Depois de três anos, Venâncio Aires volta a realizar a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim). O evento, que chega à 16ª edição, ocorre entre os dias 5 e 8 e de 11 a 15 de maio e tem como palco o Parque Municipal do Chimarrão, localizado na entrada da cidade. Atrações culturais, esportivas e exposição comercial integram a programação da festa, que evidencia a bebida símbolo do Rio Grande do Sul: o chimarrão.
Como ocorre em todas as edições da festa, o público é convidado a prestigiar o evento na companhia de um bom mate. Para isso, ervateiras disponibilizam água quente e erva-mate gratuitamente. A presença da Escola do Chimarrão também garante que os visitantes conheçam diferentes tipos de chimarrão e aprendam a prepará-lo.
O principal personagem da festa tem forte ligação histórica, cultural e econômica com Venâncio Aires. Desde 2009, o município ostenta o título de Capital Nacional do Chimarrão, por meio da lei estadual 13.281. O projeto teve autoria do deputado estadual Giovani Cherini.
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Herança indígena
A relação de Venâncio Aires com o chimarrão e a forte ligação cultural com a bebida símbolo do Rio Grande do Sul se construíram ao longo dos séculos. Entre os fatos que ajudam a entender essa identidade, a historiadora Angelita da Rosa destaca que o município teve uma grande população indígena. “O chimarrão é um hábito indígena e que se perpetuou pois foi assimilado pelos imigrantes povoadores luso-portugueses, que receberam terras e se instalaram no território, e pelos colonizadores, principalmente alemães que chegaram depois”, comenta.
A historiadora observa que o hábito do chimarrão poderia ter desaparecido, assim como tantos outros hábitos indígenas, mas foi preservado por diferentes povos. Presume-se que como a alimentação da nova terra era muito diferente da qual os imigrantes estavam acostumados, os benefícios do chimarrão como um chá digestivo fizeram com que ele fosse incluído na rotina.
Além disso, nas últimas décadas, outros fatores contribuíram para consolidar Venâncio como referência em chimarrão. O município chegou a ser o maior do estado em área plantada de erva-mate, com 4.700 hectares (hoje são 1.300 hectares), e as ervateiras locais são reconhecidas no Rio Grande do Sul, comercializam para outros estados e inclusive para fora do país.
Paralelamente, a partir da realização da Festa Municipal do Chimarrão (Femuchim), que teve edições em 1971 e 1976, e com a Fenachim, que teve a primeira edição em 1986, o aspecto cultural do chimarrão passou a se consolidar ainda mais no município.
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Lenda da erva-mate
Outra curiosidade sobre a relação de Venâncio Aires com o chimarrão é que o município tem como mito fundador a lenda de Caá Yari. Conforme o livro Abrindo o baú de memórias (2004), Caá Yari era filha de um cacique e amada por um jovem a cujo amor não correspondia.
Assediada, fugiu e atravessou glebas ao Norte do município, semeando erva-mate no caminho, pois era de bom coração e queria fazer o bem a todas as tribos indígenas. Prestes a ser capturada, pediu proteção a Tupã, que abriu o poço no qual a índia desapareceu. Esta fonte de água era conhecida como o ‘Poço sem fundo’, localizado onde hoje está a Praça Coronel Thomaz Pereira, que abastecia os antigos moradores do município e, segundo relatos, nunca secava.
“Conta a lenda que Caá Yari seguiu produzindo água para a população neste poço. Como não pôde continuar semeando erva, isso explicaria, segundo a lenda, a existência de ervais nativos em apenas algumas regiões de Venâncio Aires”, comenta a historiadora Angelita da Rosa.
*Texto publicado originalmente na revista ‘Descubra Venâncio – Especial Fenachim’.
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