Considerando que a pavimentação também interessa à comunidade de Passo do Sobrado, que o antigo trecho denominado Várzea dos Camargo tem uma base mais consolidada para receber asfalto, reduzindo o projeto em um quilômetro, algumas lideranças continuam defendendo o trajeto alternativo, ao invés do projetado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Nesta sexta-feira, 6, o produtor Talis Mariante Celeste, visitou a redação da Folha do Mate para explicar os motivos que o levaram a não aceitar o acordo proposto pela autarquia. “Não é a minha posição. É a posição do Município de Passo do Sobrado”, disse.
Aos 80 anos, o produtor responde a ação de desapropriação movida pelo Daer. A autarquia recentemente teve ganho de causa. Mas Talis recorreu novamente. Ele explica que não é objetivo evitar a obra, mas sim respeitar um traçado ainda mais antigo, denominado Várzea dos Camargo. Além da base consolidada, observa que beneficiaria mais de 44 propriedades rurais. Em determinado momento, complementou, o assunto foi levado ao governador Eduardo Leite e consta em um dossiê, cuidadosamente elaborado para justificar posição.
Para entender a questão, na metade dos 16 quilômetros da estrada, a partir do trevo de acesso a Venâncio Aires, na RSC-287, há uma bifurcação. À direita, é o traçado antigo da Várzea dos Camargo. A via segue em direção à RS-405 em Passo do Sobrado, numa distância de 7,5 quilômetros. O outro trecho, projetado pelo Daer para receber o pavimento, é sequência da própria ERS-244. Tem 8,5 quilômetros e leva em direção a Vale Verde, de onde a rodovia segue pavimentada até General Câmara. Foi projetada por encurtar o caminho até o porto de Rio Grande.
(Foto: Caco Villanova)
Para reforçar que o interesse pelo traçado alternativo é comunitário, Talis apresentou ofício enviado à 3º Superintendência do Daer pelo prefeito Edgar Thiesen (em seu primeiro mandato), em 2023. Ele cita que a ligação asfáltica a Venâncio Aires, a partir do quilômetro 8,8 da 244, em direção à sede de Passo do Sobrado (Várzea dos Camargo), é “uma antiga aspiração da região”. Segundo ele, “a escolha desta alternativa baseia-se na economia de recursos e no aproveitamento da infraestrutura já instalada”. Cita, ainda, os benefícios que traria às famílias agrícolas, melhorando o escoamento da produção, especialmente tabaco, soja e arroz. Por fim, solicita avaliação da proposta.
O ofício teve anexado abaixo-assinado com mais de 1,6 mil assinaturas, segundo Talis.
Possibilidade
O prefeito Edgar Thiesen, explica que na retomada das tratativas de pavimentar a 244, Vale Verde manteve posição de executá-la pelo trajeto original, enquanto que lideranças de Passo do Sobrado defendiam o traçado pela Várzea dos Camargo. Várias reuniões foram feitas, debates nos âmbitos da Associação dos Município do Vale do Rio Pardo (Amvarp) do Estado, no Daer, e ficou entendido que a ideia da mudar o traçado poderia inviabilizar o projeto todo. Então, se estabeleceu que a obra seria iniciada em Venâncio Aires, com possibilidade do assunto voltar à discussão posteriormente.
Inclusive, comissão foi criada para reivindicar o asfalto pela Várzea dos Camargo. “O município de Passo do Sobrado tem esse entendimento e o prefeito está defendendo a comunidade”, disse Thiesen, confirmando seu apoio ao pleito. E justificou a integração com os distritos industriais de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, atendendo, principalmente, demandas da indústria fumageira e de outros municípios, como Pantano Grande e também Vale Verde.
A reportagem também tentou contatar o presidente da comissão, Vilmar Schimuneck, que não atendeu às chamadas telefônicas. Thiesen complementou: “o posicionamento sempre foi por um estudo que viesse por dentro de Passo do Sobrado”.