverá uma intervenção em Venâncio próximo do início do trecho. “Venâncio Aires cresceu bastante. A rodovia, que era antes uma marginal, hoje passa a ser uma avenida. Sempre tem que ter um tratamento diferenciado, conforme o desenvolvimento da cidade, com crescimento de bairros.” Uma das demandas no município, já levada pela Prefeitura, refere-se à instalação de uma rotatória entre os bairros Brands e Macedo, próximo à lombada eletrônica.
“Esse estrago que aconteceu, com o dinheiro que vai ser gasto, ele atrasa o estado onde poderíamos estar construindo algo melhor. Vamos ter que recuperar algo já existente. Mesmo se preparando para outros eventos, você está reconstruindo algo que já existia, que não era mais um problema. Você gasta uma energia muito grande, um volume financeiro muito grande para reconstruir.”
LUÍS FERNANDO VANACÔR – Diretor-presidente da EGR
Editais de concessão
O diretor-presidente da EGR confirmou também que a RSC-453, que está dentro do chamado bloco 2 de concessão de rodovias por parte do Estado, passará para a iniciativa privada. Os editais, segundo ele, devem ser publicados entre o fim de 2024 e início de 2025. Assim, uma possível duplicação da rodovia já ficará para responsabilidade de quem assumir o trecho.
Sobre participar do processo de concessão ou não, o diretor-geral da Rota de Santa Maria disse que é cedo falar no assunto. Mas, segundo Leandro Conterato, há potencial para isso e que é um projeto que faria sentido, considerando a ligação com a RSC-287.
Free flow
- Quanto ao pedágio, o sistema free flow, que prevê a cobrança em fluxo livre, sem praças físicas, é algo previsto nas rodovias de concessão do bloco 2, ou seja, inclui a RSC-453. Luís Fernando Vanacôr afirmou que também é algo que ficará para a iniciativa privada, pois neste momento demandaria reposicionamento de praças de pedágio e investimentos caros.
- Para a RSC-287, a Rota de Santa Maria informou que vem sendo estudado. “Temos previstos investimentos em tecnologias, com substituição de balanças de pesagem. O free flow temos no radar. Quem sabe vem como novidade”, comentou Leandro Conterato.
- Quanto ao valor das tarifas atuais, a EGR diz que não deve ter aumento agora, embora nos 11 anos de administração da rodovia, houve apenas dois reajustes. Na 287, a Rota de Santa Maria disse esperar que as obras necessárias não impactem nos valores para os usuários.