Filha de agricultora, agricultora é. Com uma pequena alteração, o famoso ditado popular se adapta bem à história de Janice Kist Eichelberger, 51 anos, e da filha Letícia Eichelberger 28. Em Linha Tangerinas, localidade do interior de Venâncio Aires onde mora desde que nasceu, Janice construiu a vida ao lado do marido Sebaldo.
A produção de tabaco é a principal fonte de renda na propriedade da família, onde também se cultiva milho, feijão, diversas hortaliças…e morangos. Esses últimos, uma iniciativa de Letícia. Formada em Desing Gráfico, ela residiu por um período no Centro da cidade, mas decidiu que era na agricultura, ao lado dos pais, que queria trabalhar.
Janice reconhece que, quando a filha decidiu voltar para o interior, em 2020, foi difícil aceitar. “A nossa ideia era que ela não precisasse passar pelo que a gente sempre passou, trabalhando de sol a sol na lavoura e sempre correndo o risco de perder, dependendo do clima”, comenta. Agora, no entanto, não esconde a satisfação pela escolha da filha. “Ficamos muito felizes de ver que deu certo, que ‘engrenou’ e ter ela por perto. É uma ótima filha. Só tenho a agradecer a Deus por ela ser assim.”
Janice acompanha de perto e auxilia Letícia no trabalho quando necessário, especialmente na época da colheita dos moranguinhos. “Como mãe, a gente sempre sonha junto. Sonho do filho é o sonho dos pais, por isso quando ela pediu ajuda para que encontrasse uma atividade em casa, apoiamos e fomos atrás para conseguir montar as estufas”, relata.
Além do protagonismo como mulher rural, Janice e Letícia têm muito em comum. “Somos parecidas no jeito de se expressar, com bom humor. Gostamos de conversar, de passear, conhecer outros lugares. Temos uma relação muito boa”, conta a mãe.
Dessa história de amor e parceria, ela relembra momentos inesquecíveis. Alguns bastante difíceis, como a época em que o marido enfrentou um câncer no estômago, e Letícia tinha apenas 9 anos. “O tratamento era em Porto Alegre e em um período precisei ficar 19 dias direto acompanhando ele, longe dela, enquanto ficava com os tios. Foi muito difícil, mas tudo passou”, recorda.
Outras tantas lembranças são de alegria, como a de um Natal no qual a família escondeu o presente – uma bicicleta – dentro da casinha de brinquedo de Letícia, que tinha 5 anos. “Quando voltamos da lavoura dissemos para ela ver se o Papai Noel tinha deixado alguma coisa lá. Não esqueço a carinha de felicidade dela quando abriu a porta e viu a bicicleta”, relembra Janice.
Inspiração
Janice é uma mulher ativa na propriedade rural e também na comunidade. É tesoureira do Clube de Mães Margaridas, de Linha Tangerinas, grupo que representou, no ano passado, no concurso municipal Agricultora Destaque. Além disso, é secretária da comissão do posto de saúde.
Em meio a isso, não abre mão dos momentos de lazer ao lado da mãe Maria Kist, 87 anos, que também reside na localidade. “Gosto de jogar cartas e aproveitar com ela. É muito bom ter ela com a gente”, afirma a produtora rural, que tem na mãe uma inspiração. “Ela foi uma guerreira. Teve seis filhos, ia para a roça, viveu numa época bem mais difícil, quando a mulher não tinha tanta liberdade. Me espelho muito nela, por ter criado tão bem os filhos.”
Série especial
A Folha do Mate iniciou nesta semana a série especial de matérias, dentro da campanha Minha Mãe é Uma Princesa. Nas próximas edições, até o fim de semana do Dia das Mães, diversas mulheres vão compartilhar suas experiências de maternidade nas páginas do jornal.