O calor e as altas temperaturas do verão convidam para provar frutas que podem ser consumidas in natura ou usadas para fazer receitas deliciosas. A uva, é uma delas. Conhecida pelos tipos variados, a fruta é presença certa nesta época do ano nas feiras, fruteiras e supermercados do município. Porém, no processo de cultivo, são vários os cuidados e fungos que devem ser evitados para que a fruta se desenvolva de forma correta.
De acordo com o chefe local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, a planta que gera o fruto da uva, a videira, tem uma certa complexidade para ser cultivada. Em variedades, a fruta é dividida em três grupos: as americanas, que são as uvas comuns, do tipo Niágaras, Goethe (casca dura), Isabel, Francesa (Concord) e Koder; o grupo das viníferas, que são as uvas do tipo Cabernet Sauvignon, Tannat e Moscatel; e o grupo das uvas de mesa (finas), como uvas Itália, Rubi e Dedo de Dama. “É uma enormidade de variedades, e no caso da variedade comum, são feitas mudas de pés que já produziram, pelo chamado pé franco, o que as torna mais resistentes e isentas às pragas, como a filoxera.” A expressão pé franco é o nome que se dá às videiras com raízes próprias.
No grupo das viníferas, é preciso um cuidado maior e a produção de uvas também é menor por hectare, apesar de terem mais qualidade. O tipo de muda é por porta-enxerto, que é feito para prevenir a filoxera, já que este tipo de variedade é suscetível à praga. Já o terceiro grupo, das uvas de mesa, que é o mais delicado, é preciso fazer muitos tratamentos e coberturas plásticas, pois são sensíveis à chuva e temperaturas elevadas com presença de umidade.
Além da praga filoxera também existe a antracnose colletotrichum, um fungo que causa a podridão da uva madura. “Este tipo ataca a planta logo que a videira brota, já na flor, e gosta de temperaturas baixas e alta umidade, o que favorece proliferar aqui no nosso clima”, explica Fin. A podridão parda é outro empecilho aos produtores, que causa uma mancha escura com aspecto de ferrugem. Para resolver, segundo Fin, é preciso realizar um tratamento duplo com fungicidas para que os fungos não se desenvolvam com o grão. “Esta ferrugem é o maior problema das uvas no nosso município e outra coisa é que o fungo tende sempre a reaparecer nos anos seguintes, já que fica impregnado nas cascas e ramos da fruta. Em muitas videiras nunca tinha dado este problema e esse ano foram muitos casos.” A pulverulência branca, é outro indício de que algo não está certo com a planta, que apresenta manchas brancas e secas embaixo da folha, provocada pelo fungo Míldio.
- 18 é o número de produtores de uva em Venâncio Aires. A grande maioria tem parreiras de uvas americanas (comuns) e usam para consumo in natura, produção de sucos e vinhos para consumo próprio. Com foco na comercialização são sete produtores. A área total com cultivo de uva é de 5,3 hectares.
A produção de uva como renda principal da família
Em Venâncio Aires, o chefe local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, afirma que a maioria dos produtores cultivam as uvas americanas, ditas comuns. A época de janeiro a fevereiro é de colheita das videiras e a poda deve ser feita mais tarde, entre o fim de junho até agosto. Um dos produtores de uvas da região é o casal Dirceu e Cléria Hinterholz, 63 e 60 anos, respectivamente. Os moradores de Vila Palanque vieram para Venâncio em 2018 e antes, por 25 anos tiveram moradia na serra, na cidade de Nova Araçá, onde aprenderam muito sobre o cultivo das uvas.
Ao retornar para a Capital do Chimarrão, o casal decidiu investir e hoje possui um hectare com produção de diversas frutas, como a uva, pêssego, amora, figo e mais tarde, terão caqui. Hoje, são 500 pés de uva plantados e cerca de 250 a 300 produzindo a fruta. Pela manhã, o casal trabalha na colheita e preparação da fruta que será vendida in natura à tarde. Os tipos de uva cultivados na propriedade são Isabel e Niágara branca e rosê. “Um grande apoio que temos aqui para orientações e trocas de ideias é o pessoal da Emater, com destaque para o Vicente, que é um grande parceiro”, enfatiza Dirceu.
A responsável pela higienização e embalagem da fruta é a Dona Cléria. É ela quem coloca as uvas em caixas de papel e enrola em plástico filme. Em cada caixa é colocado mais de um quilo da fruta. Já Dirceu é quem cuida da plantação. Segundo ele, este ano percebeu um aumento do fungo que causa a ferrugem, facilitado pelo granizo e frio mais intensos. “Atrapalha um pouco, a uva não pega a consistência e não fica tão doce”, lamenta o produtor. Mas para acabar com o fungo, o agricultor realiza tratamentos com fungicidas e aplica a calda bordalesa.
Irrigação
Para iniciar o negócio, o principal investimento foi no açude que hoje conta com uma bomba para irrigar toda a produção. “Sem a irrigação não teríamos nada, a uva precisa muito da água para se desenvolver”, destaca Cléria. Depois começaram a montagem do parreiral e a compra das mudas da planta. “Hoje é a nossa renda principal, e apesar de aposentados, queremos algo para não ficarmos parados”, ressalta a agricultora. Apesar da época de colheita ser agora, durante todo o ano o casal tem serviços de manutenção para manter o parreiral, como a troca de postes e corte das ervas daninhas.
Cuca de uva
Cléria Hinterholz aproveita as uvas que produz e faz delícias para o consumo da família, eentre elas, uma das receitas preferidas é a cuca de uva. Confira a receita e quem sabe se arrisque na cozinha. (Fonte: Eline Prando/Mel e Pimenta)
Ingredientes
- 1 ovo
- 1 e ½ xícara de água morna (360 ml)
- 1 colher (sopa) de fermento biológico seco (10g)
- 2 colheres (sopa) de manteiga amolecida
- ¾ xícara de açúcar
- 1 colher (chá) de Extrato de baunilha
- Noz-moscada ralada
- ½ colher (sopa) de sal
- 500 g de farinha de trigo
Cobertura de uva
- 2 a 3 xícaras de grãos de uva
- 1 colher (sopa) de açúcar
Cobertura sfregolá (farofa)
- ½ xícara de farinha de trigo
- ½ xícara de açúcar
- 2 colheres (sopa) de manteiga gelada
Modo de fazer
Em uma tigela grande coloque o ovo, a água, o fermento, a manteiga, o açúcar, o extrato de baunilha, a noz-moscada e o sal. Misture bem.
Então adicione a farinha de trigo e vá misturando usando uma das mãos, para que a massa fique homogênea, o resultado será uma massa mole.
Com a mão, continue movimentando a massa, mexendo debaixo para cima por uns dois minutos para incorporar ar à massa.
Cubra a tigela com filme plástico e leve para crescer em local fechado por aproximadamente 30 minutos, a massa deve dobrar de volume.
Enquanto a massa cresce, prepare a cobertura, em uma tigela coloque os ingredientes do sfregolá, misture e com a ponta dos dedos esfregue-os para obter uma farofa.
Higienize e escorra bem os grãos de uva para que fiquem secos, então misture o açúcar.
Assim que a massa estiver crescida, escolha uma forma ou travessa de aproximadamente 35 x 25 cm e unte com manteiga.
Então transfira delicadamente a massa para a travessa, espalhe os grãos de uva sobre a massa e em seguida espalhe o sfregolá.
Cubra a travessa com um pano limpo, deixe crescendo por 30 minutos.
Leve para assar no forno preaquecido a 180°C por aproximadamente 30 minutos, a superfície vai ficar lindamente dourada.
Deixe esfriar para servir.