Depois do Outubro Rosa e do Novembro Azul, outros meses do ano receberam iniciativas de conscientização e prevenção de doenças e cânceres. O Maio Vermelho é um deles, mês para prevenção ao câncer bucal, já que no dia 31 de maio são celebrados o Dia de Combate ao Câncer de Boca e o Dia Mundial de Combate ao Fumo.
O cirurgião-dentista Jamil Saleh explica que o câncer é um crescimento desordenado das células de um tecido do corpo e os mecanismos de defesa do indivíduo já não são mais efetivos no controle da doença, podendo, inclusive, evoluir para outras partes do corpo, as metástases. No caso do câncer de boca, os tumores podem surgir em estruturas como lábios, mucosa, gengiva, língua e glândulas salivares.
Saleh afirma que os portadores deste tipo de câncer geralmente são homens que tenham mais de 50 anos, uma média de 63 anos, e são consumidores de bebidas alcoólicas e tabagismo. “A proporção de homens e mulheres atingidos é estatisticamente de dois homens para uma mulher. No entanto, dados obtidos em estatísticas mais recentes têm demonstrado uma mudança nestes números, principalmente em relação à idade, já que um público mais jovem tem se percebido maior”, afirma o especialista em cirurgia bucomaxilofacial e mestre em estomatologia clínica.
A suspeita inicial é que os jovens tivessem a causa da doença relacionada ao vírus do HPV, mas a questão não foi confirmada em estudos. No entanto, o profissional aponta um consumo gradual de cigarros eletrônicos pelos jovens e a implicação disso, segundo ele, não pode ser descartada. Fatores genéticos e nutricionais também podem explicar o surgimento da doença.
Prevenção e tratamento
O cirurgião-dentista enfatiza que para que se evite o câncer de boca, é fundamental a adesão de hábitos de vida saudáveis, principalmente a alimentação. O que se espera, também, é que as pessoas possam frequentar profissionais das áreas médica e odontológica para um acompanhamento. Ele destaca que é preciso ficar atento a qualquer alteração na cor da gengiva, como manchas brancas ou avermelhadas ou a identificação de nódulos ou ‘bolinhas’ em qualquer lugar da boca. Nestes casos, é indispensável a avaliação profissional. O mesmo vale para feridas que não cicatrizam depois de dias e aparecem sem uma causa aparente.
Em caso de suspeita, o profissional pode solicitar exames complementares para o diagnóstico. Um deles é a remoção de parte do ferimento para análise em laboratório especializado, conhecido como biópsia. “Quando constatado o tumor maligno, o paciente recebe os cuidados do cirurgião de cabeça e pescoço, que indica o tratamento mais adequado, podendo ser através de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia”, explica.
Saleh reforça que o diagnóstico precoce é um fator importante, por isso, orienta que ao ser percebido algo anormal na boca, é preciso recorrer a um profissional que possa avaliar e aplicar o diagnóstico correto. “Importante é não negligenciar o tratamento. Se já recebeu o diagnóstico, busque o tratamento o mais breve possível.”
- 15 mil – É o número, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), de novos casos de câncer de boca que surgem anualmente no Brasil.
“O diagnóstico de câncer de boca não é uma ‘sentença de morte’, e os índices de sobrevida têm demonstrado que o sucesso no tratamento vem aumentando historicamente.”
JAMIL SALEH
Cirurgião-dentista