Escolas de Venâncio recebem filtros para remoção do flúor da água, em projeto experimental

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Desde o início de outubro, três escolas de Venâncio Aires estão com um equipamento diferente na estrutura do educandário. São filtros de água para remoção de fluoreto, que são protótipos de um projeto da empresa Philip Morris Brasil e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O objetivo é melhorar a qualidade da água.

O sistema é composto por tecnologia limpa de filtração, utilizando carvão ativado de osso bovino como meio adsorvente (superfície sólida insolúvel), responsável pro reduzir o teor de fluoreto (flúor) da água.

As Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) Dom Pedro I e Cristino Goulart da Silva, de Linha Cerro dos Bois; e Nossa Senhora de Fátima, de Campo Grande, foram as beneficiadas com o projeto. Elas foram escolhidas pois apresentaram um nível de flúor elevado após análise nos poços artesianos. Além destas, mais duas escolas de Venâncio participaram da análise.

Com o conhecimento geológico da região, a equipe já sabia da incidência elevada de flúor na água de captação subterrânea, então se definiu os locais e foram realizadas as análises de água. As instituições de ensino apresentaram concentrações de flúor superiores a 0,9 miligrama por litro, que corresponde ao limite máximo estabelecido na Portaria nº 10/1999.

Conforme explica um dos membros da equipe e pesquisador do projeto, o professor de Química da Unisc, Adilson Ben da Costa, o projeto permanecerá em caráter experimental pelo período de três meses. “Inicialmente, vamos coletar amostras de 15 em 15 dias, e posteriormente, de 30 em 30 dias, para que possamos fazer todas as análises químicas e microbiológicas”, enfatiza.

O sistema de filtração vai possibilitar a remoção das impurezas e outros compostos na água de abastecimento público, porém, a água filtrada ainda não será disponibilizada para consumo humano. “Ainda serão feitas várias análises e validações. Nosso objetivo neste momento é fornecer um diagnóstico à Prefeitura e testar os filtros para verificar sua eficácia nas escolas, garantindo que as decisões futuras sejam baseadas em evidências científicas sólidas”, esclarece o professor.

*Com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Venâncio Aires

Unisc e Instituto Senai realizam as análises

O sistema de filtração foi dimensionado para instalação em ponto de uso, com o objetivo de remover o excesso de flúor apenas da água de consumo direto (bebedouros) ou utilizada para o preparo de alimentos.

O projeto está no 14º mês de andamento de um total de 15 meses. Ele segue até novembro, no entanto, as equipes trabalham com a possibilidade de prorrogação até fevereiro de 2024, proporcionando maior coleta de dados do sistema proposto.

Para o monitoramento do processo de remoção de fluoretos serão realizadas coletas para avaliação do sistema de filtração, contemplando análises de condutividade elétrica, pH, turbidez e fluoretos.

Esse monitoramento avaliará a eficiência do sistema e o tempo de saturação do meio filtrante. As análises serão realizadas na Unisc em Santa Cruz do Sul e no Instituto Senai de Tecnologia em Couro e Meio Ambiente, em Estância Velha.

O desempenho do protótipo está sendo monitorado de forma contínua, com o propósito de simular sua eficiência no enquadramento dos teores de fluoretos de acordo com a legislação vigente e em condições contínuas de uso.

Responsáveis pelo projeto colocaram placa com explicações e alertas de cuidado. (Foto: Roni Müller)

Expectativa pelos resultados do projeto

A diretora da Escola Cristino Goulart da Silva, Samara Ana Vogt de Medeiros, destaca que a água usada no educandário para consumo dos alunos, para cozinhar e no preparo do chimarrão, sempre foi por meio das bombonas cedidas pela Secretaria de Educação. A água de poço que passa pela caixa d’água é usada somente para limpeza da escola, nos banheiros e para lavar a louça.

Samara, que está no segundo ano como diretora da escola de Linha Cerro dos Bois, comenta que já sabia que a água de poço não era própria para consumo, mas não tinha conhecimento exato do porquê isso acontecia. Com o projeto, a comunidade escolar tem a possibilidade de entender melhor a questão do excesso de flúor. “É muito bom saber que depois vamos ter uma água melhor, um produto de qualidade e com aprovação, porque até agora não sabíamos o que nossa água tinha de errado”, afirma.

O projeto ainda é um protótipo, portanto não pode ser manuseado sem autorização e não pode haver consumo da água. Entretanto, a diretora evidencia a qualidade do estudo e acredita que, com base nos resultados, a água se torne potável e possa ser consumida na escola.

Ela explica que a primeira amostra foi feita em maio e que, a cada semana ou 15 dias, a equipe da Unisc retorna para novas coletas. A cada análise, é feita uma foto do hidrômetro e é tarefa da professora acionar um temporizador acoplado ao filtro, todos os dias, para o protótipo ‘trabalhar’ cerca de duas horas.

“É muito bom saber que depois vamos ter uma água melhor, um produto de qualidade e com aprovação, porque até agora não sabíamos o que nossa água tinha de errado.”
SAMARA ANA VOGT DE MEDEIROS
Diretora da Escola Cristino Goulart da Silva

  • 25 – é o número de alunos da escola, além de três professores e uma agente escolar.

Saiba mais

• O flúor é um componente essencial dos dentes e ossos do corpo humano. No entanto, a ingestão excessiva de flúor ao longo do tempo tem efeitos adversos em vários tecidos do corpo, incluindo dentes (fluorose dentária), ossos (fluorose esquelética) e tecidos moles (fluorose não esquelética).
• A fluoretação da água é uma das principais medidas de saúde pública para controlar problemas relacionados à proliferação de bactérias na boca, como a formação de placa, tártaro e cáries na cavidade oral. Portanto, a fluoretação da água é essencial na redução de cáries e problemas bucais.
• O projeto é desenvolvido em uma parceria com a Philip Morris Brasil (PMB) que é uma empresa com compromisso com a gestão responsável da água e que em 2021 atingiu o mais alto nível de certificação com o Water Stewardship (AWS) Platinum. Com esta conquista, a empresa executa constantemente projetos com relação à sociedade e à água. A PBM submeteu o projeto no Edital Gaúcho de Inovação para a Indústria (EGII), sendo aprovado em 2022, e está em andamento desde setembro do ano passado.

Responsáveis e envolvidos no projeto

• Mateus Guterres, engenheiro de sustentabilidade da Philip Morris Brasil
• Luciana Costa Teixeira, analista de serviços técnicos e tecnológicos sênior do Instituto Senai de Tecnologia em Couro e Meio Ambiente
• Vinicius Kasper Schneider, técnico de serviços técnicos e tecnológicos, e técnico em Química
• Adilson Ben da Costa, diretor de extensão, pesquisa e pós-graduação Stricto Sensu – DEPSS, da Unisc
• Luana Bertolo Y Castro Bender, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental da Unisc



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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