Quando um bebê frequenta a escola, família e instituição de ensino precisam estar alinhadas para garantir o desenvolvimento da melhor forma possível. Na questão nutricional, não é diferente. Ao encontro disso, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Venâncio Aires tem reforçado o trabalho junto à comunidade escolar para incentivar a amamentação prolongada e a alimentação saudável nos pequenos ‘estudantes’. Entre as ações estão a possibilidade de as mães enviarem leite materno para a escola e também irem até o local, uma vez ao dia, para amamentar os filhos.
No ano passado, a secretaria convocou pais de bebês que iriam ingressar na escola, no nível IA (berçário), neste ano, para uma reunião com as nutricionistas Josiane Pereira Pacheco e Luana Ferreira Gomes, em dezembro. Ao todo, foram nove encontros, nos quais as profissionais explicaram sobre a importância da amamentação exclusiva até os seis meses e repassaram aos pais orientações para armazenagem correta do leite materno, além de abordar a introdução alimentar dos bebês.

“Sempre conversávamos com os agentes escolares que atuam nos lactários, sobre a questão do leite materno, mas percebemos que as informações precisavam chegar nas famílias antes que as crianças começassem a frequentar a escola, pois muitas chegavam já sem estarem sendo mais amamentadas. O principal é as mães saberem que é muito importante elas continuarem amamentando, pelo menos, até os seis meses e que podem levar o leite para a escola”, explica Josiane, ao observar que grande parte das crianças ingressa nas Emeis com apenas quatro meses, com o fim da licença-maternidade.
Além das orientações aos mais 200 pais que participaram dos encontros, 38 diretores e vices; 76 professores, monitores e estagiários; e 74 agentes escolares participaram de capacitações com as nutricionistas da SME. “Todos os envolvidos, pais e educadores, ouviram a mesma fala, tiveram acesso à informação de qualidade que vai fazer a diferença no desenvolvimento das crianças, no futuro delas”, comenta a coordenadora pedagógica da Educação Infantil, Flávia Kieling.
“OS PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA SÃO UMA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA PREVENIR DOENÇAS CRÔNICAS, COMO HIPERTENSÃO ARTERIAL, DIABETES E OBESIDADE, QUE, INCLUSIVE, JÁ ESTÃO AFETANDO CRIANÇAS. A AMAMENTAÇÃO E A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SÃO MUITO IMPORTANTES PARA O DESENVOLVIMENTO E PARA PREVENIR ESSAS DOENÇAS.”
JOSIANE PEREIRA PACHECO – NUTRICIONISTA
Na prática
O trabalho de divulgação da SME junto às famílias já tem tido resultados. Segundo Flávia, é possível perceber um aumento de mães que vão até as escolas amamentar ou que enviam o leite para os bebês. Na Emei Infância Feliz, do bairro Santa Tecla, sete mulheres vão diariamente amamentar os filhos. Entre elas, estão Josiele Trindade, 30 anos; Andréia Aparecida Ehlert, 42 anos; e Maguediele Scheibe, 35 anos.
“Sabemos que o leite materno é uma dose a mais de imunidade, de saúde para nossos filhos. Quero manter o máximo possível”, afirma Andréia, que é mãe de Ricardo, de 9 meses, e professora da rede municipal. Ela destaca que, como servidora pública, tem direito à redução de meia hora na carga horária diária, como incentivo à amamentação, o que também contribui com a rotina.
Josiele, que é costureira, tem apenas uma hora de intervalo, ao meio-dia, mas faz questão de ir até a escola amamentar a filha Elisa, de 11 meses, diariamente, após o almoço. “Descanso enquanto amamento ela. É um esforço que vale a pena, pois sei que é o alimento mais importante para a Elisa. Até poucos dias ela não pegava a mamadeira, então era mais necessário ainda”, relata.
Para as mamães, que dividem o espaço na sala de amamentação da Emei, com poltronas e cadeiras disponíveis, o momento também é de troca de experiências e de ‘curtir’ os filhos. “Passamos o dia longe, então esse é um momento a mais que podemos estar juntas. O leite materno é para o bem dela e esse um momento maravilhoso”, considera a mãe de Laura, de 11 meses, Maguediele. Ela amamentou a filha mais velha, Júlia, até os 3 anos, e espera seguir com o aleitamento da caçula até quando for possível.
Leite materno enviado à Emei
Ana Paula Almeida da Rosa, 22 anos, é mãe de Heloá Valentina da Rosa Rodrigues, de 5 meses e 22 dias, e sempre teve o desejo de amamentar a filha. Desde que a menina começou a frequentar a Emei Vó Helma, no bairro Brands, há pouco mais de um mês, passou a ordenhar o leite e levar congelado para a escola, onde é ofertado na mamadeira para a menina.
Funcionária de uma indústria calçadista, ela aproveita o intervalo do meio-dia para extrair o leite, além de tirar de manhã e à noite. Dessa forma tem conseguido manter a amamentação exclusivamente, o que deve ser mantido até que a filha complete os seis meses.

“Desde que ela nasceu, sempre quis amamentar e não queria parar, quando ela fosse pra creche. Na reunião com a nutricionista, ela explicou como fazer tudo e também a importância de seguir amamentando, pois tudo o que o bebê precisa está no leite materno”, diz Ana Paula.
Apesar do desafio para conciliar o trabalho, o cuidado da filha e seguir amamentando, a moradora do bairro Tabalar considera que todo esforço vale a pena – especialmente, quando vê o sorriso de Heloá. “Sei que o que faço é muito importante para a saúde dela. Fico feliz de ver o quanto ela cresce e que não regrediu nada”, comemora.
Leite materno nas Emeis
- Mães podem enviar leite materno para as escolas, como forma de seguir com a amamentação, pelo menos, até os seis meses.
- O leite pode ser armazenado em vidros esterilizados ou saquinhos plásticos específicos, e deve ser identificado com o nome e a data da ordenha. O leite pode ser armazenado durante 12 horas na geladeira ou até 15 dias no freezer.
- As Emeis dispõem de sala de amamentação. Mães podem ir até o local, uma vez por dia, em horário a ser combinado com a escola.
- Até o bebê completar seis meses, a mãe tem garantido, por lei, dois descansos de meia hora, durante a jornada de trabalho, para amamentação, além dos intervalos normais para repouso e alimentação. Em acordo com a empresa, é possível juntar os dois intervalos de meia hora e sair uma hora mais cedo do trabalho, por exemplo.