O primeiro curso superior do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) campus Venâncio Aires, o tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, iniciou em maio de 2022, e neste ano já apresenta benefícios para a sociedade com os projetos de extensão. Na disciplina de Informática e Sociedade III, com o professor Geovane Griesang, os estudantes desenvolveram projetos de software para quatro diferentes entidades da região.
Esse trabalho foi realizado no terceiro semestre do curso, e agora, no quarto semestre, os estudantes seguem o desenvolvimento desses sistemas na disciplina de Informática e Sociedade IV, sob a orientação do professor Fábio Lorenzi da Silva. De acordo com Griesang, que é também o diretor-geral do campus, a curricularização da extensão no Ensino Superior, incluindo universidades e institutos federais, busca integrar as atividades de extensão ao currículo dos cursos, conectando o conhecimento acadêmico com as necessidades reais da comunidade. “Tornar essa prática obrigatória nas instituições de Ensino Superior do Brasil fortalece o papel social das instituições, criando oportunidades para que os estudantes apliquem o que aprendem em sala de aula em benefício da sociedade, é a forma que temos de chegar ainda mais perto das pessoas”, afirma.
Entre as entidades e causas escolhidas para receberem os softwares estão a Esperança Azul Associação Pró-Autismo de Venâncio Aires, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) de Venâncio Aires, com o trabalho da causa animal; e as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) Dois Irmãos, de Venâncio Aires, e Normélio Egídio Boettcher, de Santa Cruz do Sul. Ambas tinham a necessidade de um sistema para a biblioteca (confira os projetos de cada grupo no box).
A intenção, ao fim da disciplina, é que as equipes registrem os softwares no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), assegurando a propriedade intelectual das soluções desenvolvidas. “Além de aplicar seus conhecimentos técnicos, os alunos também entrarão em um processo de formalização de suas criações, ampliando seu aprendizado e o impacto das iniciativas para a comunidade”, observa Griesang.
Projetos desenvolvidos
• Esperança Azul – AzulConnect
O projeto AzulConnect foi criado pelos alunos João Jorge Stahl Gomes e Patrícia Schonarth para a Esperança Azul – Associação Pró-Autismo de Venâncio Aires, que oferece apoio para pessoas com autismo. A entidade enfrenta o desafio de manter o cadastro de seus associados de forma manual, o que dificulta o gerenciamento de dados. O software visa digitalizar e organizar essas informações, centralizando dados como nome, idade, endereço, responsáveis, documentos e exames. A solução proposta busca facilitar o dia a dia da entidade e garantir que o acompanhamento dos associados seja gerenciado com mais praticidade e segurança.
• Emef Normélio Egídio Boettcher – BiblioEduca
O projeto BiblioEduca, desenvolvido pelos alunos Bruna Kroth, Maria Clara de Macedo, Poliana Sofia Struecker Martin e Sara Bianca Bohnen, surgiu da necessidade de modernizar a biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Normélio Egídio Boettcher, de Santa Cruz do Sul. Atualmente, a escola usa fichas manuais para controlar o empréstimo de livros, um processo demorado e ineficiente. O software BiblioEduca vai permitir o cadastro de livros e alunos, além de gerenciar retiradas e devoluções, com acesso para administradores, professores e alunos.
• Emef Dois Irmãos – IFLib
Os alunos Gustavo Leonardo Simon, Jean Scholz König e Lucas Pietro Roncatto desenvolveram o IFLib para automatizar a biblioteca da Emef Dois Irmãos, de Venâncio Aires. A ideia é substituir o sistema manual de registro de livros e empréstimos por uma solução digital que seja simples e funcional. O software permitirá a gestão de retiradas e devoluções, além do cadastro de alunos e controle de multas.
• Secretaria de Meio Ambiente – Pet Monitor
O Pet Monitor foi desenvolvido pelos alunos Henrique de Liz Souza, João Juliano Pinheiro e Leandro Luís Coutinho da Silva para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Venâncio Aires. O software tem como objetivo facilitar o gerenciamento de dados dos animais atendidos pela secretaria, que atualmente é feito de forma manual, tornando o processo trabalhoso. Com o Pet Monitor, a ideia é centralizar e organizar essas informações, permitindo um controle mais eficiente e melhorando o acompanhamento dos animais.
Controle e acessos de cadastros da Esperança Azul
Os estudantes Patricia Schonarth, 27 anos, e João Jorge Stahl Gomes, 22 anos, são os responsáveis pela criação do AzulConnect. Segundo Patrícia, a participação neste projeto está sendo bem importante, já que através da disciplina foi possível ter conhecimento sobre as necessidades das entidades locais. “Ao realizar a integração do conhecimento adquirido em aula com a prática na entidade, todos são beneficiados. Nós alunos conseguimos realizar a prática e a entidade é beneficiada com um software gratuito”, observa.
A estudante, que é moradora do bairro Cidade Alta, conheceu a Esperança Azul Associação Pró-Autismo de Venâncio Aires por meio de um familiar autista e buscou saber mais da entidade que é beneficente e sem fins lucrativos. Ela enfatiza que o contato direto com um autista a fez ver a importância da entidade e, desta forma, surgiu a vontade de contribuir de alguma forma. Patrícia explica que foi feita uma conversa individual com o presidente da associação, Carlos Treib, e sugerido o desenvolvimento do software para realizar o cadastro dos associados e seus responsáveis.
Entre os percalços durante a execução do projeto, a estudante enfatiza a pausa forçada no período da greve dos servidores federais e a perda de um integrante que acabou desistindo do curso. No entanto, como facilidades, ela elenca a comunicação entre o grupo e a entidade, de forma frequente. Foram utilizados os recursos do Figma, Astah, BrModelo e NetBeans para a elaboração do software e Patrícia afirma que ela e o colega João vão seguir com o AzulConnect. O objetivo é fazer a entrega do software com todas as funcionalidades no fim do semestre.
O presidente da entidade, Carlos Treib, reforça que o sistema vai ajudar os voluntários a terem um maior controle e acesso aos cadastros, já que a pesquisa no sistema será mais rápida e prática, quando comparada à busca manual em pastas. Além disso, a digitalização das informações é mais segura, com o backup dos dados. Treib explica que para o desenvolvimento do software foram realizados encontros com os alunos. “Na última reunião, já fizeram uma apresentação de como seriam as telas e as funcionalidades. Está muito bonito e bem intuitivo. Acho que vai nos ajudar bastante”, comemora.